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Mundo

Polêmicas com Cuba e drogas devem dominar Cúpula das América

12 abr 2012 - 17h22
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Polêmicas antigas sobre Cuba e as Malvinas vão se mesclar a novas abordagens para a guerra contra as drogas e a tensões comerciais na cúpula que vai reunir os líderes das Américas na Colômbia neste fim de semana. É improvável, porém, que os 33 países representados na sexta Cúpula das Américas, da Organização dos Estados Americanos (OEA), na histórica cidade de Cartagena, promovam grandes mudanças em questões importantes do hemisfério.

Embora já não seja mais a atração que era na reunião da OEA em Trinidad e Tobago em 2009, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, permanece no foco de muitos líderes latino-americanos que esperam que ele lhes dê mais atenção caso obtenha um segundo mandato na eleição de novembro. Muitos países latino-americanos gostariam que os EUA amenizassem a sua dura política com relação a Cuba e dessem início a um debate sobre a legalização de algumas drogas. Em meio à disputa apertada para a reeleição, porém, Obama deverá manter a linha-dura dos EUA.

"Essas são questões politicamente explosivas para Obama. Não há como ele atender às expectativas latino-americanas", disse o especialista regional Michael Shifter, baseado nos EUA. Como geralmente acontece nas cúpulas latino-americanas, Cuba será a principal "batata quente" para os participantes reunidos na cidade portuária do Caribe - embora a agenda oficial contemple desde tecnologia a programas para a redução da pobreza.

Cuba foi expulsa da OEA pouco depois da revolução de Fidel Castro, de 1959, e os esforços dos aliados latino-americanos para convidar o país a Cartagena fracassaram. O presidente esquerdista do Equador, Rafael Correa, boicotará a cúpula por causa da ausência de Cuba. Outros vários líderes pretendem pressionar Obama para que os EUA amenizem as sanções comerciais e a hostilidade contra o governo comunista de Havana, que já duram cinco décadas.

"Espero que esta seja a última cúpula sem Cuba" disse o anfitrião e presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Ele estabeleceu boas relações com o bloco de países latino-americanos Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), apesar de ser aliado dos EUA e um político conservador.

Disputa pelas Malvinas

O 30º aniversário este ano da guerra entre a Grã-Bretanha e a Argentina por causa do arquipélago das Malvinas, conhecido em inglês por Falklands, fez reviver memórias amargas e certamente irá ressoar no encontro. A presidente argentina, Cristina Kirchner, tem amplo apoio na América Latina para a exigência de que a Grã-Bretanha abandone a ocupação "colonial" e negocie a soberania para as ilhas.

Londres, entretanto, que venceu o conflito em 1982 que causou a morte de 650 argentinos e 255 militares britânicos, se recusa a considerar a questão e tem irritado ainda mais o governo argentino por explorar petróleo na área. Embora os chefes de Estado devam se encontrar no sábado e no domingo, dois eventos paralelos começam mais cedo: um fórum social para grupos não-governamentais e uma "cúpula de CEOs", para empresários, que receberão uma série de visitantes famosos, indo de Obama à cantora colombiana Shakira.

Ao longo da última década, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, substituiu Fidel Castro como o produtor de manchetes nas conferências regionais. Poucos esquecem de seu discurso de 2006 na Organização das Nações Unidas (ONU), no qual chamou o então presidente George W. Bush de "demônio" e disse que ele conseguia sentir o cheiro de enxofre.

Como Chávez está se submetendo a uma radioterapia após ter feito uma cirurgia para tratar um câncer, é improvável que ele consiga muito mais do que fazer uma visita rápida e de um dia a Cartagena.

Debate sobre drogas

As discussões mais interessantes em Cartagena devem ser as relacionadas às drogas. Há pedidos crescentes ao redor do mundo para a instituição de um novo olhar sobre como combater o comércio ilegal. Décadas de políticas linha-dura contra produtores e consumidores não conseguiram reduzir o abuso, a violência nem os lucros multibilionários dos criminosos.

Na América do Sul, alguns acreditam que a descriminalização da produção de coca - a matéria-prima da cocaína - reduziria o lucro dos traficantes e estimularia os agricultores a plantar outras coisas. No Ocidente, o apoio é crescente para a regulamentação legal das drogas, em especial da maconha. Portugal, Suíça e Holanda reduziram o consumo de drogas ao experimentarem novas políticas.

Os líderes da América Latina estão cada vez mais abertos a debater o assunto e alguns poucos apoiam publicamente. Mas é improvável que haja consenso para a promoção de uma grande mudança, especialmente com a forte oposição dos EUA, acreditam analistas e diplomatas.

"A grande maioria dos países quer discutir a questão. O que pode acontecer é o início de um debate necessário", afirmou Santos na quarta-feira ao chegar a Cartagena para verificar os preparativos. "A Colômbia tem sofrido há anos com esse flagelo. O crime organizado tem um poder ainda maior na América Central. Portanto, precisamos encarar o assunto de frente e começar um debate, apenas para ver se há uma alternativa melhor para atacá-lo."

Outra questão latente para os líderes nesse fim de semana será como lidar com o excesso de dinheiro proveniente dos países ricos, que inunda as economias cada vez mais fortes. A presidente Dilma Rousseff usou o termo "tsunami monetário" e falou com Obama sobre a questão em Washington nesta semana.

Embora o fluxo monetário mostre a nova força da América Latina em um momento de turbulência econômica global, ele também valoriza as moedas, afetando a competitividade e levando alguns países a tomar medidas protecionistas a fim de reduzir as importações.

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