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Oriente Médio

Sob bombardeio, ativistas sírios usam pombos para se comunicar

3 mar 2012 - 08h56
(atualizado em 10/5/2013 às 15h25)
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Rebeldes usam pombos para se comunicar em zona de conflito:

Ativistas sírios da oposição vêm usando pombos, um antigo meio de comunicação, para superar as dificuldades na cidade de Homs, sitiada há quase um mês e sob intenso bombardeio das tropas leais ao presidente Bashar al-Assad. Mensagens amarradas nos pássaros levam pedidos de medicamentos, comida e informações sobre a situação nas ruas, conforme um vídeo colocado na rede YouTube por ativistas.

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No vídeo, ativistas sírios do bairro antigo de Homs aparecem escrevendo mensagens variadas para serem enviadas para o bairro de Baba Amro, o mais atingido pelos bombardeios do exército sírio e maior reduto dos rebeldes da oposição.

Em algumas das mensagens, em árabe, os jovens mandam recados a familiares, informam a situação em sua área e pedem informações sobre movimentação de tropas do governo na cidade. Eles também perguntam nas mensagens que medicamentos são mais urgentes em Baba Amro para atender os feridos.

Um dos jovens ironiza agradecendo ao presidente al-Assad por "fazer os sírios voltarem à idade Média" já que são obrigados a usar pombos para se comunicarem. Eles também falam que o governo cortou a água, eletricidade, telefones e internet nos bairros oposicionistas. Ao fundo, pode-se escutar o som de tiroteios e bombardeios.

Perigo nas ruas

Falando ao Terra direto de Homs, o ativista Omar disse que com os perigos pelas ruas devido ao fogo de artilharia e tanques e às barreiras montadas por forças de segurança do governo, os ativistas encontram cada vez mais dificuldades para circular pelos bairros atingidos, especialmente o reduto oposicionista de Baba Amro.

"Alguns amigos ficaram feridos tentando se movimentar para buscar informações e levar suprimentos para outros pontos do bairro", disse Omar. Segundo ele, há ainda a presença de franco-atiradores, o que torna ainda mais perigosas as jornadas pelas ruas. "Com os telefones monitorados pelo governo e a internet escassa para comunicação, somos obrigados a usar esse método rudimentar (pombos) para comunicar com nossos amigos e conterrâneos".

As Nações Unidas e outras agências humanitárias internacionais dizem que mais de 7 mil pessoas já morreram no levante popular pró-democracia que iniciou em março do ano passado e viu tropas do governo reprimir com o uso da força manifestações antigoverno em várias cidades do país.

Desertores do exército e outros civis formaram o Exército Livre da Síria, grupo rebelde que realiza operações contra alvos do governo e trava combates armados contra as forças de segurança do país. O governo sírio alega que luta contra "terroristas e gangues armadas" e que mais de dois mil membros de suas forças de segurança já morreram nos confrontos com rebeldes.

Na última quinta-feira, dia 1º, rebeldes fizeram uma retirada estratégica do bairro de Baba Amro diante uma iminente ofensiva terrestre das tropas do governo. Segundo eles, a retirada teve a intenção de preservar os civis de Homs e também se deveu ao fato de que não possuíam armas suficientes para defender a cidade.

Agências humanitárias como a Cruz vermelha vêm apelando para que o governo sírio permita a abertura de corredores humanitários para a entrega de alimentos e medicamentos para a população civil de Homs.

Fonte: Especial para Terra
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