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Distúrbios no Mundo Árabe

Annan pede a Assad medidas 'enérgicas' contra violência na Síria

29 mai 2012 - 21h30
(atualizado às 22h19)
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O emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, pediu nesta terça-feira em Damasco que o presidente sírio, Bashar al-Assad, tome medidas enérgicas para por fim aos atos de violência, após o massacre de 108 pessoas na sexta-feira e no sábado em Houla (centro da Síria).

"Preciso que o presidente (Assad) aja agora e que as outras partes façam a parte do trabalho que lhes corresponde", acrescentou Annan.

"Pedi que tomasse medidas audazes agora --não amanhã, agora-- para criar as condições necessárias para por em andamento o plano" de paz, disse Annan à imprensa.

"Isso significa que o governo e todas as milícias que o apoiam devem cessar todas as operações militares", acrescentou o mediador da ONU e da Liga Árabe.

Um alto funcionário da ONU afirmou que existem "fortes suspeitas" sobre a participação das "shabiha", milícias favoráveis ao governo, no massacre de Houla.

Parte dos mortos de Houla foi vítima de estilhaços de obuses, o que implica a responsabilidade do governo sírio, o único que recorre a armas pesadas, disse Hervé Ladsous, secretário-geral adjunto da ONU encarregado das operações de paz.

As outras vítimas morreram esfaqueadas, o que "incrimina provavelmente as ''shabiha''. Não vejo motivos para acreditar que um terceiro elemento esteja envolvido na matança", acrescentou Ladsous.

O governo sírio, que nega qualquer responsabilidade no ocorrido, formou uma comissão investigadora com juízes e militares que deve apresentar um relatório na quarta-feira.

Em Genebra, Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, disse que a maioria das vítimas da matança foi executada.

"Acreditamos que menos de 20 dos 108 assassinatos podem ter ocorrido devido a disparos de artilharia e tanques", declarou Colville em uma entrevista coletiva à imprensa. "A maior parte das vítimas foi executada de forma sumária em dois incidentes diferentes", acrescentou.

"Parece que famílias inteiras foram assassinadas em suas casas", disse Colville.

A violência na Síria deixou 98 mortos nesta terça-feira, sendo 61 civis, 9 rebeldes e 28 soldados do regime, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), acrescentando que as mortes ocorreram em bombardeios e confrontos diretos.

Em 14 meses, a violência deixou cerca de 13.000 mortos, dos quais mais de 1.800 foram registrados desde o início da trégua, segundo o OSDH.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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