Italianos comemoram saída de Berlusconi ao som de conga
12 nov2011 - 22h30
(atualizado às 23h33)
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Milhares de italianos se concentraram nesta noite de sábado em frente as sedes do Parlamento e da Presidência da República, ambas em Roma, para comemorar a renúncia oficial do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi. Gritos de "Liberdade, liberdade" e "Viva Itália" eram ouvidos na Praça Quirinale, sede da Presidência da República, depois que Berlusconi entregou a renúncia ao presidente Giorgio Napolitano. O agora ex-primeiro-ministro deixou seu cargo às 18h45 (horário de Brasília).
A multidão de italianos, que tinha se deslocado para pedir a renúncia de Berlusconi, ficou para acompanhar de perto esse momento histórico e cumprimentar Napolitano por seu trabalho na transição política da Itália.
No local, era possível ver inúmeros pedestres e motoristas festejando o acontecimento com bandeiras da Itália e ao som de incansáveis buzinas. Annalisa Carrese declarou que este é "um momento histórico" e que os italianos "devem festejar em grande estilo".
As manifestações de alegria se misturaram também com insultos ao agora ex-primeiro-ministro, que foi chamado de "ladrão" e "palhaço", além dos gritos de "prisão, prisão". Logo após a confirmação da saída de Berlusconi, as ruas da capital italiana foram tomadas pela população. Formando trenzinhos e dançando conga, os italianos aplaudiam e comemoravam a oficialização da esperada renúncia de Berlusconi.
A festa se estendeu por outros lugares da capital italiana, como a Via dei Giubbonari, onde se encontra uma das sedes históricas do Partido Democrata (PD). As pessoas ligadas ao partido se reuniram no local para legitimar um adeus a Berlusconi. O líder da legenda progressista, Pier Luigi Bersani, descreveu o acontecimento deste sábado como "uma jornada de libertação para a Itália" e assinalou que "agora será aberta uma fase de lutas".
Já o líder da Itália dos Valores (IDV), Antonio Di Pietro, definiu o fato como "um dia de libertação" e assegurou que, a partir de amanhã, "começará a reconstrução" do país. Todas essas manifestações de alegria foram somadas às manifestações mostradas nas horas prévias de sua renúncia, quando uma orquestra improvisada entoava a "Bela Ciao" e o "Aleluia", de Händel.
A saída de Berlusconi
Berlusconi prometeu renunciar após uma série de escândalos de corrupção e envolvendo sua vida pessoal. No dia 8, Berlusconi sofreu um duro golpe no Congresso. Na ocasião, somente 308 - dos 630 deputados - continuaram a apoiar o premiê, durante uma votação sobre as contas do governo. Além disso, a economia italiana se vê ameaçada devido à crise na zona do euro. A dívida pública do país já atinge 120% do Produto Interno Bruto (PIB). Em troca da renúncia, o político pediu que a Lei de Austeridade, proposta pelo governo, fosse aprovada.
O texto passou pelo Congresso no dia 12 de novembro e contém medidas para economizar 59,8 bilhões de euros e equilibrar o orçamento do país até 2014, entre elas: o aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de 20% para 21%; o congelamento dos salários de servidores até 2014; a alta da idade mínima de aposentadoria para as trabalhadoras do setor privado, de 60 anos em 2014 para 65 em 2026; aperto nas medidas contra a evasão fiscal; e um imposto especial para o setor de energia.
Berlusconi sugere alternância durante campanha para as eleições parlamentares de 2008: agora, sem resposta à crise financeira e na esteira de escândalos pessoais, Il Cavaliere renuncia e encerra seu terceiro mandato de premiê
Foto: Getty Images
Homem passa por pintura representando Berlusconi como Napoleão Bonaparte
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Berlusconi reage durante visita ao Grande Salão do Povo, na China, em 2008; na Itália, a sua coalizaçã do Povo da Liberdade não foi suficente para unir a Itália contra a crise
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Pôster de Berlusconi, então candidato, é rasgado no centro de Roma, em 2006; o Cavaliere retornaria dois anos mais tarde, em 2008
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Homem exibe cópia da capa da revista britânica The Economist durante campanha do líder da coalição de centro-esquerda, Romano Prodi
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Bento XVI recebe Berlusconi no Vaticano, em 2005, no primeiro encontro do então recém-eleito Papa com o premiê italiano; terceiro mandato foi marcado pelos escândalos sexuais do premiê
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Em 2004, Berlusconi discursa pela celebração dos 10 anos de sua entrada na política italiana pelo seu partido 'Forza Italia'; sua subida em 1994 ao poder em Roma tinha como mote justamente a luta contra a corrupção
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Berlusconi é recepcionado pelo presidente americano George W. Bush, em 2003, no Texas. Berlusconi estava então no seu segundo mandato de primeiro-ministro
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Berlusconi é escoltado pela polícia após ser agredido em Milão, em 2009; indignação das ruas demorou para encontrar repercussão no Parlamento, onde o permiê enfrentou e se saiu vitorioso em inúmeros votos de confiança
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Berlusconi deixa o hospital de San Raffaele, após o ataque em Milão; o premiê se recuperava para mais dois anos de governo, até a crise atual
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O premiê italiano gesticula durante encontro político em Roma, em 2011; empresário de caras e bocas, Berlusconi personificava imagem sucesso que superou meses de escândalos
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Berlusconi se concentra durante debate na Câmara Baixa do Parlamento de Roma, em 2011
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Berlusconi sorri ao lado de Muammar Kadafi, no aeroporto romano de Ciampino, em 2009; proximidade do ex-líder líbio era um dos pontos mais polêmicos da política internacional italiana sob Berlusconi
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Berlusconi sorri na chegada para encontro do G8 en Roma, em 2008; situação hoje da Itália é das mais frágeis dentro das principais economias do planeta
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O presidente russo, Vladimir Putin, ri com Berlusconi durante janta informal na residência oficial de Zavidovo, na periferia de Moscou, em 2003
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Acompanhado pelo olhar observador de Franco Frattini, ministro do Exterior, Il Cavaliere faz indagação à imprensa no fim de cúpula de líders da União Europeia
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Berlusconi tapa o rosto após encontro com líderes europeus em Bruxelas, em 2008; pressionado, o premiê não foi capaz de unir Itália para superar a crise
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Obama, Berlusconi e Medvedev - respectivamente os líderes de EUA, Itália e Rússia - posam para foto durante encontro do G20, no leste de Londres, em 2009
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Galeria de Milão expõe a obra "Silvio e Ruby", feita pelo artista Dodi Reifenberg a partir de sacos plásticos e fitas adesivas, em homenagem ao premiê e sua suposta amante marroquina, em 2011
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Os líderes da Espanha, José Zapatero, e do Reino Unido, Gordon Brown, acompanham Berlusconi cúpula internacional em Gaza, em 2009