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Oriente Médio

Revolta popular abre caminho para solução negociada no Iêmen

19 fev 2012 - 12h08
(atualizado às 12h43)
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O vice-presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, será eleito na terça-feira presidente interino por um período de dois anos, pondo fim à era do líder Ali Abdullah Saleh e convertendo o Iêmen no primeiro país árabe a conseguir uma saída negociada após um levante popular.

No entanto, Saleh continua sendo muito influente. Assim, ainda controla as forças de segurança mais poderosas do país, apesar de se encontrar nos Estados Unidos, onde realiza um tratamento médico, e anunciou que retornará ao Iêmen.

O atual vice-presidente, Abd Rabo Mansur Hadi, um ex-soldado originário do sul do país, de 66 anos, é o único candidato ao cargo de presidente interino. É considerado um candidato consensual.

Hadi sucederá assim Saleh, que após 33 anos no poder aceitou deixar o cargo em novembro sob a pressão de um movimento popular. A oposição o acusa de corrupção e nepotismo.

Parte do movimento separatista do Iêmen, implantado no que foi o Iêmen do Sul até a união deste país com o Iêmen do Norte em 1990 para formar o atual Estado, convocou a "desobediência civil" para impedir as eleições. Um grupo rebelde do norte do país também pediu o boicote destas eleições.

Por sua vez, a jornalista iemenita Tawakul Karman, primeira mulher árabe a ganhar o prêmio Nobel da Paz, uma figura emblemática da mobilização opositora, convocou seus compatriotas a participarem destas eleições, que são, segundo ela, "o fruto do levantamento popular da juventude".

Os principais protagonistas da mobilização opositora apoiaram a votação a favor de Hadi. Cartazes com a foto do vice-presidente foram colocados em edifícios e em outros locais da capital do país.

"Hadi tem apoio em nível local, regional e internacional e é um líder respeitado que tem uma visão de futuro. Convocamos todos os iemenitas a participarem destas eleições", disse o general Ali Mohsen al Ahmar, cuja deserção em março do ano passado foi decisiva para que Saleh desse o braço a torcer.

Saleh aceitou assinar em novembro em Riad um acordo de transferência de poder em uma cerimônia acompanhada pelo rei da Arábia Saudita, Abdullah Ben Abdel Aziz.

Saleh se recusava desde abril a assinar o plano das monarquias do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) para resolver a crise, que previa a saída do poder de Saleh em troca de imunidade para ele e seus parentes.

Já um assessor do presidente americano Barack Obama, John Brennan, que se reuniu com Hadi no sábado, disse neste domingo que o futuro presidente interino continuará fazendo esforços para "destruir" a Al-Qaeda.

Fontes tribais anunciaram na quinta-feira a morte de pelo menos 17 pessoas em confrontos entre membros da Al-Qaeda e homens armados, após o assassinato de um chefe local da rede islamita por seu meio-irmão na província de Bayda, a sudeste de Sanaa.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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