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Mundo

Trípoli reivindicará extradição de chefe militar da era Kadafi

17 mar 2012 - 10h31
(atualizado às 11h29)
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O governo de Trípoli vai reivindicar à Mauritânia a extradição de Abdullah al-Senussi, diretor da inteligência militar durante o regime de Muammar Kadafi, para ser julgado na Líbia, afirmou neste sábado o ministro de Justiça líbio, Khalifa Achour. "Este indivíduo cometeu crimes e massacres antes e durante a revolução. Pedimos a todos, especialmente aos nossos irmãos mauritanos que nos entreguem este criminoso para que responda por seus atos diante da justiça líbia", declarou Achour à TV catariana Al Jazeera.

Abdullah al-Senussi, em imagem de agosto de 2011
Abdullah al-Senussi, em imagem de agosto de 2011
Foto: AP

Senussi, considerado braço direito do ditador líbio, foi detido na sexta-feira à noite no aeroporto de Nouakchott. Ele chegou em um voo a partir da cidade marroquina de Casablanca, informaram neste sábado à EFE fontes de segurança da capital mauritana. "É uma nova vitória para a revolução líbia", atribuiu o ministro, quem afirmou que seu país está em contato com as autoridades mauritanas para saber as circunstâncias e os detalhes da detenção de Senussi.

Em novembro, responsáveis pelo Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio anunciaram que Senussi havia sido capturado no sul do país, mas a informação nunca foi confirmada. Cunhado de Kadafi e considerado seu mais fiel colaborador, Senussi foi o responsável pelos serviços de inteligência militar de 2002 até a queda do regime. Em 1999, ele foi condenado à revelia pela justiça francesa pelo atentado contra o avião da companhia UTA no qual morreram 170 pessoas em 1989 em um voo entre Brazzaville, capital da República do Congo, e Paris.

As autoridades líbias acusam Senussi de ser o cérebro do massacre, em 1996, de 1,2 mil pessoas, essencialmente opositores de Kadafi, na prisão de Abou Salim. Em 27 junho, momento em que a revolução líbia estava em pleno apogeu, o Tribunal Penal Internacional emitiu ordem de detenção contra ele por crimes contra a humanidade.

Insurreição líbia culmina com queda de Sirte e morte de Kadafi

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.

Dois meses depois, os rebeldes invadiram Beni Walid, um dos últimos bastiões de Kadafi. Em 20 de outubro, os rebeldes retomaram o controle de Sirte, cidade natal do coronel e foco derradeiro do antigo regime. Os apoiadores do CNT comemoravam a tomada da cidade quando os rebeldes anunciaram que, no confronto, Kadafi havia sido morto. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham morrido desde o início da insurreição.

EFE   
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