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Distúrbios no Mundo Árabe

Ação unilateral contra Síria seria um erro, defende Obama

6 mar 2012 - 15h58
(atualizado em 7/3/2012 às 09h13)
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Levar a cabo uma ação unilateral contra a Síria seria um erro, defendeu o presidente americano, Barack Obama, nesta terça-feira, em Washington. A declaração foi dada durante sua primeira entrevista coletiva do ano, quando questionado sobre possíveis soluções da comunidade internacional à crise síria.

Presidente manteve o discurso dos seus aliados e reafirmou que Síria e Líbia representam realidades distintas
Presidente manteve o discurso dos seus aliados e reafirmou que Síria e Líbia representam realidades distintas
Foto: AP

Obama descartou um ação direta sobre Damasco argumentando que a Síria "não é a Líbia", em referência à intervenção que, em 2011, permitiu a queda do regime de Muammar Kadafi. Não obstante, Obama sugeriu que o governo de Bashar al-Assad, o presidente sírio, estaria perto do fim. "Não é uma questão de se Assad partirá, mas quando (isso acontecerá). Ele perdeu a legitimidade perante seu povo", afirmou.

A batalha entre os oposicionistas e os partidários do governo do Partido Ba'ath, da família Assad, consome a Síria há um ano, desde que, em março do ano passado, os sírios começaram a sair às ruas repercutindo a queda dos governos de Ben Ali, na Tunísia, e de Hosni Mubarak, no Egito.

Frisar a distinção entre Síria e Líbia não é novidade. Desde o agravamento da repressão das forças de segurança sírias contra os oposicionistas, sobretudo a partir do segundo semestre do ano passado, cresce a pressão para que a comunidade internacional interceda para evitar a morte de civis no conflito. Por muitas razões, no entanto, lideranças ocidentais e árabes descartam intervir no país.

Esta é a primeira entrevista coletiva de imprensa geral convocada por Obama desde o final do ano passado. Anunciada ontem pelo porta-voz da Casa Branca, ela ocorre no mesmo momento em que o eleitorado republicano de 10 Estados vai às urnas pela Super Terça para eleger mais de 400 delegados. Obama criticou a postura dos republicanos no tocante à questão da crise com o Irã, dizendo que eles "não têm muita reponsabilidades".

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

Com informações da AP.

Fonte: Terra
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