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Ásia

Crise de Fukushima não acabou com a indústria nuclear

7 mar 2012 - 14h58
(atualizado às 15h05)
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O acidente na usina japonesa de Fukushima, em março de 2011, fez a indústria nuclear mergulhar na pior crise desde a catástrofe de Chernobyl, há 25 anos, mas não conseguiu acabar com ela, avaliaram analistas.

Semanas depois de o mundo inteiro assistir às imagens do reator da usina Fukushima Daiichi liberando nuvens radioativas após a tsunami de 11 de março de 2011, a Agência Internacional de Energia (AIE) reduzia a metade suas previsões de crescimento da energia atômica no mundo.

"Foi exagerado", afirmou nesta quarta-feira Colette Lewiner, diretora de energia da consultora Capgemini.

"Efetivamente houve projetos anulados ou adiados, mas isto não marcou o fim do setor nuclear", afirmou.

Segundo a especialista, o caso Fukushima obrigou sobretudo os operadores e as autoridades a fazer inspeções mais profundas em suas instalações e - em certos países - reforçar as normas de segurança nas usinas existentes.

No entanto, a energia nuclear continua sendo considerada um recurso estratégico que satisfaz quase um sexto das necessidades de eletricidade do planeta e permite, sobretudo, combater as emissões de gases de efeito estufa.

França e Grã-Bretanha estão decididas a tomar a dianteira com a próxima geração de reatores.

Os Estados Unidos, país que concentra o maior número de reatores no mundo (104), autorizou a construção de novas etapas pela primeira vez desde o acidente de Three Mile Island em 1979, enquanto China e Índia preveem ainda iniciar obras para construir dezenas de reatores nos próximos anos.

Em 2011, sessenta países consultaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) com relação ao início de programas nucleares.

"Para este ano, esperamos que Vietnã, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Turquia e Belarus iniciem a construção de suas primeiras usinas nucleares", declarou Kwaku Aning, diretor adjunto da agência.

No Japão, o último dos 54 reatores do país deveria ser parado semanas depois do aniversário da catástrofe.

No entanto, a interrupção total só deverá ser temporária, levando em conta a necessidade de energia do país, avaliou Shinichiro Takiguchi, diretor do instituto de pesquisas do Japão.

"Fundamentalmente, em longo prazo, o contexto geral é de reduzir a proporção da energia nuclear", mas não suprimi-la, afirmou. "É mais razoável aumentar a utilização de outras fontes de energia e reduzir progressivamente a parte nuclear e, ao mesmo tempo, tomar medidas de segurança suplementares", emendou.

Na Itália, um referendo rejeitou o retorno da energia nuclear depois do acidente em Chernobyl, enquanto a Suíça aprovou planos que apontam para eliminar progressivamente suas cinco usinas até 2034.

A Alemanha tomou uma decisão mais drástica ao programar o fechamento definitivo de seus 17 reatores, oito imediatamente e nove até 2022.

John Ritch, diretor-geral da World Nuclear Association (WNA) em Londres, considerou que a indústria nuclear sairá fortalecida da crise de Fukushima, com destaque maior para a segurança.

Embora não vá desaparecer, a eletricidade de origem nuclear custará mais caro, devido às medidas de segurança sempre mais indispensável e custosas, inclusive os eventuais enormes gastos em caso de acidente.

Para os defensores do átomo, a energia nuclear continua sendo "competitiva", mas o gás, recurso abundante e barato, parece representar o futuro pós-Fukushima.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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