China reafirma oposição à intervenção militar na Síria
Sui-Lee Wee e Sabrina Mao
30 mai2012 - 08h56
(atualizado às 09h21)
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A China reiterou nesta quarta-feira sua oposição a uma intervenção militar na Síria e deu novamente apoio à mediação do enviado internacional Kofi Annan, em meio à indignação global pelo massacre de 108 pessoas, incluindo dezenas de crianças, numa cidade síria.
"A China se opõe à intervenção militar e não apoia uma mudança forçada de regime", disse Liu Weimin, porta-voz da chancelaria chinesa. "A rota fundamental para resolver (a crise) ainda é que todos os lados apoiam totalmente os esforços de mediação feitos por Annan." Sobre o massacre, Liu disse que "a China acredita que deveria haver um minucioso inquérito, e que os assassinos sejam levados à Justiça".
O chefe dos observadores da ONU na Síria disse que o massacre na localidade de Hula parece ter sido cometido por milícias pró-governo, o que aumentou a pressão sobre os governos ocidentais por uma intervenção. Governos árabes e ocidentais contrários ao regime de Bashar al-Assad atribuíram as mortes integralmente ao governo, que rejeitou a acusação e apontou militantes islâmicos como responsáveis pelo massacre, um dos piores incidentes em 14 meses de rebelião contra Assad.
Na terça-feira, o presidente da França, François Hollande, disse que uma intervenção militar não poderia ser descartada se tiver o apoio do Conselho de Segurança da ONU. A China e a Rússia, porém, já vetaram duas resoluções do Conselho que imporiam medidas duras contra Assad.
O vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, disse na quarta-feira à agência de notícias Interfax que seria prematuro considerar novas medidas no âmbito do Conselho.
A China tem repetidamente expressado a tese de que uma intervenção internacional agravaria a situação síria. O popular tabloide Global Times, publicado pelo Partido Comunista, disse em editorial que "metade da população síria permanece leal a Assad, e erradicar esse apoio será causar uma dor inenarrável ao povo sírio".
"O Ocidente não deve esperar a cooperação da China e da Rússia se insistir em ditar seus próprios valores e padrões ao mundo de qualquer maneira. Ao invés disso, irá encontrar a China e a Rússia no seu caminho", disse o editorial.
Com um minuto de diferença, duas fortes explosões sacudiram às 8h locais (2h de Brasília) o sul da capital síria, Damasco, em horário de grande movimento, e deixaram mais de 50 mortos
Foto: AP
Em meio à destruição, Sírios tentam remover carro após o duplo atentado suicida atingir a zona de Qazzas, no sul de Damasco
Foto: AFP
No local dos atentados, os corpos destroçados se misturavam aos automóveis destruídos e aos escombros provocados pela forte explosão
Foto: AP
Forte explosão criou uma cratera de três metros de profundidade no solo e deixou vários edifícios praticamente destruídos
Foto: Reuters
Corpos abandonados no chão e pessoas atônitas se misturavam no cenário da tragédia
Foto: AFP
Em meio a estas cenas de desolação, um homem grita: "É essa a liberdade que vocês querem? Morreram alunos a caminho da escola e funcionários que iam ao trabalho", referindo-se ao protesto popular
Foto: AP
"Em nossa vida, nunca vimos isso!", exclama um sírio, que sobreviveu ao atentado mais devastador desde o início da revolta popular em seu país, há 14 meses
Foto: Reuters
Sem esperar as autoridades, civis carregam corpo carbonizado. Entre os carros ainda fumegantes, alguns buscavam seus familiares
Foto: AFP
A destruição levou os civis a acusarem rebeldes da oposição. "São os presentes de (Recep Tayip) Erdogan e de Hamad (Ben Khalifa al-Thani)", o primeiro-ministro turco e o emir do Qatar. "Assassinam as crianças, os idosos e os religiosos", disse um homem fotografado pela AFP
Foto: AFP
As explosões abriram uma cratera na rua
Foto: AFP
Algumas pessoas conseguiram encontrar pertences de vítimas em meio aos carros carbonizados
Foto: AFP
Em mais de 50 metros ao redor, as fachadas dos edifícios estão destruídas e as ruas destroçadas. Por todo lado, são vistos carros cuja carroceria derreteu, ônibus destruídos, árvores caídas à beira de uma estrada com crateras profundas provocadas pelas explosões
Foto: AFP
Corpos despedaçados em meio ao metal carbonizado e retorcido dos carros atingidos pela explosão, Damasco foi atingida pelo pior atentado desde o início da revolta popular do país
Foto: AFP
Imagem aberta mostra o cenário apocalíptico da área atingida pela explosão na zona de Qazzaz, no sul da capital
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