Colégios abrem para 2º dia de votação das presidenciais egípcias
24 mai2012 - 03h35
(atualizado às 04h52)
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Os colégios eleitorais abriram nesta quinta-feira para o segundo dia de votação das eleições presidenciais no Egito, as primeiras deste tipo após o fim do regime de Hosni Mubarak, depois de um primeiro dia que transcorreu em um ambiente de normalidade.
A votação no segundo dia do primeiro turno das eleições começou às 8h (horário local, 3h de Brasília), vigiada pelo Exército e pela polícia, informou a televisão egípcia.
A televisão mostrou imagens da parte externa de uma escola na cidade de Suez (leste), onde havia filas de eleitores, e de seu interior, com alguns eleitores exercendo seu direito a voto sob o olhar de um juiz.
Nessa quarta-feira, os egípcios foram em massa aos centros eleitorais, que estenderam seu horário de abertura uma hora mais, até as 21h (16h de Brasília) para dar a oportunidade de votar a um maior número de pessoas.
Segundo as autoridades, quase não foram registrados incidentes durante o primeiro dia de votações, só poucas irregularidades, ao contrário das eleições anteriores, as legislativas realizadas entre o final de 2011 e começo de 2012, onde houve várias anomalias.
Mais de 50 milhões de egípcios foram convocados às urnas para escolher o primeiro presidente da era democrática no Egito, em uma eleição na qual dois islamitas e dois ex-altos cargos do antigo regime de Mubarak são os favoritos. No caso de ser necessário, o segundo turno será realizado nos dias 16 e 17 de junho.
Cerca de 14.500 juízes estão encarregados de supervisionar a votação em 13.099 mesas eleitorais, assistidos por mais de 65 mil funcionários, enquanto centenas de ONGs egípcias e estrangeiras realizam o acompanhamento das eleições.
Amr Moussa, apontado por pesquisas como favorito, foi secretário-geral da Liga Árabe e, antes disso, ministro das Relações Exteriores do Egito por 10 anos. Porém, pouco mais de um ano após a queda de Hosni Mubarak, Moussa tenta se distanciar da imagem do ex-presidente e se mostrar como um liberal que acredita na justiça social. Ele diz que tem como prioridade "pôr o Egito no caminho certo" e quer "reformar os três poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário"
Foto: AFP
Abdul Moneim Aboul Fotouh, que está em segundo lugar nas pesquisas, foi suspenso da Irmandade Muçulmana após anunciar que concorreria à presidência do Egito. Conhecido por ter ideias liberais, Fotouh apoiou a revolta de janeiro de 2011, incentivou o Ocidente a não temer que os muçulmanos chegassem ao poder e pediu que os países apoiassem a busca por democracia. Ele tem quatro objetivos: promover a liberdade, o valor de Justiça, fortalecer a educação e abrir portas para investimntos
Foto: AFP
Ahmed Shafiq foi o último primeiro-ministro do Egito no regime de Hosni Mubarak. Ele ficou no cargo por pouco mais de um mês, até 3 de março de 2011. A candidatura provocou reações agressivas dos que o viam como aliado de Mubarak. Shafiq insiste que sempre foi uma voz de oposição ao ditador, e a campanha diz que ele é "o único candidato presidencial que possui uma real e bem-sucedida experiência administrativa", referindo-se aos nove anos em que atuou como ministro da AviaçãoCivil
Foto: Reuters
Mohammed Mursi, que aparece em quarto lugar, é o líder da Irmandade Muçulmana e do Partido da Justiça. Ele era o candidato reserva do partido até que o candidato principal, Khairat al-Shater, perdeu na Justiça o direito de concorrer à presidência, em abril. Um dos temores da Irmandade Muçulmana é que a Junta Militar usasse o comitê eleitoral para desqualificar islamitas e abrir espaço para que antigos oficiais de Mubarak voltassem ao poder
Foto: Reuters
Hamdin Sabbahi é cofundador do partido al-Karamah, que apoia a ideologia nacionalista do Nasserismo. Sabbahi é conhecido por se opor de forma ferrenha ao regime de Hosni Mubarak, por criticar Israel e por apoiar a luta palestina. Ele já descreveu Israel como "um Estado hostil, racista e expansionista que não quer nenhuma paz". Sabbahi aparece nas pesquisas em quinto lugar, mas bem próximo de Mohammed Mursi
