Espanhóis dão vitória histórica ao PP para que administre a crise
20 nov2011 - 22h55
(atualizado em 21/11/2011 às 02h57)
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Os espanhóis deram neste domingo uma reviravolta no mapa político ao conceder uma histórica vitória ao conservador Partido Popular (PP) com uma grande maioria absoluta no Parlamento para que administre a saída da crise, e castigaram com sua maior derrota o governante Partido Socialista (PSOE).
Com quase 100% dos votos apurados, o PP de Mariano Rajoy obteve 186 deputados, dez mais que a maioria absoluta, frente a 110 dos socialistas que perderam 59 cadeiras (tinham 169) em seu pior resultado desde o começo da etapa democrática na Espanha.
O apoio conseguido pelo partido de centro-direita transformará Rajoy no sexto presidente da democracia espanhola e no chefe do Executivo que maior poder terá até agora.
À forte maioria nas duas câmaras do Parlamento, no Congresso e no Senado (136 senadores frente a 48 do PSOE), somará o poder territorial que o PP tem na maioria das comunidades autônomas - em todas exceto Catalunha, País Basco, Astúrias e Andaluzia - e nos municípios.
O desgaste do Governo de José Luis Rodríguez Zapatero por causa da sua gestão da crise econômica - com quase cinco milhões de desempregados, a economia estagnada e a dívida soberana acossada nos mercados internacionais - afetou o PSOE e seu candidato, o veterano dirigente socialista Alfredo Pérez Rubalcaba.
O PP tinha centrado sua campanha eleitoral na importância de conseguir o respaldo de uma grande maioria para enviar uma mensagem de força e unidade da Espanha aos que desconfiam dos fundamentos da economia do país e acossam sua dívida nos mercados, até levar a taxa de risco a níveis insustentáveis a médio prazo.
Por isso, ao proclamar sua vitória Rajoy emitiu a mensagem que se propõe juntar todas as forças do país perante esta "hora decisiva", na qual a Espanha está "em uma encruzilhada de caminhos que vai determinar o futuro não só dos próximos anos, mas das próximas décadas".
"Sei muito bem o que nos toca, para ninguém é um segredo que vamos governar na conjuntura mais delicada nos últimos 30 anos, por isso que todos teremos que dar o melhor de nós mesmos para enfrentar essa imensa tarefa", disse.
Após reconhecer que o futuro da Espanha está sendo jogado "hoje mais do que nunca na Europa", o líder conservador prometeu que o partido "deixará de ser um problema para voltar a ser parte da solução", embora também tenha advertido que "não vai haver milagres".
Os principais dirigentes europeus, a chanceler alemã, Angela Merkel; o presidente francês, Nicolas Sarkozy; e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron; além dos representantes das instituições da União Europeia, cumprimentaram esta noite mesmo Rajoy, que se for cumprido o calendário previsto poderia tomar posse como presidente do Governo na semana do Natal.
Enquanto isso, continua o Governo de Zapatero interino, embora já tenha adiantado que não tomará decisões de transcendência sem consultar Rajoy.
O dirigente conservador não revelou na noite de seu triunfo eleitoral nenhuma medida concreta anticrise, nas quais também não aprofundou na campanha, enquanto os analistas consideram que ele terá que fazer novos cortes.
As eleições gerais deixam um Parlamento espanhol mais fragmentado com um total de 13 forças políticas, três mais que no atual, e uma forte alta da coalizão Esquerda Unida (IU) de Cayo Lara, que passa dos dois deputados atuais para 11.
Também quem chega com força ao conseguir um grupo próprio na Câmara Baixa é a coalizão independentista basca Amaiur, que reúne em suas fileiras membros próximos no passado ao entorno político da organização terrorista ETA, que conseguiu sete deputados.
Estas eleições foram as primeiras realizadas sem a ameaça do grupo terrorista, que no dia 20 de outubro anunciou o fim de sua atividade armada.
A entrada do Amaiur na Câmara de Deputados representa o retorno ao Parlamento espanhol dos independentistas bascos após 15 anos de ausência.
O partido União, Progresso e Democracia (UPyD) fundado há apenas cinco anos por Rosa Díez, ex-dirigente do PSOE, também conseguiu uma grande vitória ao aumentar de um para cinco seus deputados, com uma mensagem centrada na defesa da unidade da Espanha e de luta contra o bipartidarismo, que na sua opinião fomenta a atual lei eleitoral.
