Enchentes que mataram mil deixam Filipinas em calamidade
20 dez2011 - 10h42
(atualizado às 11h14)
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O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, declarou nesta terça-feira estado de calamidade nacional por conta das enchentes que causaram cerca de mil mortes e deixaram um rastro de destruição no sul do país.
Esta declaração, dada em Cagayan de Oro, uma das cidades mais prejudicadas, permite ao governo aumentar a ajuda financeira às áreas com mais danos e criar um fundo especial de US$ 26,6 milhões destinado à assistência dos 338.415 afetados.
Ao menos 957 pessoas morreram nas inundações, mas as autoridades não descartam que esse número possa aumentar ao longo dos resgates em rios e sob escombros.
"A prioridade máxima é realocar os sobreviventes em áreas que não apresentem riscos e o governo vai ajudá-los", garantiu Aquino, que criticou as autoridades locais ao constatar que centenas de desabrigados construíram suas casas em áreas de risco.
Nas duas cidades mais afetadas, Iligan e Cagayan de Oro, centenas de corpos ainda não foram identificados, embora as prefeituras dos dois locais tenham adiado os planos de enterrá-los em valas comuns por desavenças legais com o governo central.
"Antes de sepultá-los temos que identificar todos os corpos e pegar amostras de seu DNA para cumprir com os procedimentos legais", disse à Agência Efe o prefeito de Cagayan de Oro, Vicente Emano.
No cemitério local de Bolonsori, dez operários munidos de pás e picaretas cavavam uma fossa de 15 metros de comprimento e quatro de largura onde serão depositados os cerca de 200 corpos que não foram identificados.
"Estamos dividindo em quatro buracos, colocaremos 50 em cada um", explicou Arnaldo Cagoco, um funcionários envolvidos na operação.
À espera deste enterro coletivo, centenas de corpos se decompõem no lixão municipal ao qual foram levados e que vem recebendo a visita de pessoas que têm a esperança de encontrar familiares que desapareceram.
"Acabo de reconhecer minha sobrinha por um sinal que tem no braço e pelo formato das unhas. Foi impossível identificá-la pelo rosto. Agora procuro seu marido e minha irmã", relata com surpreendente equilíbrio Lolita Sierras, de 56 anos.
No local, o odor dos corpos é tão insuportável que muitas pessoas desistem de procurar mesmo usando máscaras.
Brian Molo, um técnico industrial de 27 anos, espera a chegada de parentes para que o ajudem a procurar uma tia desaparecida. "É a única familiar que perdemos, mas minha irmã quase morreu com um ferimento na cabeça", disse.
A enchente destruiu sua casa, porém Brian sobreviveu graças a um pedaço de bambu ao qual se agarrou e com o qual foi arrastado por dez quilômetros pela enchente até ser resgatado.
Desde sábado ele dorme com vários parentes no hospital em que sua irmã está internada, devido a falta de espaço nos centros humanitários montados pelas autoridades.
De acordo com o Centro Nacional de Prevenção e Resposta de Desastres, 42.733 vítimas foram amparadas em 62 abrigos localizados em diversas localidades da ilha de Mindanao.
No centro poliesportivo do bairro de Macasandig, em Cagayan de Oro, 500 famílias estão amontoadas e fazem fila para comer um punhado de arroz e um ovo cozido, receber remédio, e talvez, se tiverem sorte, um cobertor e peças de roupa para as crianças.
Nesse abrigo, a falta de água, que atinge vários bairros da cidade, começa a causar infecções pela falta de higiene adequada.
"Temos só quatro banheiros químicos para as 500 famílias do acampamento e para as que passam o dia ao redor do abrigo buscando doações. As crianças fazem suas necessidades em qualquer lugar", explica Aaron Neri, responsável deste bairro.
Entre a tarde de sexta-feira e a madrugada de sábado, a tempestade tropical "Washi" despejou sobre Mindanao uma quantidade de água superior ao esperado para todo o mês de dezembro.
Os especialistas das agências internacionais apontam a favelização e o desmatamento como os principais fatores do grande número de mortos causados pelos desastres naturais no país.
