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Ásia

Refugiados celebram morte de Kim Jong-il e acreditam em mudanças

20 dez 2011 - 14h15
(atualizado às 14h52)
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Os norte-coreanos que passaram clandestinamente para o Sul fugindo da opressão ou da fome expressaram nesta terça-feira sua alegria, um dia depois do anúncio da morte de Kim Jong-il, odiado pelos refugiados políticos que esperam voltar a seu país quando a ditadura acabar.

"Nunca me senti tão feliz!", exclamou Lim Yong-sun, um ex-tenente do exército norte-coreano que desertou em 1993. "Meus amigos e eu estávamos tão eufóricos que comemos e bebemos durante toda a noite", contou à AFP. Seus rostos radiantes contrastavam com as cenas de dramática tristeza coletiva divulgadas no Norte pela televisão estatal depois da morte do ditador, que dirigia o país com mão de ferro desde 1994.

"Como não se alegrar quando o carrasco do século morreu? O mais divertido é que Kim, que queria me matar, morreu antes que eu", ironizou Park Sang-hak, que preside a organização "Os combatentes por uma Coreia do Norte livre". Com outros dissidentes refugiados no Sul, ele prevê lançar na quarta-feira em direção ao Norte 200 mil panfletos em balões inflados com gás hélio.

Centenas de pessoas fogem todos os anos da fome e da repressão que atingem a Coreia do Norte. Oficialmente, mais de 21,7 mil norte-coreanos fugiram em direção ao Sul desde o fim da guerra da Coreia (1950-1953), a metade dos quais nos últimos cinco anos. Outras centenas ou milhares vivem na China, a mercê de traficantes de seres humanos e das autoridades chinesas, que os consideram como imigrantes econômicos e os devolvem ao Norte.

Kim Seung-chul, um ex-arquiteto que dirige uma rádio transmitida em direção ao seu país natal, afirma que, "segundo pessoas bem informadas, os coreanos não estão tão tristes como mostra a televisão e que tudo foi orquestrado". "Há uma possibilidade de mudança rápida na Coreia do Norte", acrescentou.

O Comitê pela Democratização da Coreia do Norte publicou um comunicado saudando a morte do líder comunista, mas também lamentou que Kim Jong-il não tenha sofrido o destino de ditadores como o líbio Muammar Kadafi, morto pelos rebeldes em circunstâncias ainda pouco claras.

"Pagará no inferno por todos os sofrimentos desumanos que infligiu ao povo", afirma o comunicado. "O dia 17 de dezembro deveria ser o dia em que a democratização foi lançada no Norte e que os norte-coreanos recuperaram seus direitos".

Alguns dissidentes esperam que o inexperiente Kim Jong-un, o filho de Kim Jong-il designado para sua sucessão, não consiga se segurar no poder, apesar do apoio da nomenklatura, das forças armadas e da poderosa propaganda do regime.

Jung Gyoung-il, presidente da "Rede democrática contra o gulag norte-coreano", aposta também em um fracasso do que constitui a segunda sucessão hereditária desde Kim Il-sung, fundador do regime e avô de Kim Jong-un, falecido em 1994. "Irá tomar o poder, mas não durará. No máximo três anos", disse Kim Seung-chul, o ex-arquiteto.

Park Sang-Hak também opina que "a sucessão é instável" ou, pelo menos, assim o espera. "Kim Jong-il desapareceu rápido. Pensava que viveria ainda três ou quatro anos, mas agora que já não existe, está as possibilidades são menores para Jong-un".

Morre Kim Jong-il

O líder norte-coreano, Kim Jong-il, morreu nesse sábado, 17 de dezembro, vítima de "fadiga física", quando realizava uma viagem de trem. Sua morte só foi anunciada nessa segunda, 19, pela agência estatal norte-coreana. Após receber a notícia, o governo e o Exército da Coreia do Sul entraram em estado de alerta, enquanto a população da Coreia do Norte chorava o falecimento do líder, que abre espaço para ascensão de seu filho, Kim Jong-un, provável herdeiro em Pyongyang.

Jong-il, 69, comandava a Coreia do Norte desde 1994, após a morte de seu pai, Kim Jong-sun, fundador do país. Durante 17 anos, cultivou um dos regimes mais fechados do mundo, baseado no culto de si e do sistema comunista. O governo hermético não impediu que idiossincrasias de Jong-il viessem a público, como o autoproclamado título de inventor do hambúrguer, formando a imagem complexa de um líder excêntrico de um país isolado do mundo, cujo futuro na península coreana é agora incerto.

Passageiros de estação de trem em Seul se reúnem para acompanhar o noticiário sobre a morte do líder do regime comunista
Passageiros de estação de trem em Seul se reúnem para acompanhar o noticiário sobre a morte do líder do regime comunista
Foto: AP
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