Inaki Antiguedad, candidato da coligação pró-independencia basca Amaiur, discursa em reunião de campanha, em Bilbao
Foto: Reuters
Duran i Lleida, candidato pelo CIU (Partido da Convergência e União Catalã), discursa no último ato de campanha, em Barcelona
Foto: AFP
O líder do Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, cumprimenta eleitores no último ato de campanha antes das eleições gerais, marcadas para domingo. O opositor Rajoy é apontado como favorito ao cargo de primeiro-ministro espanhol
Foto: Reuters
O candidato socialista Alfredo Perez Rubalcaba discursa no último comício antes da votação, em Madri
Foto: AFP
Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), acena para eleitores em Madri
Foto: AP
Alfredo Perez Rubalcaba, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), acena para eleitores em Madri
Foto: AFP
Pessoas aguardam em parada de ônibus em Sevilha, na Espanha, e ao fundo se podem ver os cartazes de campanha de Alfredo Perez Rubalcaba, candidado à primeiro ministro pelo partido Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), e de seu rival na disputa, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP)
Foto: Reuters
Subsecretrária do Ministério do Interior, Pilar Gallego, e secretário de Estado de Comunicação, Félix Monteira, apresentam dispositivo que será usado nas eleições de domingo
Foto: EFE
Também em Madri, na praça Porta do Sol, manifestantes "Indignados" (movimento que surgiu antes das eleições municipais de maio) protestam contra cortes em despesas, altas taxas de desemprego e aumento de corrupção
Foto: AFP
Candidato do Patido Popular, Mariano Rajoy, aproveitou o sábado para passar com a mulher, Elvira Fernández, em um parque próximo de sua casa
Foto: EFE
No Palácio do Congresso de Madri, jornalistas se preparam para a cobertura do pleito, realizado no domingo, em que mais de 35 milhões de espanhóis escolherão 350 deputados e 208 senadores
Foto: EFE
Foto: Arte / Terra
Foto: Terra
Alfredo Pérez Rubalcaba, candidato do Partido Socialista, votou em uma localidade próxima a Madri
Foto: AP
Acompanhado de sua esposa, o candidato socialista foi recebido por um pequeno grupo de simpatizantes socialistas
Foto: AP
Após depositar seu voto, Rubalcaba afirmou: "A Espanha vive uma encruzilhada histórica"
Foto: AP
Mariano Rajoy votou em um colégio de Madri; pesquisas eleitorais apontam o candidato como ganhador
Foto: EFE
O candidato do conservador Partido Popular votou acompanhado por sua esposa, Elvira Fernández
Foto: EFE
Rajoy afirmou neste domingo que está "preparado para o que os espanhóis quiserem"
Foto: EFE
Quase 36 milhões de espanhóis vão às urnas neste domingo na Espanha; eleitores votam na região de Múrcia
Foto: EFE
Freiras votam em Santiago de Compostela, capital de Galiza
Foto: EFE
O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, compareceu a um colégio de Madri para votar
Foto: AP
Acompanhado da mulher, Zapatero afirmou que o futuro, "mais do que nunca, está nas mãos dos cidadãos"
Foto: AP
Após depositar seu voto, Zapatero, do Partido Socialista, declarou que nos 30 anos de democracia os espanhóis aprenderam que o voto "é o melhor caminho para enfrentar os problemas"
Foto: AP
Multidão comemora a vitória do Partido Popular em frente à sede do PP, na rua Génova, em Madri
Foto: Javier Lizón / EFE
Simpatizantes do Partido Popular fazem tremular bandeiras da Espanha enquanto comemoram vitória nas eleições
Foto: Emilio Morenatti / AP
Espanha - 17h30 - Simpatizantes se reunem nas imediações da sede do Partido Popular, na rua Génova, em Madri, para celebrar a possível vitória do partido nas eleições gerais na Espanha. Pesquisas de boca de urna indicam a vitória de Mariano Rajoy, do PP
Foto: Chema Moya / EFE
Após uma vitória arrasadora do conservador Partido Popular nas eleições gerais espanholas deste domingo, o líder da legenda, Mariano Rajoy, acenou a simpatizantes em Madri
Foto: Javier Lizón / EFE
Rajoy comemorou a vitória acompanhado pela vice-secretária de Organização, Ana Mato (esq.), pela esposa, Elvira Fernández (centro) e pela secretária geral do partido, María Dolores de Cospedal
Foto: Chema Moya / EFE
Milhares de simpatizantes foram à sede do Partido Popular da Espanha, na rua Gênova, em Madri, comemorar a vitória do partido nas eleições gerais espanholas deste domingo
Foto: Chema Moya / EFE
Diante de milhares de simpatizantes, o líder do Partido Popular beijou sua esposa, Elvira Fernández, na comemoração da vitória