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Árabes pressionam Rússia a apoiar plano de paz para Síria

10 mar 2012 - 22h01
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Países árabes foram direto ao ponto com a Rússia neste sábado, afirmando que o fato de o país não aceitar um tratamento mais duro em relação à Síria permitiu que a matança continuasse e pressionaram Moscou a apoiar o plano de paz árabe, que inclui um pedido para que o presidente sírio, Bashar al-Assad, aliado russo, se afaste do poder.

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O Catar, que junto à Arábia Saudita liderou os esforços para isolar Assad, também disse aos ministros árabes no Cairo e ao chanceler da Rússia, que se juntou a eles, que estava na hora de reconhecer o exilado Conselho Nacional Sírio como o representante legítimo da Síria.

Países árabes e do ocidente têm evitado dar esse passo até agora, em parte porque diplomatas disseram que o grupo não mostrou ter uma frente unida e não estava claro se ele poderia contar com o apoio dos manifestantes da Síria.

Sergei Lavrov, falando na reunião na sede da Liga Árabe no Cairo, não deu nenhuma indicação de que a posição de Moscou havia mudado. Ele disse aos árabes que a Rússia não está protegendo Assad, mas disse que um único lado não pode ser responsabilizado pela violência.

"Devemos enviar uma mensagem ao regime sírio que a paciência do mundo e a nossa também acabou, assim como o tempo de silêncio em relação aos seus atos", disse o primeiro-ministro do Catar, xeique Hamad bin Jassim al-Thani, no discurso de abertura.

Árabes, especialmente os países do Golfo que se opõem abertamente à aliança da Síria com seu rival regional Irã, ficaram frustrados com o veto da Rússia e da China à resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas baseada no plano de paz árabe. O plano exigia o fim da violência e que Assad passasse o poder para um substituto, para que as conversações com a oposição pudessem começar.

No entanto, Moscou e Pequim apoiaram uma resolução do Conselho de Segurança que expressa uma "profunda decepção" pelo fato de a Síria ter impedido que a chefe da área de ajuda humanitária da ONU visitasse a Síria. A Rússia e os ministros árabes dizem que eles concordaram em cinco quesitos no Cairo: a necessidade de acabar com a violência "de qualquer lado", a necessidade de um monitoramento imparcial, a oposição à intervenção estrangeira, o envio de ajuda humanitária e o apoio ao enviado conjunto da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que está na Síria neste fim de semana.

O representante da oposição síria, Abdel Basset Seda, disse que esses pontos da declaração conjunta não vão resolver a crise. "A única maneira de pôr fim à crise na Síria é a implementação total do plano de paz árabe que inclui a exigência para que Bashar al-Assad entregue o poder", ele disse na Turquia, onde participava de uma reunião da oposição síria.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 8,5 mil pessoas já tenham morrido, número superior aos 7,5 mil calculados pela ONU.

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