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Asmussen (BCE) pede que Espanha faça mais para sanear setor bancário

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FRANKFURT, 10 Mai 2012 (AFP) -A Espanha "deve tomar urgentemente medidas adicionais para o setor bancário" em crise, disse o alemão Jorg Asmussen, membro do diretório do Banco Central Europeu (BCE), nesta quinta-feira.

Em primeiro lugar, o governo espanhol deve "restabelecer a confiança" mediante uma análise independente do balanço de seus bancos, antes de realizar uma estrutura de ativos tóxicos (bad bank) para colocar seus créditos duvidosos, disse Asmussen em uma entrevista ao jornal Handelsblatt.

O governo espanhol prevê anunciar na sexta-feira uma reforma do setor bancário para tentar aplacar as tensões que têm ressurgido nos mercados pelo temor com relação à situação dos bancos espanhóis, expostos aos ativos problemáticos após o estouro da bolha imobiliária.

De acordo com os dados do Banco da Espanha, estes ativos problemáticos correspondiam a 184 bilhões de euros (243 bilhões de dólares) ao final de 2011, ou seja, 60% da carteira imobiliária total. A morosidade alcançou em fevereiro sua máxima histórica em 18 anos, com 8,15% dos créditos.

O governo espanhol exigirá aos bancos do país que realizem provisões adicionais para proteger-se da sua forte exposição ao setor imobiliário.

Segundo o jornal econômico espanhol Cinco Días, estas novas provisões alcançarão 35 bilhões de euros (45 bilhões de dólares).

Esta quantidade se somará aos 53,8 bilhões de euros de provisões que o executivo já forneceu ao setor bancário em uma primeira reforma em fevereiro.

Na quarta-feira, o governo do conservador Mariano Rajoy anunciou que o Estado espanhol iria assumir o "controle" do Bankia, instituição financeira muito exposta a ativos imobiliários, através da conversão da ajuda pública recebida do Fundo Reestruturação Bancária (FROB) em 2010.

"Como resultado desta conversão, o FROB será o titular indireto de 45% do capital do Bankia, assumindo seu controle", afirmou o Ministério em comunicado.

O FROB havia concedido em 2010 uma ajuda de 4,465 bilhões de euros por meio de participações na BFA, casa matriz do Bankia, que agora se converterão em ações.

O Ministério da Economia "vai promover os trâmites para a conversão em capital das participações preferenciais que o FROB possui na BFA", o que o tornará o maior acionista tanto da BFA como do Bankia, destaca o comunicado.

"Esta decisão resultará na tomada do controle, mas não é uma intervenção estatal na entidade", salientou o Ministério da Economia.

O Bankia é, entre os grandes bancos espanhóis, o mais exposto ao setor imobiliário: 37,5 bilhões de euros no final de 2011, dos quais 31,8 bilhões são considerados problemáticos, como créditos que poderão não ser honrados ou casas, prédios e terrenos confiscados.

A decisão de pedir a entrada do Estado no capital do Bankia foi a primeira medida do novo presidente da entidade, José Ignacio Goirigolzarri, que na quarta-feira substituiu Rodrigo Rato.

Madri já emprestou ao setor mais de 15 bilhões de euros, o que ampliou o déficit público do país e aumentou o descontentamento da população, submetida a enormes sacrifícios para reduzi-lo.

fbe/aue/bl/arz-af/js/wm

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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