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Europa

Tensão com França remete à candidatura da Turquia à UE

26 dez 2011 - 15h37
(atualizado às 15h49)
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A aprovação de uma lei na Assembleia Nacional francesa que torna crime negar o genocídio do império turco Otomano de mais de 1,5 milhão de armênios, em 1915, foi mais um estopim para a crise diplomática entre a Turquia e a França. A tensão que se arrasta há anos desde quando os turcos anunciaram suas pretensões de entrar na União Europeia. O projeto aprovado na semana passada seguirá em 2012 para o Senado francês.

Manifestantes franceses de origem turca protestam conta aprovação da lei que torna crime negar o genocídio de armênios realizado por turcos
Manifestantes franceses de origem turca protestam conta aprovação da lei que torna crime negar o genocídio de armênios realizado por turcos
Foto: AFP

A questão do genocídio veio à tona ainda no começo da década passada.Em 2001, a França aprovou uma lei que reconhece o genocídio armênio, no qual, segundo os armênios, 1,5 milhão de pessoas morreram. A Turquia reconhece que cerca de 500 mil armênios morreram em combates e durante sua deportação, mas negou o extermínio.

Quando a Turquia anunciou suas pretenções de aderir à zona do euro, a polêmica em torno do reconhecimento do genocídio ganhou força. Em 2004, o então presidente francês Jacques Chirac defendeu a abertura das negociações com a Turquia, mas semanas depois o chanceler francês Michael Barnier anunciou que a questão do genocídio estaria entre suas indagações. A posição foi repetida pela antecessor de Sarkozy em outras ocasiões.

Em abril de 2011 o premie turco, Tayyig Erdogan, teve um encontro com o presidente francês, mas dois meses já dizia que se a França se "arrependeria" por rejeitar a entrada dos turcos na EU. "O distinto senhor Sarkozy se arrependerá pelo que está fazendo", afirmou Erdogan. "Com (o ex-presidente francês Jacques) Chirac, mantivemos conversas dentro da UE, mas nunca vi este tipo de comportamento em Chirac", acrescentou. Devido à posição de Paris, Erdogan ameaçou suspender futuras viagens à França e as atividades culturais da Turquia previstas naquele país.

Até a intervenção na Líbia entrou na polêmica. Em março de 2011, Erdogan considerou positivo o fato de a França perder peso no comando da coalizão internacional quando a Otan assumisse as operações.

Dos 35 capítulos nos quais se dividem as negociações de adesão à UE, a Turquia conseguiu a abertura de 12, mas só um deles foi levado adiante. Oito destes capítulos estão bloqueados devido à recusa da Turquia em abrir seus portos e aeroportos aos navios e aviões do Chipre, um membro da UE com o qual mantém uma disputa pela divisão da ilha mediterrânea.

Após a votação da lei na semana passada, a Turquia decidiu cancelar todos os contatos políticos, econômicos e militares com a França. Os turcos negam que o Império Otomano, antecessor da Turquia moderna, tenha cometido genocídio contra a população armênia. O premiê turco sugeriu que Sarkozy estaria de olho no eleitorado de origem armênia na França para as eleições de 2012, da qual é candidato.

Com informações da AFP, EFE e Reuters.

Fonte: Terra
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