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Capitão assistiu a naufrágio de navio em terra, diz juíza

18 jan 2012 - 13h31
(atualizado às 13h47)
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O capitão do cruzeiro Costa Concordia, Francesco Schettino, permaneceu sobre um dique da ilha italiana de Giglio olhando afundar a embarcação que tinha abandonado antes de concluir a retirada dos passageiros, disse a juíza Valeria Montesarchio. A conclusão da juíza está na ordem ditada na tarde de terça-feira para a prisão domiciliar do capitão, à qual a agência EFE teve acesso. O resultado é baseado nos testemunhos que foram recolhidos na investigação pelo acidente marítimo.

Francesco Schettino, capitão do navio Costa Concordia, é escoltado por policiais após ser interrogado, em Grosseto
Francesco Schettino, capitão do navio Costa Concordia, é escoltado por policiais após ser interrogado, em Grosseto
Foto: Reuters

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A juíza considera, além disso, que existem "graves indícios" dos três delitos dos quais Schettino é acusado: o de abandono do navio, homicídio culposo múltiplo e naufrágio. Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 22 continuam desaparecidas após o naufrágio do cruzeiro, na noite de sexta-feira, no qual viajavam mais de 4 mil pessoas.

No entanto, a juíza estabelece na ordem que não há indícios sobre uma tentativa de fuga nem de contaminação de provas por parte do capitão, como sustentam os fiscais, e por isso dita a prisão domiciliar e despreza o pedido do promotor Francesco Verusio, que pedia prisão cautelar. A magistrada acredita que "de todas as investigações realizadas após o acidente marítimo resulta a conduta culposa atribuída ao comandante, que mediante uma manobra gravemente imprudente aproximou o navio excessivamente do litoral da ilha de Giglio, com uma mudança da rota".

Sobre isso, afirma que o capitão admitiu durante o interrogatório ao qual se submeteu na sede do Tribunal de Grosseto, "a aproximação (do navio) a 0,28 milhas de distância do litoral". "É evidente e indiscutível a grave evidência e incompetência que ajudou a conduta do capitão" diz o documento emitido pela juíza, que acrescenta que existiu uma subvalorização da magnitude do dano que tinha sofrido o navio após colidir com a formação rochosa.

Montesarchio afirma que o capitão "não tinha como não perceber a importância do dano" e insiste que demorou entre 30 e 40 minutos a dar o sinal de alarme, sem que antes tivesse advertido às autoridades litorâneas para dar a entender a gravidade da situação. Sobre o abandono do navio por parte de Schettino, um aspecto que levantou a polêmica na Itália, a juíza indica que o capitão deixou a embarcação quando estavam a bordo "pelo menos 100 pessoas".

A juíza explica, além disso, que Schettino testemunhou que o abandono do navio não foi "voluntário", mas pelas condições nas quais se encontrava, era "necessário", embora a juíza destaque que outros oficiais permaneceram a bordo para coordenar os trabalhos de retirada dos passageiros. "Embora fosse verdade a necessidade objetiva do desembarque não houve nenhuma tentativa de voltar às proximidades do navio por parte do capitão nas fases imediatamente posteriores ao abandono do Costa Concordia", afirmou a juíza.

Naufrágio do Costa Concordia
O cruzeiro Costa Concordia naufragou na última sexta-feira, dia 13 de janeiro, após colidir em uma rocha nas proximidades da ilha de Giglio, na costa italiana da Toscana. Mais de 4,2 mil pessoas estavam a bordo. Até a tarde de terça-feira, dia 17, 11 mortes haviam sido confirmadas. Ainda há desaparecidos, e prosseguem os trabalhos de busca. O Itamaraty informou que 57 brasileiros estavam a bordo do navio, mas nenhum deles está entre as pessoas não encontradas.

O navio, que tem 290 metros de comprimento e 114,5 mil toneladas, margeava a ilha de Giglio quando houve a colisão, imediatamente começando a adernar. Houve pânico e reclamações de despreparo da tripulação. O comandante do Costa Concordia, Francesco Schettino, foi acusado de ter abandonado o navio. Ele disse que estava no comando, mas um áudio divulgado para a imprensa, em que há uma discussão entre ele e a Guarda Costeira, indica que o capitão já estava na costa no momento do resgate.

Veja no mapa o local onde aconteceu o acidente:

EFE   
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