Aids é um problema antes de tudo ético, diz o Papa na África
19 nov2011 - 11h03
(atualizado às 11h25)
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A Aids exige uma resposta médica e farmacêutica, mas isso não é suficiente, porque o problema é, antes de tudo ético, diz a Exortação Apostólica para a África, assinada pelo Papa Bento XVI, neste sábado, na cidade de Ouidah, em Benin. O documento diz que o combate à doença exige mudanças de comportamento, e defende a abstinência sexual, rejeitando a promiscuidade.
"O texto representa uma espécie de mapa do caminho para a Igreja do continente nas próximas décadas, apresentando as conclusões do sínodo africano de 2009. Será entregue domingo aos bispos do continente, reunidos em Cotonou, no terceiro e último dia da visita a Benin. O documento pede que os católicos do continente se posicionem com firmeza sobre a reconciliação, a defesa da família e a boa governança.
Antes da viagem a Ouidah, o Papa Bento XVI, que realiza a segunda viagem à África de seu pontificado, denunciou, neste sábado, a corrupção no mundo, considerando que poderá acarretar "reações muitas vezes violentas", e pediu aos dirigentes africanos que não privem seus povos da "esperança".
O Papa falou sobre o assunto no palácio presidencial de Cotonou, capital econômica de Benin, depois de ter iniciado na tarde de sexta-feira visita de três dias ao pequeno país da África Oriental, terra do vodu e de fé católica. "Neste momento, há muitos escândalos e injustiças, muita corrupção e avidez, desprezo e mentiras, muita violência que conduz à miséria e à morte", declarou o Papa.
Esses males afligem a África "e o restante do mundo", destacou no pronunciamento para mais de mil pessoas reunidas num imenso hall decorado com tecidos amarelos e brancos. Estavam, entre elas, líderes políticos, diplomatas e representantes de outras religiões, entre elas o vodu. "Cada povo quer compreender as escolhas políticas e econômicas que são feitas em seu nome. Ele vê manipulação, e a reação é às vezes violenta", alertou Bento XVI.
"Desta tribuna, faço um apelo a todos os dirigentes políticos e econômicos dos países africanos e dos demais. Não privem seu povo da esperança! Não amputem o futuro mutilando o presente", lançou. No discurso deste sábado, Bento XVI também fez referência à Primavera Árabe, observandoque "nos últimos meses, numerosos povos manifestaram desejo de liberdade, de segurança material, e de vontade de viver em harmonia com diferentes etnias e religiões".
Também defendeu um diálogo entre as religiões sem "confusão" nem "sincretismo". "Nenhuma religião, nenhuma cultura pode justificar o apelo ou o recurso à intolerância e à violência", afirmou. Em seguida, partiu para Ouidah, a 40 km de Cotonou, centro do vodu e local de forte presença do catolicismo de Benin. Após ter sido recebido calorosamente na sexta-feira por milhares de fiéis, em Cotonou, o pontífice pediu, numa prece a Maria, na catedral, que sejam realizadas "as mais nobres aspirações dos jovens da África, com os corações sedentos de justiça, de paz e de reconciliação".
Mercado na cidade de Cotonou foi demolido para que a cidade esteja mais "apresentável" à visita do Papa. Trabalhadores e moradores estão participando dos esforços para limpar as ruas da cidade para receber o pontífice. Bento XVI, 84 anos, chega ao pequeno país nesta sexta-feira para uma visita de três dias
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Trabalhadores preparam igreja St. Michel para receber o papa Bento XVI em Cotonou
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Irmãs Missionárias visitam a paróquia de Santa Rita durante os preparativos para a chegada de Bento XVI
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Trabalhadores estendem banner com a imagem de Bento XVI na igreja de St. Michel
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Visita do Papa mobilizou o comércio beninês nas ruas da capital, Cotonou
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Cotonou, capital econômica de Benin, tem cartazes com imagens do Papa espalhadas por todos os cantos
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População está eufórica com a proximidade da chegada de Bento XVI ao país
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Bento XVI desembarca no aeroporto internacional Cardeal Bernardin Gantin, em Cotonou
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Sua Santidade recebe as boas-vindas de jovens beninenses no desembarque
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Bento XVI desfila em papamóvel durante cortejo religioso nas ruas da capital, Cotonou
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O líder religioso foi presenteado por jovens beninenses no desembarque
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O papa Bento XVI acena para fiéis na chegada do papamóvel à catedral de Notre Dame, em Cotonou. Milhares de africanos se aglomeraram para receber Sua Santidade na segunda viagem dele ao continente. Bento XVI pretende delinear o futuro da Igreja Católica na África para alavancar o crescimento de fiéis
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Foto: Arte / Terra
Papa Bento XVI beija um crucifixo na catedral de Cotonou
Foto: Reuters
O Papa, ao chegar em sua segunda viagem à África, na sexta-feira, pediu aos países africanos para resistirem à tentação de se renderem às forças do mercado
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O papa denunciou em Cotonou a corrupção, que segundo ele pode provocar "revanches às vezes violentas"
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Ele pediu aos governantes africanos que não privem seus povos da esperança
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O Sumo Pontífice acrescentou que estes males afetam a África, mas também o resto do mundo
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Bento XVI iniciou na sexta-feira uma visita de três dias ao Benin
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Esta é a segunda viagem do Papa ao continente africano
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Antes de Benin, ele já passou por Angola e Camarões em 2009
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Papa cumprimenta o ex-presidente do Benin, Mathieu Kerekou, e sua mulher no palácio presidencial de Cotonou
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Os católicos em Benin são quase três milhões, dos 8,779 milhões de habitantes, o que representa 34% da população
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Às 16h do horário local (12h de Brasília) se dirigirá ao aeroporto, onde se despedirá das autoridades do Benin e empreenderá a viagem de volta a Roma
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Durante a missa, foram usadas as línguas africanas bariba, mina, yoruba e dendi, assim como o francês, o inglês e o português
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Duzentos bispos de toda a África e mil padres participam da celebração, na qual também está o presidente do Benin, Thomas Boni Yayi
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O pontífice chegou ao estádio no "papamóvel" e foi recebido pelos presentes com cânticos populares do Benin
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Milhares de pessoas assistem no estádio de Cotonou à missa celebrada por Bento XVI
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O Papa Bento XVI foi a Benin entregar aos bispos as conclusões do sínodo sobre a África de 2009
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A visita durou três dias
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O país tem 9 milhões de habitantes e, segundo o Papa, é uma democracia de paz, que possui um relativo bom entendimento entre cristãos, muçulmanos e animistas
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Na manhã deste domingo, o Papa celebrou missa para mais de 50.000 pessoas no Estádio da Amizade de Cotonou