PUBLICIDADE

Ásia

Desnutrição afeta 42% das crianças nos distritos pobres da Índia

10 jan 2012 - 13h55
(atualizado às 15h21)
Compartilhar

A desnutrição é uma "vergonha nacional" para a Índia, disse nesta terça-feira o primeiro-ministro do país, Manmohan Singh, após constatar que segundo um novo estudo, 42% das crianças indianas dos distritos mais pobres estão desnutridas.

Criança come biscoitos em uma rua de Nova Délhi; o premiê classificou a desnutrição como vergonha nacional
Criança come biscoitos em uma rua de Nova Délhi; o premiê classificou a desnutrição como vergonha nacional
Foto: AP

Singh lançou na capital indiana o primeiro estudo em anos sobre o problema, que tem como título "HUNGaMA" e revela que a metade das crianças dos 100 distritos mais pobres sofrem atrofias ou desnutrição aos dois anos.

"Apesar do nosso impressionante crescimento econômico, o nível de desnutrição é inaceitavelmente alto. Não conseguimos reduzir este índice suficientemente rápido", se lamentou o primeiro-ministro durante a apresentação, que foi televisada pelos canais locais.

A economia indiana cresceu acima de 6,5% nos últimos anos, mas persistem graves desigualdades em função do território, e segundo relatório do Unicef de 2009, cerca de 61 milhões de crianças estão desnutridas, um terço do total global.

Reduzir a desnutrição à metade no ano de 2015 (desde as taxas de 1990) é um dos Objetivos do Milênio para a Índia: estima-se que para esse ano a taxa de crianças afetadas pelo problema na Índia deveria ser de 27,4%.

Entretanto, segundo o relatório, as taxas atuais são alarmantes nos distritos mais pobres do país, onde 59% das crianças menores de cinco anos apresentam atrofias e 92% das mães nem sequer tinham escutado a palavra "desnutrição".

"É evidente que as campanhas de informação não são satisfatórias. A lactação materna é seguida por menos da metade das mães e quase ninguém sabe dizer o que é desnutrição", disse à agência Efe a chefe da pesquisa, Rohini Mukherjee.

"É fundamental que sejamos capazes de atuar no período conhecido como dos ''mil dias'', desde que a mulher fica grávida até que a criança complete dois anos. As mães podem fazer coisas que não custam dinheiro, como recorrer à lactação", acrescentou.

O relatório, o primeiro desse nível realizado desde 2004, se baseia em uma pesquisa em 112 distritos da Índia pela fundação indiana Naandi. Os pesquisadores entrevistaram pessoas de 73 mil famílias.

As conclusões também contêm dados positivos, como a redução da taxa de desnutrição (há sete anos era de 53%) ou o fato de que as meninas, tradicionalmente discriminadas em grandes regiões, não estejam em uma situação ainda pior que a dos meninos.

"Os resultados desta enquete são ao mesmo tempo preocupantes e promissores", disse Singh. "Sempre achamos que o nível educativo de uma mãe, o status econômico de uma família, a higiene, o status da mãe na família ou a lactação afetavam a nutrição. O estudo validou essas hipóteses", acrescentou.

O primeiro-ministro da Índia expressou também que seu Governo decidiu, entre outras coisas, lançar um programa de desenvolvimento multisetorial, uma campanha de comunicação contra a desnutrição e iniciativas para garantir o bem-estar dos menores.

A Índia iniciou em 1975 um plano dedicado a lutar contra a praga da desnutrição, que consistia na implantação de centros dedicados a fomentar a formação nutricional e alimentar as crianças, mas o programa continua sem dar os resultados esperados.

Segundo diferentes especialistas, a maioria das crianças indianas têm uma alimentação monótona e baseada em poucos alimentos de origem vegetal, e além disso estão sujeitas a uma lactação deficiente.

Embora geral, o problema mais grave se concentra em poucas regiões, um arco do norte do país que na Índia se conhece com o nome de "Bimarou", referido a Bihar, Jharkhand, Madhya Pradesh, Rajastão, Orissa e Uttar Pradesh.

Em língua híndi, a palavra "bimar" significa doente, e em geral essas regiões costumam aparecer no fim dos indicadores de desenvolvimento humano: ali estão também os 100 distritos onde está mais presente a praga da desnutrição.

EFE   
Compartilhar
Publicidade