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Oriente Médio

Síria enfrenta repúdio internacional; Homs tem "cheiro de morte"

6 mar 2012 - 18h15
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O presidente da Síria, Bashar al-Assad, enfrentava na terça-feira a cólera cada vez maior do Ocidente por impedir a entrada de ajuda humanitária em um bairro devastado da cidade de Homs e pelas acusações de abusos aos direitos humanos, que incluem fotos que supostamente mostram vítimas de tortura em um hospital da cidade.

Dezenas de homens, mulheres e crianças voltavam a pé para Baba Amr, informou a televisão estatal, passando pelos edifícios danificados e cravejados de balas, dias depois de os combatentes rebeldes saírem em retirada após uma forte operação militar.

A Cruz Vermelha aguardava aprovação para distribuir ajuda ao bairro que ficou sob cerco durante um mês.

Os moradores que fugiram do bairro contavam histórias sobre corpos em decomposição sob os destroços, esgoto misturado com lixo nas ruas e uma campanha de prisões e execuções.

"O cheiro de morte estava por toda parte. Podíamos sentir o cheiro dos corpos enterrados sob os destroços o tempo todo", disse Ahmad, que fugiu para o Líbano. "Vimos tanta morte que, no final, a visão de um corpo desmembrado não nos comovia mais."

Apesar do coro de descontentamento dos líderes ocidentais diante dos relatos mais detalhados sobre o cerco a Baba Amr, eles descartaram uma intervenção militar na Síria como a ocorrida na Líbia, temendo que a ação possa deflagrar um conflito maior no Oriente Médio.

A Casa Branca informou na terça-feira que o presidente Barack Obama está comprometido com os esforços diplomáticos para cessar a violência, dizendo que Washington busca isolar Assad, cortar suas fontes de renda e estimular a união entre seus opositores.

No entanto, aumentam os pedidos por uma ação para proteger os civis. O aparato de segurança liderado pelos alauítas vem reprimindo protestos e a insurreição que tem raízes na comunidade sunita, maioria no país, trazendo a perspectiva de uma guerra civil.

O senador norte-americano John McCain, defensor de primeira hora da zona de exclusão aérea na Líbia que ajudou a derrubar Muammar Gaddafi, disse que os EUA deveriam liderar um esforço internacional para proteger os centros populacionais da Síria por meio de ataques aéreos contra as forças de Assad.

O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, ex-aliado de Assad, disse que a violência na Síria "começou a parecer uma selvageria desumana nos últimos dias", e pediu um corredor humanitário naquele país para ajudar os civis.

Em Homs, ativistas afirmaram que as forças de segurança promoviam incursões em um bairro próximo a Baba Amr na terça-feira e relataram a ocorrência de tiros e explosões em outra área.

Um diplomata chinês chegou a Damasco na terça-feira para expor um plano de paz redigido pelo governo da China. Os diplomatas da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan e Valerie Amos devem viajar à capital síria esta semana.

A ONU afirma que mais de 7,5 mil civis morreram na repressão violenta aos protestos contra o governo de Assad, que diz que o levante é uma campanha promovida por insurgentes islâmicos apoiados pelo exterior.

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