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América Latina

Contaminação da Aids aumenta na AL por falta de prevenção

19 jan 2012 - 12h58
(atualizado às 13h15)
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O número de mortos pela Aids na América Latina diminuiu devido ao maior acesso ao tratamento antirretroviral, mas a contaminação continua aumentando pela falta de programas de prevenção, informou nesta quinta-feira o Programa da ONU sobre a Aids (Unaids).

"Para cada pessoa em tratamento temos duas novas infecções. Assim nunca acabaremos com a doença. Claro que é preciso evitar as mortes, mas mais importante ainda é prevenir o contágio", disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor regional para a América Latina da Unaids, César Núñez.

Dois terços do investimento para combater a epidemia na América Latina são destinados ao tratamento, e o restante à prevenção. "Além disso, esses programas se dedicam quase que exclusivamente à população mais afetada: homossexuais, prostitutas e usuários de drogas", indicou Núñez.

Para ele, os programas de prevenção deveriam ser mais amplos e abranger todas as pessoas, principalmente os mais jovens, que parecem ter perdido o medo da Aids. "Segundo a Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), 25% dos partos na América Latina são de menores de 17 anos, o que significa que os jovens fazem sexo sem proteção. Embora seja um dado indireto, nos mostra que eles são passíveis de contaminação. É óbvio que falta informação e educação sexual", explicou.

Estima-se que a cada ano ocorram na região 100 mil novas infecções. O número de pessoas com o vírus do HIV aumentou de 1,3 milhão, em 2001, para 1,5 milhão em 2010. Desse total, 36% são do sexo feminino, um número que aumentou dramaticamente nos últimos dez anos, já que em 2001 para cada dez homens infectados havia uma mulher.

Uma das razões que explicam esse crescimento da contaminação entre as mulheres é que elas são contaminadas por seus maridos ou parceiros que tiveram relações não seguras com prostitutas, ou em muitos casos, com outros homens. O principal foco de transmissão na região são os homens que mantêm relações com outros homens sem proteção. "Na América Latina, o estigma contra os homossexuais permanece. Por isso a prática continua sendo escondida em muitos lugares, e esses homens contaminam suas esposas ou parceiras"", disse Núñez.

O Panamá e a Nicarágua foram os últimos países latino-americanos a abolirem leis homofóbicas, em 2008. "Mas o estigma social continua, por isso é preciso fazer campanhas que combatam a discriminação, o que ajudará na luta contra a doença", especificou Núñez.

De acordo com os dados disponíveis, entre 3% e 20% dos homens latino-americanos têm relações sexuais com outros homens ao longo de sua vida. Dependendo do país, entre 32% e 78% dos homens que fazem sexo com outros homens também mantêm relações com mulheres, e entre 1,7% e 41% são casados.

Atualmente, 64% da população infectada têm acesso a tratamento, algo que precisa melhorar, já que em muitos casos "chega tarde demais, quando a doença já se desenvolveu".

Núñez destacou um problema que, apesar de estar melhorando, ainda persiste: a falta de planejamento, que gerou a ausência de remédios em países que inclusive são produtores de genéricos, como o Brasil.

EFE   
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