Assassino em série da França seria paranóico racista
19 mar2012 - 15h50
(atualizado às 16h31)
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O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.
O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.
A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.
"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.
"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.
Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".
Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.
Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulese, na França. Um atirador, aparentemente em uma motocicleta, abriu foto no local e matou quatro pessoas, um adulto e três crianças
Foto: AFP
Pessoas se reúnem nas proximidades da escola em que o ataque ocorreu
Foto: AFP
O presidente francês Nicolas Sarkozy faz pronunciamento em frente à escola em que o ataque ocorreu
Foto: AFP
Segundo o procurador Michel Valet, o criminoso abriu fogo contra todas as pessoas que estavam diante do colégio
Foto: AFP
Pai conforta crianças após tiroteio em escola judaica
Foto: AP
Perita fotografa evidencia na cena do crime. O tiroteio tem características semelhantes a outros ataques recentes ocorridas na região sudoeste da França
Foto: AFP
Polícia isolou a cena do crime após o ataque
Foto: AFP
Bombeiros e policiais isolam a entrada da escola em Toulose; ao menos quatro pessoas morreram no tiroteio
Foto: AP
Estudante colégio após o ataque acompanhada de policial e de mulher não identificada
Foto: AP
Policiais franceses montam barreira em frente à escola Ozar Hatorah após o ataque
Foto: Reuters
Estudantes se reúnem na entrada da escola Ozar Hatorah após o ataque do atirador. Um homem em uma motocicleta abriu fogo contra o colégio judaico e matou quatro pessoas, um adulto e uma criança
Foto: AP
Imagem cedida por colégio de Jerusalém exibe Jonathan Sandler, 30 anos, o professor assassinado nesta segunda-feira em Toulouse
Foto: EFE
Foto: Terra
Policiais montam guarda em frente à escola Ozar Hatorah, em Toulouse
Foto: AP
Alunos de escola judia Gan Rachi, de Toulouse, observam minuto de silêncio em homenagem vítimas do ataque de segunda-feira
Foto: AFP
O presidente francês, Nicolas Sarkozy (centro), e o ministro da Educação, Philippe Chatel (dir.), respeitam minuto de silêncio na escola François Couperin, em Paris
Foto: AP
Sarkozy conversa com estudantes na escola François Couperin, em Paris
Foto: AP
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o ministro da Educação, Philippe Chatel (dir.), participam de minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque de segunda-feira
Foto: AP
Alunos e a diretora da escola Georges Brassens, em Paris, respeitam minuto de silêncio
Foto: AP
Alunos da escolar Anne-Franck, em Lambersart, no norte da França, respeitam minuto de silêncio em homenagem às vítimas do ataque de segunda-feira à escola judaica Ozar Hatorah. Escolas ao redor da França homenageiam nesta terça-feira as quatro vítimas, um professor e três crianças, do ataque realizado por um homem armado em uma motocicleta
Foto: AP
Foto: Terra
Ambulância deixa local do cerco a suspeito - dois policiais ficaram feridos durante a operação
Foto: Reuters
Ruas ao redor da casa onde o suspeito se encontra foram bloqueadas
Foto: Reuters
Caixão com o corpo de uma das vítimas é transferido em sua chegada a Israel
Foto: Reuters
O rabino Jonathan Sandler, 30 anos, professor de religião, seus filhos Arieh, 5, e Gabriel, 4, assim como Myriam Monsonego, 7 anos, filha do diretor da escola judaica Ozar Hatorah, foram assassinados por um desconhecido em Toulouse
Foto: Reuters
Cada caixão deixou o aeroporto em uma ambulância diferente
Foto: Reuters
Os quatro serão levados ao cemitério de Har Hamenouhot, no bairro de Givat Shaoul, em Jerusalém
Foto: Reuters
A operação policial começou pouco depois das 3h locais (22h de terça-feira em Brasília) quando o homem foi cercado e ocorreu um primeiro tiroteio, no qual dois agentes ficaram feridos
Foto: Reuters
Descrito pelo promotor de Paris, François Moulins, como um indivíduo "extremamente determinado, com muito sangue frio e com alvos extremamente definidos", o homem matou suas quatro vítimas com disparos à queima-roupa na cabeça
Foto: Reuters
No Palácio do Eliseu, Sarkozy afirma que o terrorismo não conseguirá dividir a França
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O rabino Gilles Bernheim responde as perguntas dos jornalistas após encontro com o presidente Nicolas Sarkozy e representantes das comunidades judaica e muçulmana
Foto: AFP
