Brasil defende diálogo sobre armas químicas na Síria
30 mai2012 - 11h54
(atualizado às 12h22)
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O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, justificou a pertinência de dialogar com as autoridades sírias pelo risco de que o país possua armas químicas e também para ajustar-se ao mandato da ONU.
"A imprensa e inclusive o diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas declararam que há elevadas suspeitas da presença de armas químicas (na Síria). É preciso levar isso em conta", assinalou Patriota em entrevista ao jornal francês "Le Monde" publicada nesta quarta-feira.
O ministro insistiu que "serão necessários contatos com as autoridades" e como argumento pediu que se imagine "o cenário que poderia produzir-se na região se essas armas existem de verdade".
"Se há um risco de desestabilização ou se a situação puder ser ainda mais perigosa para a população, é preciso buscar outras soluções. E as saídas possíveis na Síria não são simples", acrescentou. "A melhor aposta se sustenta, por enquanto, no processo em andamento que recebeu o apoio de todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas", explicou.
Patriota especificou que mesmo que esse organismo autorizasse uma intervenção para proteger os civis "a história não acabaria. A ação tem que ser responsável e ajustar-se à resolução do Conselho", porque caso contrário poderia ocorrer "uma situação na qual cada um faz o que quer. A ONU não foi criada para isso".
O ministro ressaltou que o Brasil apoia "integralmente" a declaração da presidência do Conselho de Segurança do dia 27 após o massacre de sexta-feira na cidade de Houla e também a proposta de seis pontos do enviado especial, Kofi Annan.
Essa proposta, lembrou, exige que o governo sírio detenha os movimentos de tropas nas cidades e que "isso permitirá o início de um processo político aberto, dirigido pelos sírios, capaz de estabilizar o país e de responder às aspirações e preocupações legítimas da população".
Com um minuto de diferença, duas fortes explosões sacudiram às 8h locais (2h de Brasília) o sul da capital síria, Damasco, em horário de grande movimento, e deixaram mais de 50 mortos
Foto: AP
Em meio à destruição, Sírios tentam remover carro após o duplo atentado suicida atingir a zona de Qazzas, no sul de Damasco
Foto: AFP
No local dos atentados, os corpos destroçados se misturavam aos automóveis destruídos e aos escombros provocados pela forte explosão
Foto: AP
Forte explosão criou uma cratera de três metros de profundidade no solo e deixou vários edifícios praticamente destruídos
Foto: Reuters
Corpos abandonados no chão e pessoas atônitas se misturavam no cenário da tragédia
Foto: AFP
Em meio a estas cenas de desolação, um homem grita: "É essa a liberdade que vocês querem? Morreram alunos a caminho da escola e funcionários que iam ao trabalho", referindo-se ao protesto popular
Foto: AP
"Em nossa vida, nunca vimos isso!", exclama um sírio, que sobreviveu ao atentado mais devastador desde o início da revolta popular em seu país, há 14 meses
Foto: Reuters
Sem esperar as autoridades, civis carregam corpo carbonizado. Entre os carros ainda fumegantes, alguns buscavam seus familiares
Foto: AFP
A destruição levou os civis a acusarem rebeldes da oposição. "São os presentes de (Recep Tayip) Erdogan e de Hamad (Ben Khalifa al-Thani)", o primeiro-ministro turco e o emir do Qatar. "Assassinam as crianças, os idosos e os religiosos", disse um homem fotografado pela AFP
Foto: AFP
As explosões abriram uma cratera na rua
Foto: AFP
Algumas pessoas conseguiram encontrar pertences de vítimas em meio aos carros carbonizados
Foto: AFP
Em mais de 50 metros ao redor, as fachadas dos edifícios estão destruídas e as ruas destroçadas. Por todo lado, são vistos carros cuja carroceria derreteu, ônibus destruídos, árvores caídas à beira de uma estrada com crateras profundas provocadas pelas explosões
Foto: AFP
Corpos despedaçados em meio ao metal carbonizado e retorcido dos carros atingidos pela explosão, Damasco foi atingida pelo pior atentado desde o início da revolta popular do país
Foto: AFP
Imagem aberta mostra o cenário apocalíptico da área atingida pela explosão na zona de Qazzaz, no sul da capital