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Oriente Médio

Pequim quer que Irã aumente sua cooperação com AIEA

11 jan 2012 - 07h14
(atualizado às 11h01)
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A China expressou nesta quarta-feira seu desejo de que o Irã aumente sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), coincidindo com a visita a Pequim do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, para conseguir apoio às sanções contra o regime de Teerã.

O governo chinês "deseja que o Irã aumente sua cooperação com a AIEA e solucione os problemas de seu programa nuclear o mais rápido possível", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Liu Zhenmin em entrevista coletiva.

Conforme o porta-voz, Pequim pede a todas as partes envolvidas que aumentem os esforços diplomáticos para solucionar o conflito originado pelo programa de expansão nuclear do Irã.

"Para resolver essa questão, é fundamental elevar os esforços diplomáticos e retomar o diálogo e a negociação entre Irã e o 5+1 (grupo formado pelos países membro do Conselho de Segurança mais a Alemanha) o mais rápido possível", declarou Liu.

Na segunda-feira passada, a AIEA confirmou que o Irã começou a produção de urânio enriquecido a 20% em sua nova usina de Fordo, a 160 quilômetros de Teerã.

"Nós levamos em consideração essa importante informação", destacou Liu, que acrescentou que a China reconhece que as instalações nucleares do Irã estão sob a garantia e a supervisão da AIEA.

País rejeita sanções excessivas
Por outro lado, a China não deu nenhuma indicação nesta quarta-feira de ceder ao pedido dos Estados Unidos de corte dos rendimentos do Irã com petróleo e rejeitou como excessivas as sanções americanas, mesmo com a presença de Geithner, em Pequim, para pleitear o apoio chinês.

Geithner se reuniu nesta quarta-feira com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e na semana que vem fará uma visita à Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, cuja oferta será crucial para que a China possa deixar de comprar o produto do Irã.

Os EUA impuseram em 31 de dezembro sanções a instituições financeiras que tenham negócios com o Banco Central iraniano, por onde tramitam pagamentos de exportações petrolíferas. As medidas decorrem da desconfiança americana de que o Irã estaria tentando desenvolver armas nucleares - o que o governo iraniano nega.

"Quanto ao crescimento econômico, estabilidade financeira no mundo, não-proliferação nuclear, nós temos o que consideramos ser um relacionamento muito forte e cooperativo com seu governo e pretendemos ampliar isso", disse Geithner ao vice-presidente chinês, Xi Jinping, no início do dia.

Na reunião com Xi Jinping, cotado para ser o próximo chefe de Estado da China, Geithner enfatizou a necessidade de cooperação econômica e estratégica entre Pequim e Washington.

"A respeito do crescimento econômico, da estabilidade financeira no mundo todo e da não-proliferação, temos o que consideramos ser uma fortíssima relação de cooperação com o seu governo, e estamos interessados em ampliar isso", disse o secretário a um sorridente Xi.

A China já apoiou quatro rodadas de sanções da ONU contra o Irã, mas se empenha em evitar medidas que afetem o setor energético iraniano. O país tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e critica os EUA e a União Europeia por adotarem sanções unilaterais adicionais.

A UE também deve adotar um embargo ao petróleo iraniano, mas China, Japão e Índia, os três maiores clientes do Irã, dificilmente aceitarão isso. Depois da visita a Pequim, Geithner segue para Tóquio.

O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin, repetiu a posição habitual do país a respeito do Irã. "A China é um grande país em desenvolvimento, e tem uma razoável demanda por energia (...), uma cooperação energética normal e transparente com o Irã, e isso não viola as resoluções do Conselho de Segurança. Não é razoável que um país imponha suas leis internas para predominarem como lei internacional, e exija que outros países as cumpram. Então, a China acredita que a cooperação energética e a demanda razoável não têm relação com a questão nuclear do Irã, e não devem ser afetadas."

A China é o maior cliente do petróleo iraniano, recebendo cerca de um quinto do total, mas já reduziu suas compras para janeiro e fevereiro por causa de uma disputa envolvendo preços.

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