Foto: AFP
Abdallah al-Ashal é professor de Direito Internacional na Universidade Americana no Cairo e ex-ministro-adjunto das Relações Exteriores do regime de Hosni Mubarak. "Eu vejo onde estão os interesses da nação e os sigo", ele costuma dizer. A prioridade para Ashal é "proteger a revolução daqueles que têm conflitos com a revolução agora". O candidato diz que está "pronto para fazer alianças com outros para defender a revolução"
Foto: Reprodução
Abu-al-Izz al-Hariri é o candidato do partido Aliança Popular Socialista, membro do Parlamento do Egito. Em 1976, ele se tornou o parlamentar mais jovem do país. Hariri foi preso cinco vezes durante o regime de Anwar el-Sadat (de 1970 a 1981) por lutar por direitos trabalhistas e se opor aos Acordos de Camp David, assinados com Israel em 1978. Após a renúncia de Mubarak, Hariri ajudou a fundar seu partido, o primeiro de esquerda a ser reconhecido legalmente após a revolução
Foto: Al Jazeera / Reprodução
O Egito se prepara para as primeiras eleições presidenciais após a revolução que pôs fim a uma ditadura de quase 30 anos. O que parece ser um processo voltado à reorganização do país vem se desenvolvendo de forma confusa, já que o Egito ainda não promulgou uma nova Constituição. Em meio à violência que não cessou após a renúncia de Hosni Mubarak, a disputa pelo poder tem resultado quase imprevisível. Veja quem são os 13 candidatos à presidência do Egito
Foto: AFP / Reuters
Hisham al-Bastawisi concorre às eleições pelo partido de esquerda Tajammu. Durante o regime de Mubarak, Bastawisi era o chefe-adjunto do Tribunal de Cassação, a mais alta corte de apelações do Egito. Ele é conhecido por se opor ao governo nas eleições parlamentares de 2005, que foram marcadas por violações. Desde então, Bastawisi é retratado como herói nacional e líder do movimento de independência do Judiciário
Foto: Khaled Habib/Egypt Today / Reprodução
O ex-militar Husam Khayrallah é o candidato do Partido da Paz Democrática à presidência do Egito. Ele serviu ao Exército e foi promovido a comandante dos paraquedistas. Em 1976, Khayrallah deixou as Forças Armadas e entrou para a Inteligência Geral, onde trabalhou até 2005
Foto: Akhbar El Youm/Egypt Today / Reprodução
Khalid Ali, advogado trabalhista, é ativista dos direitos humanos e dirige o Centro Egípcio para Economia e Direitos Sociais. O anúncio de que ele concorreria às eleições foi bem-recebido por muitos jovens rebeldes. "Eu sou diferente dos outros em duas coisas. Primeiro, eu pertenço a uma geração diferente. Segundo, eu adoto um discurso diferente que fica do lado do povo. Espero que o regime político que está por vir se preocupe com acabar com a pobreza", disse Khalid Ali
Foto: Mohsen Allam/Egypt Today / Reprodução
Mahmud Hussam é um ex-policial que nasceu em Alexandria e trabalhou para a polícia do Egito desde 1958. Entre 1992 e 1994, Hussam trabalhou para o departamento de direitos humanos da ONU no Oriente Médio. As medidas políticas e posições dele não foram divulgadas
Foto: Reprodução
Muhammad Fawzi nasceu em 1945, formou-se em Direito na Universidade de Ain Shams e na academia de polícia do país. Ele começou a carreira como policial e depois exerceu vários cargos no departamento de investigações do Egito. Fawzi também não declarou suas políticas públicas
Foto: Reprodução
Muhammad Salim al-Awwa é um pensador islâmico, advogado e negociador internacional apoiado pelo partido Al-Wasat, de centro. Ele tem como objetivo "ajudar os pobres a superarem a pobreza". Awwa também apoia a liberdade total para pequenos negócios e a eliminação da burocracia governamental. O candidato apoia relações "balanceadas" com o Ocidente, especialmente os EUA. Sobre Israel, Awwa afirma que o Egito busca laços "normais" com o país que é um "inimigo com quem temos uma tr¿gua"