Fechamento do Estreito de Ormuz pode levar EUA à reação militar
29 dez2011 - 11h03
(atualizado às 11h39)
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O Irã até teria condições de cumprir com suas ameaças de fechar indefinidamente ou interromper o transporte de petróleo através do estratégico Estreito de Ormuz, mas com isso desencadearia uma devastadora reação militar dos Estados Unidos e deixaria Teerã completamente isolado no cenário mundial, segundo especialistas.
Apesar de o Irã ter advertido que estuda este fechamento como represália as eventuais sanções a suas exportações de petróleo, vários analistas concordam que as autoridades iranianas estão mais inclinadas para ações de menor escala, antes de minar o canal.
Com 2.000 minas em seu arsenal (estimativa ocidental), o Irã poderia espalhar centenas delas no estreito, o que provocaria o seu fechamento e interromperia o tráfego marítimo tempo suficiente para causar estragos no mercado mundial de petróleo.
No entanto, colocar minas no estreito seria um claro ato de guerra, e o Irã enfrentaria uma resposta militar maciça por parte dos Estados Unidos, além de criar desafetos em todo o mundo, opinou Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Em tal cenário, "todos no Golfo iriam apoiar uma intervenção estrangeira", disse Cordesman à AFP.
O Irã colocaria em risco grande parte de seu poderio militar e de sua economia ao mergulhar em um confronto direto, afirmou. "Este é um país que não possui uma força aérea moderna e nem uma marinha moderna".
Algumas avaliações prevêem que o estreito seria fechado apenas por alguns dias, mas outros especialistas são mais pessimistas. Um estudo de 2008 concluiu que "a experiência passada em campanhas de guerra com minas sugere que levaria várias semanas, até meses, até que o fluxo total de comércio fosse restaurado, e ainda mais tempo para convencer os mercados do petróleo que a estabilidade voltou", escreveu o estudioso Caitlin Talmadge em uma revista da Universidade de Harvard.
O Irã confia no estreito como suporte econômico para suas exportações de petróleo, por isso, analistas e autoridades apostam que Teerã poderia optar por ações menores para apenas causar um aumento nos preços do petróleo. "Há uma ampla gama de opções assimétrica", sem que seja preciso fechar o estreito, disse Cordesman.
Uma possibilidade é assediar, parar embarcações comerciais e realizar inspeções, explicou Alireza Nader, especialista iraniano no Grupo de Estudos Estratégicos Rand Corporation
Em 2007, o Irã interceptou uma frota britânica, alegando que os barcos tinham entrado em águas iranianas. A última vez que a república islâmica confrontou navios de guerra americanos no Golfo, durante a guerra Irã-Iraque na década de 1980, foi derrotado facilmente.
Desde então, o Irã tem procurado reforçar o seu poder naval e as defesas costeiras, adquirindo minas mais poderosas, mísseis anti-navios, submarinos e uma frota de barcos menores.
Um oficial militar dos Estados Unidos rejeitou na quarta-feira as ameaças do Irã sobre o estreito, dizendo que essas declarações são "em grande parte retórica" e que é improvável que o país esteja pronto a dar um passo tão ousado. "Nossa prioridade é a liberdade de navegação. Nós faremos o que for necessário para garantir a área continue livre", disse um funcionário, que falou sob condição de anonimato.
O Irã ameaça fechar o Estreito de Ormuz, como parte de um jogo provocativo. Com isso, espera ter apoio internacional para deter as duras sanções por seu programa nuclear, afirmou Nader.
Há um perigo crescente de que uma provocação pequena do Irã, como a apreensão de um navio pertencente a um estado do Golfo Pérsico, possa causar uma reação em cadeia, mesmo que Washington e Teerã não queiram, acrescentou.
"A questão é que as tensões estão tão altas, mesmo se tratando de um blefe, há muito espaço para um erro de cálculo de ambas as partes. O Irã está usando isso como um elemento de dissuasão, mas se for longe demais, poderá ter uma guerra em suas mãos", concluiu.
