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Europa

Papa encontrará Cuba em fase de aperfeiçoamento, diz embaixador

21 mar 2012 - 01h12
(atualizado às 02h15)
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Um pronunciamento do papa contra o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba será "bem-vindo", disse nesta terça-feira na Santa Sé o embaixador da ilha, Eduardo Delgado, que afirmou que o pontífice encontrará em seu país "uma revolução em fase de aperfeiçoamento".

Em entrevista à EFE por ocasião da visita de Bento XVI a Cuba, entre 26 e 28 de março, Eduardo Delgado Bermúdez disse que a viagem é um "reconhecimento" do papa a seu país e ressaltou que seu maior desejo é que ele "se sinta bem".

"Cuba irá recebê-lo com carinho, apreço e o respeito que merece, e nosso maior desejo é que a visita seja ótima para a Igreja e para nosso povo", assinalou Bermúdez, 69 anos, que foi membro do Movimento 26 de julho na luta contra a ditadura de Fulgencio Batista.

Perguntado sobre a Cuba de hoje com relação a que encontrou João Paulo II em 1998, o embaixador assegurou que será "a mesma, mas em fase de evolução".

"Estamos orgulhosos da obra da revolução, mas não satisfeitos, já que ainda há problemas para resolver e é preciso mudar coisas que foram feitas na época, mas que agora não têm o mesmo sentido. Essa é a Cuba que o papa encontrará, uma Cuba em processo de aperfeiçoamento de seu modelo político, econômico e social", afirmou.

Sobre acreditar que o Bispo de Roma condenará o embargo dos EUA à ilha, Bermúdez ressaltou que a posição da Santa Sé e do papa "é contrária ao bloqueio", mas Havana não pedirá que se pronuncie sobre o assunto durante a visita.

"Se o papa considera que contribuirá ao fazer um pronunciamento nesse sentido, será bem-vindo. Se não, também não é algo que nos desanima, nem nos causa frustração", afirmou o representante cubano, que considerou que as doutrinas da Igreja Católica e da revolução cubana "são muito próximas". "Não vou dizer que são exatamente iguais, mas são muito próximas e, nesse ponto de vista, qualquer mensagem é bem-vinda", disse.

Entre os dissidentes cubanos, algumas vozes pediram ao papa que não viaje à ilha por causa da "repressão" no país. Perguntado se teme que estas críticas possam ofuscar a visita, o embaixador disse não acreditar que isso vá acontecer, embora assegure que existem setores contrários à revolução cubana que "tentam prejudicar a visita".

São setores financiados "pelos EUA, mas que são minoritários. Ninguém é punido por suas ideias políticas e não há desaparecidos, nem casos de torturas" em Cuba, garantiu.

Outra coisa, acrescentou, é quando uma pessoa "procura financiamento externo e entra no plano da ilegalidade. Já não é um dissidente, é um delinquente".

"Vou lhe dizer uma coisa: há oposição em Cuba, que sempre foi liderada por Fidel Castro e, hoje, por Raúl. Somos todos opositores do mal e nosso sistema não é perfeito, mas é melhor que o que tínhamos antes, uma oligarquia com Exército e Polícia sanguinários. Deixem-nos aperfeiçoá-lo", pediu.

Quando perguntado sobre as relações entre Cuba e a Santa Sé, o embaixador assegurou que são "boas, cordiais e corretas", e destacou que a Igreja Católica realiza sua atividade na ilha "com inteira normalidade, inclusive em condições mais favoráveis que as encontradas em outros países".

EFE   
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