Fotógrafo usa reflexo em poças para criar 'espelho' de cotidiano
9 mar2012 - 07h05
(atualizado às 08h49)
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Para muitos um dia de chuva é algo a se lamentar, mas não para o fotógrafo novaiorquino Ira Fox, cujo trabalho depende justamente dos dias de chuva - ele retrata os reflexos do cotidiano em poças d''água no chão.
As fotos, feitas na Union Square, em Manhattan, misturam o granulado escuro do piso da praça ao reflexo vibrante das cores na água para recriar as imagens do universo da praça.
Pessoas caminhando, andando de bicicleta, passeando ou celebrando são vistas em imagens espelhadas pelo reflexo da água através das lentes de Fox, 54 anos.
A série de Fox foi batizada de Reflections, palavra que pode ser traduzida tanto como reflexo quanto reflexão, num jogo de palavras que ajuda a explicar o conceito por trás do projeto.
O fotógrafo conta ter descoberto sua técnica após um grande temporal que deixou a cidade cheia de poças d'água "Ao me abaixar ao nível do solo e fotografar a água em um ângulo raso, a cena refletida na poça se transforma em um fragmento da vida", comenta Fox.
"Qualquer um desde pessoas fazendo compras, famílias ou homens de negócios passam pela praça. Não sabia quem apareceria na minha frente, o que era bastante instigante", diz ele.
Segundo ele, o resultado dependia muito da luz encontrada no momento certo para seu trabalho - após a chuva parar, mas antes de a água secar no piso.
"Eu normalmente sei de cara se tenho uma foto boa. Não é fácil ver o mundo de cabeça para baixo, mas se parece bom de cabeça para cima, sei que tenho uma boa foto", diz.
O fotógrafo argentino Alejandro Kirchuk, de 24 anos, registrou durante três anos o cotidiano dos seus avós maternos, após descobrir que a avó travava uma batalha contra o Alzheimer
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
A série de fotos revela as mudanças no comportamento da avó, Mónica, e o amor do marido, Marcos, que após o diagnóstico da doença, em 2007, deixou tudo para acompanhá-la até a morte, no ano passado
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
Os protagonistas (desta série) são meus avós. Mas principalmente ele e seu amor por ela, disse Kirchuk à BBC Brasil
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
"Para mim, a atitude dele foi um descobrimento especial e que mostrei nas fotos"
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
A obra foi chamada de La noche que me quieras e ganhou o primeiro lugar do concurso World Press Photo 2011 na categoria "Vida cotidiana"
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
Segundo o fotógrafo, o título é uma referência ao verso que a avó cantava mesmo quando a doença já estava em estágio avançado, do tango El día que me quieras, famoso na voz de Carlos Gardel
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
"Isso confirma que os dois viviam uma história de amor", afirmou Kirchuk
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
Mónica morreu aos 87 anos de idade e Marcos, que é médico aposentado, tem 89 anos. Ambos ficaram casados durante 65 anos
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
Kirchuk contou que tirou centenas de fotos do casal. A seleção que enviou ao concurso mostra desde os primeiros momentos da avó com os sinais da doença degenerativa até a etapa terminal
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
Quando ele iniciou o trabalho, Mónica sofria de Alzheimer havia dois anos mas levava uma vida quase normal. Porém, recordou o fotógrafo, com falhas na memória
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
"Às vezes, ela me reconhecia e às vezes, não. Com o tempo, já não me reconhecia mais. Mas à sua maneira reconhecia meu avô que a acompanhou em cada detalhe do cotidiano"
Foto: Alejandro Kirchuk / BBC Brasil
O fotógrafo diz que a imagem "mais forte" de sua avó é um retrato tirado bastante de perto, quando ela já estava abatida, no ano passado