A tensão crescente entre Irã e Israel e Estados Unidos têm sido marcada pela frequente troca de ameaças. No domingo, o ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi, ameaçou ensinar aos Estados Unidos o "verdadeiro significado da guerra" e alertou para os "golpes destrutivos e poderosos dos mísseis e foguetes do Irã". Apesar de haver muita desinformação sobre o poderio de suas armas, o Irã é notório por realizar seguidos testes de mísseis. Veja a seguir parte do arsenal iraniano
Foto: Terra
Mini-submarino Ghadir: Os submarinos Ghadir são usados pela marinha iraniana desde 2009. Eles têm como objetivo atuar em patrulhamento, detecção de minas e em combates - são capazes de disparar torpedos Hoot. Eles podem atingir velocidade aproximada de 20 km/h
Foto: AFP
Míssil Saeqeh: Esta família de mísseis foi testada em abril de 2010 durante uma série de exercícios militares promovidos pelo Irã. Acredita-se que ele faça parte do projeto iraniano que busca produzir mísseis capazes de atingir a Europa oriental até 2014
Foto: AFP
Caça Azarakhsh: O nome Azarakhsh (relâmpago, em português) se refere a uma série de aviões de combate desenvolvido pela força aérea iraniana. Os caças, cujas especificidades não são divulgadas pelo governo iraniano, foram desenvolvidos em 1997
Foto: AFP
Caça Saeqeh: Este caça é a segunda geração das aeronaves Azarakhsh produzido em conjunto pela força aérea iraniana e o ministério da Defesa do país. Ele foi apresentado oficialmente em setembro de 2007. Ele é baseado no modelo americano F-5
Foto: AFP
Míssil Ghadr-110: Essa linha de mísseis balísticos de médio alcance capaz de atingir alvos a uma distância entre 2,5 mil km e 3 mil km. Eles são desenvoldios pela indústria militar do país
Foto: Getty Images
Míssil Fateh: O míssil superfície-superfície Fateh 110 produzido pela indústria iraniana desde 2002 é capaz de atingir alvos a até 200 km de distância. Acredita-se que os mísseis podem atingir a velocidade de 4.300 km/h. O artefato carrega uma única ogiva
Foto: AFP
Míssil Ghasedak: Esse tipo de míssil foi desenvolvido com tecnologia iraniana para atacar alvos em solo. Foram apresentados pela primeira vez em uma parada militar em abril de 2008, em Teerã
Foto: Getty Images
Rifle Nakhjir: Este rifle do tipo sniper é uma variação iraniana do rifle de fabricação soviética SVD (Dragunov)
Foto: AP
Fragatas Alvand: Esta classe de fragata, composta por quatro unidades, foi fabricada no Reino Unido e comercializado com o Irã no final dos anos 60. Uma das unidades foi afundada pelo exército americano em 1988. As demais, que ainda estão em serviço, são capazes de navegar a até 72 km/h. Elas têm alcance máximo de 9 mil km a uma velocidade de 28 km/h
Foto: AP
Avião não-tripulado Karrar: Esta aeronave não-tripulada de fabricação iraniana foi apresentada pelo governo do país em um vídeo divulgado em agosto de 2010. Não há informações precisas sobre o avião, mas acredita-se que ele seja capaz de carregar explosivos e realizar operações de vigilância. Elas estão em fase de testes
Foto: Reprodução
Míssil Kowsar: Este míssil, cujo nome homenageia um rio no paraíso, é um míssil de médio alcance produzido pelo Irã para atacar alvos em alto mar - tem capacidade para afundar navios do tamanho de uma corveta. Eles são equipados com sistemas remotos de controle e de busca. Eles foram testados pela primeira vez em 2006 e foram desenvolvidos para serem lançados de plataformas móveis, o que os torna mais difíceis de detectar e destruir
