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Presidente alemão renuncia diante de acusações de corrupção

17 fev 2012 - 08h15
(atualizado às 09h43)
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O mais jovem dos presidentes da Alemanha, o conservador moderno Christian Wulff, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia depois que a Procuradoria pediu o fim de sua imunidade por causa de uma série de casos de corrupção que o levaram às primeiras páginas dos jornais.

"A Alemanha precisa de um presidente que conte com um amplo apoio da população", disse Wulff ao reconhecer que este não é o seu caso neste momento, após a possível ação da Justiça. "Estou convencido de que (as investigações) vão comprovar minha inocência", afirmou o já presidente demissionário, que afirmou ter sido "sempre honrado" no exercício de suas funções como governante da Alemanha e anteriormente como líder do estado federado da Baixa Saxônia.

A renúncia do governante alemão ocorreu depois que a Promotoria de Hannover, ao norte do país, solicitou na quinta ao Bundestag, o Parlamento alemão, que suspendesse a imunidade de Wulff para que fosse aberta uma investigação contra o presidente.

A chanceler Angela Merkel, a promotora da eleição de Wulff, cancelou de última hora sua visita à Itália, onde deveria se reunir com o primeiro-ministro Mario Monti, para fazer uma declaração na qual pediu consenso para designar o próximo presidente alemão.

Desde meados de dezembro, Wulff, de 52 anos, é alvo de críticas dos meios de comunicação alemães que o acusam de ter tentado abafar um caso de crédito privado obtido da esposa de um amigo industrial quando era chefe do governo regional da Baixa Saxônia.

Desde então, não há uma semana em que não apareça em um novo caso do mesmo tipo. Em meados de janeiro, o endereço de seu ex-porta-voz, destituído no dia 22 de dezembro, foi revistado. Este último é suspeito de corrupção por fatos ocorridos entre 2007 e 2009, quando era o porta-voz de Wulff.

As últimas acusações contra Wulff tiveram origem em sua etapa como governador da Baixa Saxônia, por suas relações com o produtor cinematográfico David Groenewold, que também é investigado. Em 2007, Groenewold e Wulff passaram férias juntos na exclusiva ilha alemã de Sylt, que foram pagas pelo primeiro, embora o presidente tenha garantido que ressarciu aquele que qualificou como "amigo pessoal".

As férias aconteceram um ano depois que o governo da Baixa Saxônia, presidido por Wulff, aprovou a concessão de um milhão de euros a uma empresa de Groenewold.

O presidente alemão sempre rejeitou estas acusações e em meados de janeiro havia excluído uma renúncia. Na Alemanha, as funções do presidente são essencialmente honoríficas, mas o ocupante do cargo deve ser uma autoridade moral.

Wulff sempre projetou uma imagem de conservador moderno e sem problemas até os escândalos o levarem às primeiras páginas da imprensa. Elegante, sorridente, Wulff foi eleito presidente em 30 de junho de 2010 através do grande empenho de Merkel, depois da surpreendente renúncia de seu antecessor Horst Kohler. Ele só foi eleito depois da terceira rodada de uma votação em que bastava a maioria simples, o que constituiu uma humilhação para a chanceler.

Até a explosão dos escândalos, o presidente, considerado sem maior relevância, mantinha excelentes relações com a imprensa, mas os vínculos que estabeleceu com empresários quando dirigia o Estado regional da Baixa Saxônia (norte), entre 2003 e 2010, foram fatais a ele.

Antes dos recentes escândalos, em que chegou a ameaçar o chefe de redação do poderoso tabloide Bild e meses depois de chegar à presidência, este católico praticante provocou polêmica nas fileiras conservadoras quando afirmou que o Islã fazia parte da Alemanha, durante a celebração do vigésimo aniversário da Reunificação, em 3 de outubro de 2010.

Também surpreendeu em agosto passado ao criticar a compra pelo Banco Central Europeu (BCE) de obrigações de países em dificuldade, em plena crise do euro. Levando em conta o apego da Alemanha ao princípio da independência dos bancos centrais, essa intromissão do presidente em assuntos monetários foi algo inesperado.

Em setembro passado, antes da visita do Papa Bento XVI, Wulff, divorciado e casado novamente, afirmou que a Igreja católica deveria ser mais compreensiva com os divorciados.

Com informações das agências EFE e AFP

Christian Wulff anuncia sua renúncia em declaração no Palácio  Bellevue, residência presidencial, em Berlim
Christian Wulff anuncia sua renúncia em declaração no Palácio Bellevue, residência presidencial, em Berlim
Foto: Reuters
Fonte: Terra
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