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Ásia

Coreia do Norte enfrenta incógnitas em desafio da sucessão

19 dez 2011 - 14h55
(atualizado às 16h04)
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O anúncio nesta segunda-feira da morte do líder norte-coreano Kim Jong-il fez ressurgir os temores de novas turbulências, principalmente ante a sucessão oficial de seu filho Kim Jong-un, uma figura pouco conhecida. A seguir, as várias incógnitas diante do novo contexto político na Coreia do Norte:

Imagem de arquivo mostra Kim Jong-un, o provável sucessor na Coreia do Norte
Imagem de arquivo mostra Kim Jong-un, o provável sucessor na Coreia do Norte
Foto: AP

Em que ritmo está a transição

O corpo de Kim Jong-il será exposto no mausoléu de Kumsusan, onde repousa os restos de seu pai, o fundador e "líder eterno" da Coreia do Norte morto em 1994, Kim Il-sung. Após o funeral, no dia 28 de dezembro, as atenções se voltarão para o processo de sucessão.

Kim Jong-il, designado sucessor 14 anos antes da morte de seu pai, tornou-se oficialmente o líder do partido comunista no poder apenas três anos depois do falecimento paterno. O status de herdeiro de Kim Jong-un foi oficializado apenas em setembro de 2010.

Quem está no comando

O poder norte-coreano deve se manter discreto, da mesma forma que a morte de Kim Jong-il permaneceu em segredo por dois dias. Contudo, tudo indica que Kim Jong-un o novo líder do país será orientado em seus primeiros passos no poder por Jang Song-thaek, marido de sua tia Kim Kyong-Hui.

Quais são os riscos

A Coreia do Norte foi marcada por seu comportamento errático e agressivo internacionalmente. Alguns observadores temem que o jovem líder fique tentando firmar sua autoridade conduzindo testes nucleares ou se envolvendo em provocações militares. As relações com a Coreia do Sul estão congeladas desde os dois incidentes mortais no ano passado, no momento em que Kim Jong-il procurava assegurar a legitimidade de seu filho como sucessor.

A Coreia do Norte pode explodir

Segundo especialistas, as elites norte-coreanas não têm nenhum interesse de desafiar o status quo e turbulências parecem improváveis em curto prazo. Diante de problemas fundamentais, como a crise alimentar, Kim Jong-Un não deve conduzir uma política aventureira no mercado interno. Mas, se falhar e uma luta pelo poder acontecer, as conseqüências para o regime e o país serão imprevisíveis.

Por que a Coreia do Norte é tão confiante?

O país conta com um exército de 1,19 milhão de homens e com um arsenal impressionante de armas convencionais e químicas, inclusive milhares de mísseis de curto ou médio alcance. A Coréia do Norte também fez testes de mísseis de longo alcance Taepodong, capazes em teoria de atingir os Estados Unidos.

De acordo com a maioria dos especialistas, o regime tem um estoque de plutônio suficiente para fabricar de seis a oito bombas atômicas, apesar de sua capacidade de inseri-las em misséis capazes de atingir seus inimigos ainda esteja incerta. A programa nuclear norte-coreano é há anos um dos principais problemas diplomáticos da região, com negociações entre seis países, inclusive os Estados Unidos e a China.

Como se posicionam os países vizinhos

O principal aliado da Coreia do Norte, a China, deve apoiar o regime, ainda mais porque sua queda pode provocar uma fuga em massa de milhões de refugiados no território chinês. A Coreia do Sul, que tem relações tensas com sua vizinha do Norte, e o Japão, claramente anticomunista, já estão se preparando para qualquer eventualidade.

Seul já colocou seu exército em alerta e Tóquio convocou uma reunuão de segurança emergencial. Já os Estados Unidos voltaram a manifestar seu apoio ao aliado sul-coreano.

Morre Kim Jong-il

O líder norte-coreano, Kim Jong-il, morreu nesse sábado, 17 de dezembro, vítima de "fadiga física", quando realizava uma viagem de trem. Sua morte só foi anunciada nessa segunda, 19, pela agência estatal norte-coreana. Após receber a notícia, o governo e o Exército da Coreia do Sul entraram em estado de alerta, enquanto a população da Coreia do Norte chorava o falecimento do líder, que abre espaço para ascensão de seu filho, Kim Jong-un, provável herdeiro em Pyongyang.

Jong-il, 69, comandava a Coreia do Norte desde 1994, após a morte de seu pai, Kim Jong-sun, fundador do país. Durante 17 anos, cultivou um dos regimes mais fechados do mundo, baseado no culto de si e do sistema comunista. O governo hermético não impediu que idiossincrasias de Jong-il viessem a público, como o autoproclamado título de inventor do hambúrguer, formando a imagem complexa de um líder excêntrico de um país isolado do mundo, cujo futuro na península coreana é agora incerto.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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