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Mundo

Líbia: 1 ano após revolta, população ainda se sente insegura

17 fev 2012 - 13h05
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Os líbios saíram às ruas nesta sexta-feira para celebrar o primeiro aniversário da rebelião que derrubou Muammar Kadafi, mas alguns lamentaram a insegurança e a desordem que ainda hoje assolam o país, que prepara suas primeiras eleições livres.

Agitando bandeiras, multidões se aglomeraram na praça dos Mártires, em Trípoli, e na praça da Liberdade, em Benghazi, berço da revolta. Mas, para isso, precisaram passar por barreiras viárias montadas pelas autoridades para impedir que partidários de Kadafi atrapalhassem as celebrações.

A festa no país já ocorria de forma espontânea na noite de quinta-feira, quando homens, mulheres e crianças saíram às ruas de várias cidades gritando e agitando bandeiras.

"Apesar dos problemas que persistem no país, este é um dia incrível, e queremos celebrar", disse a estudante de engenharia Sarah, 22 anos, em Trípoli. "Olhe só o que se conseguiu no último ano."

Para muita gente, a vida melhorou depois dos oito meses da rebelião contra Kadafi - que teve apoio militar da Otan - e da caótica fase que se seguiu. Mas problemas políticos e de segurança ainda persistem antes da eleição marcada para junho.

Na tentativa de construir um Estado democrático, o Conselho Nacional de Transição (CNT, governo provisório) enfrenta dificuldades para impor sua autoridade em um país inundado por armas e carente de uma polícia e um Exército unificados.

Milícias fortemente armadas preencheram esse vácuo, criando feudos. Seus combatentes se dizem leais ao CNT, mas na prática obedecem só a seus comandantes, e há frequentes confrontos pelo controle de determinados bairros.

O professor de engenharia Ezzieddin Agiel, da Universidade de Trípoli, disse que a insegurança pode afetar a eleição de junho. "O maior feito da revolução foi acabar com o regime de Kadafi e dar um basta à corrupção da família dele. As eleições refletem a busca líbia para construir o Estado e a Constituição", acrescentou. "A fraqueza das instituições políticas pode levar a sérios problemas para a Líbia, os quais podem ser difíceis de controlar."

Além de impor a ordem, o governo também precisa reconstruir a velha e deteriorada infraestrutura do país, e melhorar os sistemas de saúde, educação e justiça do país petroleiro.

O novo governo não organizou celebrações oficiais em nível nacional para o aniversário, em respeito às milhares de pessoas que morreram no conflito que terminou com a captura e morte de Kadafi em 20 de outubro. Mas o presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, deve comparecer a Benghazi para a ocasião.

As celebrações em Benghazi, primeira cidade a se rebelar contra os 42 anos de regime de Kadafi, começaram na quarta-feira à noite, com uma passeata iluminada por tochas, evocando o primeiro protesto realizado um ano antes.

O CNT disse que kadafistas poderiam tentar perturbar as celebrações, mas talvez o maior risco em Benghazi seja representado por pessoas que apoiaram a rebelião contra Kadafi, mas que ficaram frustradas com o rumo da revolução.

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