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Oriente Médio

Israel: Irã tem apoio de Chávez para terrorismo na América Latina

6 dez 2011 - 21h31
(atualizado às 22h19)
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O vice-primeiro-ministro de Israel, Moshe Yaalon, afirmou nesta terça-feira em entrevista que o Irã está criando, com a conivência do governo venezuelano de Hugo Chávez, uma "infraestrutura terrorista" na América Latina para realizar atentados contra os Estados Unidos, Israel e seus aliados. "A ideia é armar uma infraestrutura terrorista que fique adormecida por um tempo e que depois possa atacar os interesses dos Estados Unidos ou nos Estados Unidos, assim como interesses israelenses ou judaicos ou de qualquer outro país que se oponha a sua postura política", declarou o vice-premiê.

Yaalon encerrou nesta terça-feira em Montevidéu uma visita oficial ao Uruguai, onde se reuniu com o vice-presidente do país, Danilo Astori, entre outras autoridades. Em suas declarações, o israelense citou como exemplo dessa teórica estratégia o suposto complô para matar o embaixador saudita nos EUA, que veio à tona em outubro. Na ocasião, os EUA acusaram o Irã de estar por trás de um suposto plano de assassinar o diplomata, episódio que foi condenado em 18 de novembro pela Assembleia Geral da ONU. Segundo Yaalon, já houve outros casos como esses no passado.

"Este tipo de infraestrutura terrorista já atuou em 1992 contra a embaixada de Israel em Buenos Aires e em 1994 contra a entidade israelita da Amia (também na capital argentina)", declarou o vice-primeiro-ministro. Ele disse que a estratégia se inscreve nos planos de Teerã de "exportar a Revolução Iraniana, primeiro aos países vizinhos", como Iraque, Afeganistão, Líbano e o território palestino, "e depois para o Ocidente".

Yaalon, que na década de 1990 foi chefe da inteligência militar israelense, disse que os dados geridos pelo Estado judaico revelam que, na América Latina, "este tipo de infraestrutura envolve elementos muçulmanos que existem na região e também se apoia nos barões do narcotráfico". "Também se apoia na imunidade que os diplomatas iranianos têm na região e aproveita especialmente a forma hospitaleira como são recebidos pelo presidente Chávez e, dessa forma, ingressa em todo o continente", denunciou Yaalon.

Para ele, o fato de os passaportes iranianos não precisarem de visto para entrar na Venezuela, um país que rompeu relações com Israel em 2009 pela situação em Gaza, facilita a entrada em toda a América Latina. O vice-primeiro-ministro afirmou não entender por que o Mercosul - bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (com a Venezuela em processo de adesão) - pretende assinar no dia 20 de dezembro um acordo comercial com a Palestina.

"Qual é o significado especial do acordo entre o Mercosul e a Palestina, quando a única coisa que os palestinos exportam são atos de terrorismo e mísseis?", perguntou-se. Ele lembrou, no entanto, que Israel tem esse mesmo convênio com os quatro países-membros separadamente e com o Mercosul em seu conjunto, e detalhou que, em sua visita ao Uruguai, o país que exerce agora a Presidência semestral do bloco, pretendeu explicar às autoridades locais sua visão sobre a situação no Oriente Médio.

"Tenho a esperança de que, com meu vínculo aqui, possamos erguer pontes para chegar a uma posição comum sobre isso", ressaltou. Yaalon também criticou o ataque cometido contra a embaixada do Reino Unido em Teerã, classificando-o como uma demonstração de que "o inimigo (do Irã) não é o Estado de Israel", mas "o mundo ocidental, o mundo livre".

O vice-premiê advertiu de que Israel pretende convencer o regime iraniano a abandonar seu suposto plano bélico de energia nuclear. Mas se isso não for possível, disse ele, fará pressões para que os iranianos "decidam se querem criar a bomba nuclear ou existir como Estado". Em relação às eleições realizadas neste ano no Egito, Marrocos e Tunísia, ele comentou que "a democracia não começa nem termina com eleições", mas "com a educação".

"Estávamos muito motivados por ver na praça Tahrir do Egito pessoas que falavam das liberdades de expressão, individuais, das mulheres. Esses são fatores democráticos, mas perderam nas eleições", lamentou Yaalon, que comparou o ocorrido com a revolução iraniana de 1979.

EFE   
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