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Ásia

Vigilância mútua marca clima da fronteira entre Coreias

22 dez 2011 - 10h55
(atualizado às 11h04)
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Militares das duas Coreias vigiam-se mutuamente em Panmunjom, uma das últimas fronteiras da Guerra Fria, que divide um Norte de luto e um Sul que aguarda indícios sobre o rumo de seu vizinho após a morte de Kim Jong-il.

Apenas 20 metros separam os soldados dos dois países na demarcação de Panmunjom, onde em 1953 ocorreram as negociações entre as duas Coreias e os Estados Unidos que puseram fim a uma guerra que moldou a península e deixou o Norte sob o mandato autoritário da dinastia Kim.

Nesta quinta-feira, o lado norte-coreano da fronteira não mostrava nenhum sinal visível de luto pela morte do "querido líder" Kim Jong-il, anunciada na segunda-feira e que levou Seul a aumentar a vigilância na conturbada fronteira que transcorre ao longo do paralelo 38.

Apesar da incerteza sobre a mudança de liderança no hermético regime comunista, a parte sul-coreana de Panmunjom seguia aberta aos visitantes que, com autorização prévia, podiam entrar na área de segurança conjunta e nos postos do comando da ONU utilizados para negociações intercoreanas.

Ali, com rigidez marcial e sobre um chão gelado pelas baixas temperaturas, cinco soldados sul-coreanos montavam guarda com o olhar fixo em dois militares do país vizinho do outro lado dos edifícios, que respondiam da mesma maneira.

Muito perto desse local fica a chamada "ponte sem retorno", que serviu para trocar prisioneiros e onde nos últimos dias, devido à situação excepcional, o acesso está proibido.

"Por enquanto estamos tentando ver o que vai acontecer", afirmou cauteloso um dos soldados dos Estados Unidos, país que administra junto com a Coreia do Sul a parte meridional da zona desmilitarizada.

A designação de Kim Jong-un, o filho mais novo de Kim Jong-il, como seu sucessor gerava certo ceticismo no militar: "Ele quase não tem experiência, é muito jovem. É possível que se apoie em seu tio (Jang Song-thaek, cunhado de Kim Jong-il), mas ainda não sabemos de nada", afirmou.

Com menos de 30 anos e pouca presença nos círculos políticos e militares, Kim Jong-un vem sendo o centro de uma campanha de propaganda dos meios de comunicação norte-coreanos, que começaram a construir um culto a sua personalidade na mesma linha do que era feito com seu pai e seu avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte.

Diante da opacidade do regime norte-coreano, o Sul tenta analisar todos os cenários possíveis ao lado de seus vizinhos asiáticos, entre os quais a China, que já expressou seu apoio a Kim Jong-un como novo líder.

O delegado sul-coreano no diálogo nuclear, Lim Sung-nam, viajou nesta quinta para Pequim para avaliar junto com seu colega chinês as consequências da morte de Kim nas conversas para a desnuclearização de Pyongyang.

Estas negociações estão estagnadas desde 2009, mas nos últimos meses o regime norte-coreano havia demonstrado disposição em retomá-las em troca de ajuda, enquanto EUA e Seul reivindicavam um compromisso prévio e o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ao país.

Por enquanto, o futuro desse diálogo está à espera de que após o funeral de Kim Jong-il, no dia 28, se confirme o confuso mapa de poder na Coreia do Norte.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, que chegou ao cargo em 2008 com uma política de mão dura rumo a Pyongyang, afirmou nesta quinta que seu governo está se esforçando para evitar que, após a morte de Kim, o país comunista perceba sinais de "hostilidade" de sua parte.

A atitude do Executivo não serviu para calar as críticas na Coreia do Sul a seus serviços de Inteligência, que após anos de acompanhamento das atividades de Kim Jong-il não souberam de sua morte até que foi anunciada, dois dias após ter ocorrido, pela emissora estatal norte-coreana "KCNA".

EFE   
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