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Mundo

ONU: crianças de 3 anos realizam trabalho forçado no mundo

14 nov 2011 - 15h26
(atualizado às 16h07)
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A relatora especial das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, Gulnara Shahinian, denunciou nesta segunda-feira que existem crianças que começam a trabalhar aos 3 anos, sendo que aos 9 anos muitas delas já estão vulneráveis à exploração sexual. Com um discurso firme, Gulnara fechou o último dia de um congresso organizado pela ONG Proyecto Solidario em Toledo, na Espanha.

O ator e escritor Fernando Guillén Cuervo também esteve no evento para apresentar o documentário Vilaj, que aborda a vida das crianças haitianas. Segundo Gulnara, que passou os três últimos anos pesquisando sobre o trabalho infantil, o número de meninos e meninas que são forçados ao trabalho supera os 215 milhões, levantamento apontado pela Organização Mundial do Trabalho (OIT).

O caso do jovem haitiano Vladimir exemplifica a situação: durante sua participação no congresso, ele confessou que começou a trabalhar em uma oficina mecânica aos três anos de idade para ajudar sua família. Agora, graças a uma bolsa de estudos da Proyecto Solidario, está se formando na Espanha. Gulnara foi testemunha do trabalho de meninos e meninas em minas e pedreiras. No local, disse a relatora, crianças eram obrigadas a manusear dinamite "com água até o pescoço" ou ficar em meio a uma lama "tóxica e contaminada com mercúrio e cianureto". "Vi crianças sem pele nas mãos", afirmou ela.

A relatora especial também foi categórica ao denunciar a exploração sexual infantil. Ela disse que ao redor dessas minas, por exemplo, meninas de apenas 9 anos começam a trabalhar como prostitutas, correndo o risco de contrair Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, Gulnara também destacou a importância de estabelecer novos programas educacionais e de formação, já que, segundo ela, existem países cujos governantes consideram o trabalho infantil como uma tradição e um costume necessário para garantir o sustento das famílias.

Segundo o terceiro relatório da OIT, divulgado em 2010, na Ásia e no Pacífico há 113,6 milhões de crianças que trabalham, enquanto na África Subsaariana há 65,1 milhões, e na América Latina, 14,1 milhões, além de 22,4 milhões em outras regiões do mundo. Muitas empresas multinacionais, como a Benetton (na Turquia) e a Primark (na Índia), utilizam a mão de obra infantil para baratear seus custos, segundo Gulnara.

EFE   
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