Soldados ajudam uma mulher que segura o corpo do filho, morto por causa da tempestade tropical Washi, que trouxe destruição ao país
Foto: AFP
Pessoas passam ao lado de um corpo encoberto por um pedaço de tecido
Foto: Reuters
Uma menina tenta se proteger em destroços deixados pela passagem da tempestade tropical Washi
Foto: Reuters
Soldados resgatam o corpo de uma vítima - uma criança - deixada pela passagem da tempestade Washi
Foto: AFP
A passagem da tempestade destruiu casas e árvores pelos locais pelos quais passou
Foto: AFP
Pessoas passam por uma área devastada pelas enchentes que assolam as Filipinas
Foto: Reuters
Equipes de resgate buscam por sobreviventes em Cagayan de Oro
Foto: AP
Soldados do Exército ajudam as equipes de resgate nas buscas por sobreviventes
Foto: AP
Dezenas de milhares de pessoas buscaram refúgio em zonas mais altas de Mindanao
Foto: AP
Corpos são cobertos por voluntários e equipes do Exército que trabalham nas buscas
Foto: AP
Equipes resgatam família que ficou ilhada após a tempestade ter destruído a casa onde moravam
Foto: AP
Soldado encontra menina com vida em escombros de uma casa que ficou destruída após as fortes chuvas que atingiram o sul das Filipinas
Foto: AP
Policial alcança água para morador que teve a casa destruída pela passagem da tempestade, em Cagayan de Oro
Foto: AP
Morador da cidade de Cagayan de Oro carrega ventilador elétrico que conseguiu salvar em meio à destruição provocada pela tempestade
Foto: AP
Civil com o corpo coberto pela água se move entre os destroços deixados pelas inundações, em Cagayan de Oro
Foto: AP
Veículo é visto de ponta a cabeça após a passagem da tempestade tropical Washi, no vilarejo de Balulang
Foto: Reuters
Vista aérea exibe áreas alagadas após a passagem da tempestade tropical por Cagayan de Oro
Foto: Reuters
Tempestade tropical Washi deixou rastro de destruição em Cagayan de Oro
Foto: Reuters
Veículos ficaram destruídos após serem arrastados pelas enchentes
Foto: Reuters
Foto: Terra
Soldados procuram por vítimas em meio à destruição provocada em Iligan
Foto: AP
Policiais filipinos participam de operações de busca por sobreviventes em Iligan
Foto: AP
Moradores carregam refrigerador que conseguiram salvar após a passagem da tempestade por Iligan
Foto: AP
Casas, caminhões e árvores destruídas pela passagem da tempestade são vistos neste domingo na cidade de Cagayan de Oro, um dia após a passagem da tempestade tropical Washi. O fenômeno deixou centenas de pessoas mortas
Foto: AP
Foto: Terra
Ônibus cobertos pela lama são vistos em Mindanao
Foto: AFP
Morador limpa nesta segunda-feira uma televisão arrastada pelas enchentes, em Iligan
Foto: AFP
Vítimas das enchentes fazem fila durante distribuição de ajuda humanitária em centro para desabrigados em Iligan
Foto: AP
Morador de Iligan passa ao lado carro virado pelas inundações que atingiram o país há dois dias
Foto: AFP
Moradores tentam recuperar um carro arrastado pela força das águas, em Iligan
Foto: AP
Vista aérea exibe os estragos das inundações devastadoras na cidade de Iligan, no sul das Filipinas
Foto: AP
Moradores tentam recuperar os pertences de casa de madeira que foi arrastada pelas inundações e só foi interrompida ao parar em um portão de concreto de mansão na cidade de Iligan
Foto: AP
As enchentes provocaram um rastro de destruição na cidade de Iligan, localizada no sul das Filipinas. A tempestade tropical Washi atingiu regiões do país com um poder devastador há dois dias. Centenas de pessoas foram mortas
Foto: AFP
Foto: Terra
Membros da Marinha filipina carregam caixão que vai ser colocado em um navio rumo à região de Cagayan De Oro
Foto: AP
Junto dos caixões irá um carregamento de comida e água potável para a região afetada pelas enchentes
Foto: AP
Membros da Marinha filipina organizam caixões que serão levados para a região de Cagayan De Oro, onde quase mil pessoas morreram devido às enchentes registradas nos últimos dias
Foto: AP
Foto: Terra
Pessoas desabrigadas pelas chuvas se alojam em um ginário universitário, em Iligan
Foto: AFP
Moradores desabrigados pelas enchentes levaram até um galo para um abrigo coletivo, em Iligan
Foto: AP
Veículo foi arrastado pela enxurrada e invadiu uma casa, em Cagayan de Oro
Foto: EFE
Moradores cobrem o rosto devido ao mau cheiro de corpos enquanto autoridades fazem a identificação dos mortos, em Iligan
Foto: AFP
Menino usa uma pá para tentar retirar a lama de sua casa, na cidade de Iligan, no sul das Filipinas. As autoridades tentam evitar o surgimento de epidemias devido às inundações, que já mataram mais de 1 mil pessoas desde a última sexta-feira
Foto: Reuters
Foto: Terra
Vitimas das enchentes que afetam as Filipinas fazem fila em um albergue para receber comida em oro City, no sul da ilha de Mindanao
Foto: EFE
Mulher observa um cartaz com imagens de desaparecidos na cidade de Oro, no sul da ilha de Mindanao
Foto: AFP
Moradores da cidade de Iligan, no sul do país, lavam as vestes em meio aos escombros de suas casas destruídas pelo tufão Washi
Foto: AFP
Após a passagem do tufão Washi pelas Filipinas, veículo fica completamente destruído
Foto: AFP
Foto: Terra
Voluntários organizam doações no galpão do Departamento de Assistência Social e Desenvolvimento em Pasay, no sul de Manila. As doações forma enviadas para os 40 mil desabrigados da cidade de Cagayan de Oro e Iligan no sul do país
Foto: AP
Famílias passam o dia ajudando no trabalho de distribuição e organização das doações recebidas para as vítimas das enchentes que atingem o país
Foto: AP
Sacolões com doações feitas pela Cruz Vermelha são organizadas antes de serem distribuídas para as vítimas do tufão Washi
Foto: Reuters
Pessoas observam fotos de desaparecidos em um centro de atingidos pelas enchentes, em Cagayan de Oro City, Filipinas