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África

Região nigeriana adota toque de recolher após onda de violência

7 jan 2012 - 18h42
(atualizado às 18h52)
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O governo do Estado de Adamawa, no norte da Nigéria, impôs neste sábado um toque de recolher de 24 horas em resposta à onda de atentados contra cristãos cometidos nesta sexta-feira, que causaram mais de 20 mortos.

Carro queima após a explosão em uma das igrejas católicas atacadas na Nigéria
Carro queima após a explosão em uma das igrejas católicas atacadas na Nigéria
Foto: Reuters

O governo tomou a decisão após dois ataques cometidos na última hora de sexta-feira na capital desse Estado, Yola, nos quais morreram 11 pessoas e vários feridos, segundo informou a agência de notícias nigeriana NAN.

Vários pistoleiros invadiram uma igreja do bairro de Diubeli e assassinaram oito fiéis, e em seguida fizeram outras três vítimas em uma barbearia próxima.

Esses atentados aconteceram depois que pelo menos 15 pessoas morreram na localidade de Mubi, também localizada em Adamawa, em um ataque de homens armados, supostos membros da seita radical islamita Boko Haram, que dispararam contra um grupo de cidadãos reunidos nessa cidade.

Segundo um representante da Polícia, que pediu anonimato, as vítimas pertenciam aparentemente à tribo Ibgo, originária do sudeste da Nigéria, de maioria cristã.

Estes atentados são os primeiros sofridos pelo estado de Adamawa após o início da campanha de terror do Boko Haram no ano passado no norte da Nigéria, de maioria muçulmana.

Além disso, supostos integrantes desse grupo terrorista se envolveram em um tiroteio na sexta-feira com as forças de segurança em Potiskum, no estado nortista de Yobe, após lançar explosivos contra uma delegacia.

"Enfrentamos Boko Haram em tiroteios durante quase toda a noite (de sexta-feira), mas é muito cedo para divulgar números de vítimas", disse o chefe da Polícia de Yobe, Lawan Tanko, citado pelo jornal Leadership.

Alguns moradores de Potiskum, especialmente dos bairros próximos à delegacia, abandonaram suas casas e se transferiram para áreas mais seguras da cidade.

Na quinta-feira passada, um grupo de pistoleiros atacou uma igreja em Gombe, capital do estado homônimo nigeriano, e assassinou seis fiéis, inclusive o sacerdote e sua esposa.

Estes incidentes ocorreram apesar do estado de emergência decretado pelo presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, em regiões do norte do país há uma semana, após os atentados contra igrejas que deixaram pelo menos 49 mortos em três Estados no Natal.

Existe o temor que os ataques contra igrejas acontecidos no norte possam acarretar represálias no sul do país, de maioria cristã. De fato, 200 jovens armados com machados e facas feriram nesta sexta-feira cerca de 50 muçulmanos em um ataque em Sapele, na sulina região do Delta do Níger, segundo informou o jornal Vanguard.

A Associação Cristã da Nigéria pediu a seus membros que adotem todas as medidas necessárias para defender-se, o que aumentou o receio pelo início de um conflito aberto entre fiéis das duas religiões.

O norte da Nigéria foi castigado no último ano por atentados atribuídos ao Boko Haram, cujo nome significa "A educação não-islâmica é pecado".

O grupo se responsabilizou pelos atentados do Natal, assim como pelo ataque de agosto contra a sede da ONU em Abuja, no qual morreram 24 pessoas.

A Nigéria é o país mais povoado da África, com mais de 150 milhões de habitantes, dos quais cerca de 50% são muçulmanos, que vivem na metade norte, enquanto os outros 50%, cristãos, vivem na metade sul.

EFE   
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