Foto: AFP
Míssil Nasr 1: É um míssil cruzeiro de curto alcance de fabricação iraniana capaz de evitar radares e destruir alvos de 3 mil toneladas, como navios de guerra. Eles podem ser lançados de navios, submarinos, helicópteros e estruturas em terra. Eles foram testados começaram a ser produzidos em larga escala em março de 2010, segundo o governo do país
Foto: AFP
Míssil Noor: Este míssil é uma variação iraniana do chinês C-802. Eles foram produzidos para atacar embarcações a uma distância de até 200 km. Eles podem ser lançados de plataformas terrestres e marinhas
Foto: AFP
Avião Iran-140: Este avião de transporte foi a primeira aeronave de fabricação iraniana capaz de levar passageiros. O avião, desenvolvido com assistência ucraniana, foi apresentado em 2001 e atualmente é empregado pelas forças armadas do país para transportar unidades
Foto: AFP
Tanque Raad: Este blindado foi apresentado em 1996 como a primeira unidade de artilharia howitzer de fabricação iraniana. Ele é capaz de realizar disparos de calibre 122 mm a uma distância de até 15,2 km. O tanque tem um alcance operacional de 500 km e velocidade máxima de 65 km/h
Foto: AFP
Míssil Sayyad: Esta família de mísseis superfície-ar foi desenvolvida para proteção antiaérea. O modelo Sayyad 2 foi apresentado este ano é uma versão mais precisa, com maior alcance e maior poder de destruição comparada ao Sayyad 1. Ele pode atingir qualquer tipo de aeronave a média e alta altitudes. Ele carrega ogivas de 200 kg e pode alcançar uma velocidade de 4,3 mil km/h
Foto: AFP
Pistola PC-9 ZOAF: Esta pistola semi-automática de calibre 9 mm é uma variação iraniana não licenciada da pistola suíça SIG P-226
Foto: Reprodução
Lançador de foguetes RPG-7: Este lançador de foguetes é um clássico exemplar da produção de armas soviética lançado em 1961 e ainda empregado por muitos países, incluindo o Irã. É capaz de efetuar disparos de calibre 85 mm a uma distância efetiva de 200 m. Tem como principal utilidade interceptar tanques
Foto: AFP
Lançador de foguetes sem recuo SPG-9: Este armamento de fabricação soviética é utilizado desde 1962. Ele foi produzido para ser carregado por uma pessoa e disparar foguetes de calibre 73 mm a partir de tripés
Foto: AFP
Submarino de ataque Kilo (SKK): A classe de submarinos Kilo foi desenhada na União Soviética. Acredita-se que o Irã tenha comprado três unidades entre 1992 e 1996. Este submarino anti-naval é capaz de disparar torpedos de calibre 530mm. Ele é capaz de atingir a velocidade máxima de 37km/h e tem alcance de 18 mil km
Foto: AP
Tanque T-62: Este tanque de guerra soviético foi produzido a partir de 1961 e ainda é empregado pelo exército iraniano. Ele é armado com um canhão de 115 mm capaz de atingir alvos a até 3 km. O T-62 tem um alcance operacional de 450 km e velocidade máxima de 50 km/h
Foto: AFP
Tanque T-72: A versão seguinte do T-62, este tanque soviético foi produzido a partir de 1971. É armado com um canhão de 125 mm capaz de atingir alvos a até 4,5 km de distância. O blindado tem um alcance operacional de até 600 km e é capaz de atingir 60 km/h em estradas
Foto: AFP
Metralhadora Uzi: Esta é uma arma fabricada pelo grande rival do Irã, Israel - talvez seja o mais famoso armamento de produção israelense. Na ativa desde 1950, a Uzi é capaz de efetuar até 600 disparos por minuto de calibres 9x19 mm, .22 LR, .45 ACP e .41 AE. Ela pesa 3,5 kg