PUBLICIDADE

Ásia

Japão ainda enfrenta montanhas de lixo um ano após tsunami

5 mar 2012 - 08h13
(atualizado às 09h41)
Compartilhar
Ewerthon Tobace
Da BBC Brasil

Há quase um ano do terremoto seguido de tsunami que devastou o Japão, um dos principais desafios da reconstrução do país tem sido lidar com o entulho deixado no rastro da tragédia.

As autoridades conseguiram limpar as ruas e restabelecer as condições mínimas de vida da população nos centros urbanos das províncias mais afetadas, as de Iwate, Miyagi e Fukushima. Segundo uma estimativa divulgada pelo governo, essas províncias produziram um total de 23 milhões de toneladas de entulho, e, até o momento, foram processados apenas 5% do material recolhido.

O entulho foi aglomerado em parques, campos de beisebol, pátios de escolas destruídas e outros espaços públicos. Carros e barcos destruídos também esperam um fim.

11 anos de lixo

O resíduo gerado em Iwate, por exemplo, equivale a 11 anos de lixo produzido pela província. Já Miyagi tem um total de entulho equivalente a 19 anos. O custo estimado de eliminação destes resíduos passa dos R$ 16,4 bilhões.

Para piorar o cenário, outras províncias se recusam a receber o material, com medo de que o entulho possa estar contaminado com resíduos da usina nuclear de Fukushima. Por enquanto, apenas Tóquio e Yamagata estão colaborando.

No Japão, grande parte do lixo é reciclada ou incinerada, em centros de processamento. Uma pequena parte apenas é depositada em aterros sanitários, prática pouco usada no país por causa da falta de espaço físico. O país também exporta alguns dejetos para outros países asiáticos. Mas, no caso do entulho acumulado na região nordeste do país, o medo da contaminação nuclear tem anulado qualquer tipo de ajuda.

Segundo cálculos do governo japonês, a eliminação total de todo o resíduo gerado pelo tsunami deve se estender até março de 2014. "Mas será extremamente difícil cumprir essa meta se o processo continuar nesse ritmo tão lento", criticou o ministro do Meio Ambiente, Goshi Hosono.

Buscas

No próximo domingo, dia 11, o Japão lembrará um ano do maior terremoto da história do país, seguido de um tsunami e de uma crise nuclear. A tripla tragédia, segundo dados da polícia japonesa, deixou um saldo de 15.853 pessoas mortas - maior perda de vida num desastre desde a Segunda Guerra Mundial no país - e 3.283 foram dadas como desaparecidas, totalizando 19.136. A busca pelos corpos, principalmente no mar, ainda continua.

Cerimônias especiais estão programadas durante toda esta semana e o primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda, pediu à população que faça um minuto de silêncio às 14h46 locais no próximo dia 11, horário exato que o grande terremoto atingiu o país. Os canais de tevê, jornais e revistas trazem também especiais que recontam histórias e mostram o que mudou neste um ano após a tragédia que comoveu o mundo.

Lentidão

Reconstruir as cidades tem sido o maior desafio do governo japonês após a tragédia. A partir deste mês, os cofres públicos começam a liberar a primeira rodada de subsídios para as sete províncias e 59 municípios diretamente afetados pelo terremoto/tsunami. São cerca de R$ 5,3 bilhões que devem ser aplicados na remoção de famílias para áreas mais elevadas e reconstrução de prédios públicos, como escolas, postos de saúde e portos. No entanto, essa reconstrução caminha em ritmo muito lento e o problema não é só financeiro.

Imagem mostra restos de barcos destruídos pelo tsunami de 2011, em Minamisanriku, na prefeitura de Miyagi
Imagem mostra restos de barcos destruídos pelo tsunami de 2011, em Minamisanriku, na prefeitura de Miyagi
Foto: Reuters
BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade