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Pacto fiscal é 'inegociável', diz Berlim aos que pedem menos austeridade

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BRUXELAS, 27 Abr 2012 (AFP) -A Alemanha advertiu que o pacto fiscal acordado para endurecer a disciplina orçamentária na Europa é "inegociável", respondendo assim aos europeus que pedem menos austeridade e mais crescimento, ante os sinais de estagnação em vários países, principalmente na Espanha.

O tratado de disciplina orçamentária firmado por 25 dos 27 países da União Europeia "não pode voltar a ser negociado", disse a chefe do governo alemão, Angela Merkel.

A fala de Merkel foi um recado em particular ao candidato socialista à presidência francesa, François Hollande, que já afirmou que se for eleito presidente no segundo turno, no dia 6 de maio, tentará "renegociar" o pacto fiscal para incluir medidas de estímulo ao crescimento.

Hollande, favorito nas presidenciais francesas, reavivou esta semana o debate sobre as receitas de austeridade, impostas pela Alemanha, maior economia e maior contribuinte europeia, para sair da crise que cai há mais de dois anos sobre as economias da zona do euro.

Cada vez mais vozes se unem a esse coro, pedindo pela redução dos ajustes e pela priorização do crescimento, ante os dados catastróficos de recessão e desemprego que se acumulam nos países da zona do euro, principalmente em sua quarta maior economia: a Espanha.

Em um vendaval de más notícias, os dados sobre a economia espanhola indicam que o país entrou em recessão no primeiro trimestre do ano e que o desemprego já afeta a mais de 5,6 milhões de pessoas (24,4% da população economicamente ativa) nos primeiros três meses do ano.

Com isso, a agência de classificação americana Standard and Poor''s reduziu em dois escalões a nota da dívida soberana espanhola na quinta-feira à noite.

Em um contexto cada vez mais sombrio, até mesmo a Holanda, considerada como um modelo de ortodoxia fiscal, realizou a duras penas um acordo sobre um plano de ajustes para 2013 pedido pela Comissão Europeia.

O próprio presidente do Banco Central Europeu, o italiano Mario Draghi, pediu esta semana "um pacto de crescimento" que complemente ao fiscal.

Hollande, favorito para as eleições francesas, pede pelos bônus europeus, pela imposição de uma taxa sobre operações financeiras que apóie projetos que impulsionem o emprego, por um papel mais significativo do Banco de Investimentos Europeu e pela utilização de fundos estruturais europeus não desembolsados.

Contudo, a Alemanha, devota da austeridade, mantém a firme posição de que a única via para superar a crise que atinge a zona do euro é reduzir o déficit.

"A reativação do crescimento deve vir pela via da melhora da produtividade e não através do incremento dos níveis da dívida", disseram em um comunicado conjunto o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o primeiro-ministro italiano, Mario Monti.

"A austeridade é o pilar sobre o qual devemos desenvolver uma estratégia a favor do crescimento", disse, por sua vez, o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy.

Para resolver este velho dilema, Van Rompuy anunciou que planeja convocar uma reunião de líderes europeus antes do encontro previsto para o final de junho.

bur-ml/af/wm

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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