A unidade especial da polícia francesa participação da operação para deter o suspeito
Foto: AFP
Policial monta guarda em frente à residência onde o suspeito de cometer assassinatos em três diferentes ataques na França está encarcerado desde o início da madrugada. Ele foi identificado como Mohammed Merah, de nacionalidade francesa e de origem argelina
Foto: AFP
A polícia e o Corpo de Bombeiros cercam as imediações do apartamento onde Mohammed Merah está entrincheirado
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Mãe de Mohamed Merah cobre o rosto ao chegar ao quartel da polícia em Toulouse
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Policiais e bombeiros aguardam desfecho do cerco ao autor do ataque a escola judaica, que já dura mais de 24 horas
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O ministro do interior da França, Claude Gueant, disse não ter certeza de que o criminoso ainda está vivo
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Imagem mostra membros das forças especiais da polícia francesa pouco antes da invasão do apartamento de Merah
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Policiais isolam rua que dá acesso ao apartamento de Mohammed Merah
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As autoridades trabalham no local do impasse antes do anúncio da morte do atirador
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O procurador do Ministério Público francês, François Molins (centro), conversa com jornalistas nos arredores do local em que o atirador esteve cercado
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Bombeiros e policiais trabalham na área do cerco
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Guéant se aproxima para falar com jornalistas após o fim do impasse
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Agentes das forças especiais da polícia francesa se preparam para invadir o apartamento em que Mohammed Merah se escondia
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O ministro do Interior francês, Claude Guéant (centro), chega para dar entrevista após a morte do atirador. Guéant anunciou o fim do impasse após mais de 30 horas de cerco em Toulouse. Segundo ele, Mohammed Merah morreu ao pular da janela, com uma arma e punho e ainda atirando, após um intenso tiroteio com policiais que invadiram o seu apartamento. Merah foi encontrado morto no chão
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Agentes da unidade Raid, das forças especiais francesas, retornam após o encerramento do impasse que culminou com a morte do atirador Mohammed Merah, em Toulouse. No capítulo final, os agentes invadiram o apartamento em que Merah estava entrincheirado e o agressor reagiu disparando ferozmente contra os policias. Ele foi encontrado morto no chão após pular de uma janela
Foto: AFP
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Flores e um ursinho de pelúcia são vistos em meio as homenagens aos mortos na escola judaica
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Mulheres prestam homenagem aos mortos na escolar judaica Ozar Hatorah, de Toulouse. Quatro pessoas, um adulto e três crianças, foram mortas no local na segunda-feira, um dos ataques cometidos por Merah
Foto: AP
Jornalistas fazem plantão em frente ao apartamento de Mohammed Merah
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Imagem mostra a parte externa do apartamento do atirador
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Policial mascarado investiga o apartamento de Mohammed Merah nesta sexta-feira, em Toulouse. Merah morreu na quinta-feira baleado na cabeça por um atirador de elite após passar mais de 30 horas cercado em sua casa. Ele era o responsável por três ataques que mataram sete pessoas desde o dia 11 de março
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Cartaz com a frase "Convivência: igualdade, pluralidade, dignidade" em vários idiomas é exibido em Toulouse
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Pessoas marcham pela praça principal de Toulouse para lembrar as vítimas de Mohamed Merah na cidade
Foto: AFP
Uma mulher e sua filha rezam diante de fores e objetos deixados em frente à escola judaica Ozar Hatorah, onde ocorreu o crime
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Centenas de pessoas se reúnem na praça principal de Toulouse para homenagear as vítimas do atirador que matou quatro pessoas em uma escola na cidade. Um dia após a morte de Mohammed Merah, Toulouse amanheceu com flores em frente à escola judaica onde ocorreu o crime e com uma marcha em lembrança aos mortos no ataque, que eram três crianças e um adulto