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Mesmo vigiados, icebergs ainda representam ameaça náutica

9 abr 2012 - 15h53
(atualizado às 16h11)
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Tentaram pintá-los com cores fortes ou bombardeá-los, após o naufrágio do Titanic, e mesmo vigiá-los, como o leite no fogo, através de radares e satélites, mas os icebergs ainda representam uma ameaça para a navegação, cem anos mais tarde. Isso porque, apesar de todos os avanços técnicos realizados em um século, o olho humano ainda é um dos meios mais correntes para detectá-los, disseram especialistas.

Foto de agosto de 2007 mostra icebergs flutuando em área chamada de Ilulissat, na Groenlândia
Foto de agosto de 2007 mostra icebergs flutuando em área chamada de Ilulissat, na Groenlândia
Foto: AFP

"Os icebergs são objetos muito perigosos porque eles ficam à deriva; e quando o mar está muito agitado, podem permanecer encobertos e, assim, escapar dos radares", resumiu Michael Hicks, da International Ice Patrol (IIP). Hoje, a probabilidade de se chocar contra um iceberg é de uma em 2 mil. O risco era duas vezes mais elevado em abril de 1912, quando o maior transatlântico da época foi para o fundo com 1.514 passageiros, considerou Brian Hill, especialista do Conselho Nacional de Pesquisa (CNR) canadense. Isto é, são registradas em média apenas duas colisões com um iceberg por ano.

Criado a partir de 1913 no dia seguinte do naufrágio do Titanic, o IIP vigia o equivalente a meio milhão de milhas náuticas (1,7 milhão de km2) no noroeste do Atlântico, em particular no "corredor de icebergs" situado perto de Terra Nova e do Labrador e sulcado por montanhas de gelo que se desprenderam da Groenlândia. Esta organização não recua diante de nada para perseguir os perigos ambulantes. O IIP também tentou pintar os icebergs de vermelho, sem conseguir que a cor se mantivesse no bloco de gelo. Também procurou fixar neles radioemissores, uma tarefa particularmente árdua, a partir de um avião a 350 km/h.

Também tentou bombardeá-los para eliminar a ameaça. Em 1959, 20 bombas de 400 kg foram lançadas sobre um iceberg de 70 m de altura e de 145 m de largura. "Conseguimos quebrar alguns pequenos pedaços, sem efeito notável", explicou Hicks. Explosivos fixados diretamente no interior do iceberg se revelaram um pouco mais eficazes. "Mas o único resultado foi de nos obrigar, em vez de acompanhar um grande iceberg, a seguir vários outros menores, que são também perigosos", explicou o especialista.

O IIP considerou, então, preferível, atuar na prevenção e no alerta, mobilizando aviões radares e compilando dados transmitidos por navios que cruzam a zona e os satélites de observação. Nenhum dos que seguiram as advertências do IIP bateram em icebergs, anunciou Michael Hicks. Os satélites contribuem com a vigilância, mas penam para diferenciar os icebergs de grandes navios. "O reconhecimento visual é sempre necessário, e para os icebergs menores, sempre há um risco", resumiu Mark Drinkwater, especialista em criosfera da Agência Espacial europeia (ESA).

Segundo a base de dados sobre colisões com icebergs registradas pelo CNR canadense, os acidentes estão em declínio constante desde 1913: 57 colisões no Hemisfério Norte, entre 1980 e 2005 (ou seja 2,3 por ano, em média) contra 170 nos 25 anos anteriores a 1912 (média de 6,8 por ano). Desde janeiro de 1959 e o naufrágio do Hans Hedtoft no sul da Groenlândia com 95 pessoas a bordo, não foi registrado nenhum acidente mortal envolvendo um iceberg.

Em novembro de 2007, o navio de cruzeiro MV Explorer naufragou após bater num iceberg ao longo da Antártida, mas os 100 passageiros e os 54 tripulantes puderam ser socorridos. No entanto, segundo Michael Hicks, o erro é humano e uma catástrofe parecida com a do Titanic ainda pode acontecer.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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