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Mundo

Novo governo começa árdua missão de salvar a Grécia

11 nov 2011 - 19h11
(atualizado às 19h38)
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Liderado pelo ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas Papademos, o novo governo da Grécia tomou posse nesta sexta-feira com o objetivo de iniciar nos próximos cem dias as medidas de austeridade necessárias para que o país continue a receber ajuda financeira internacional.

O novo Executivo, que manteve como ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro o socialista Evangelos Venizelos, abriu espaço para a extrema direita no poder pela primeira vez desde a queda, em 1974, da ditadura. Os 48 membros do governo - composto por ministros, secretários de Estado, vice-ministros e ministros suplentes - prestaram juramento em cerimônia dirigida pelo arcebispo ortodoxo de Atenas e primaz da Grécia, Jerônimo II.

Além de 12 ministros do Movimento Socialista Pan-helênico (Pasok), o Executivo inclui dois políticos do conservador Nova Democracia (ND) e um do partido Concentração Popular Ortodoxa (Laos), de extrema-direita. O prefeito de Atenas, Dimitris Avramopoulos (ND), é o novo ministro da Defesa, e o ex-comissário europeu do Meio Ambiente Stavros Dimas (ND) assumiu a pasta de Relações Exteriores.

Além disso, pela primeira vez na história democrática do país, um partido extremista faz parte de um Governo nacional, já que a Laos estará representada no gabinete pelo ministro de Infraestruturas e Transporte, Mavroudis Voridis, um ex-membro de grupos paramilitares de extrema-direita. Fundado em 2000 pelo ex-deputado do ND Giorgos Karatzaferis, a Laos é um partido de ideologia nacionalista e xenófoba.

Analistas políticos locais acreditam que, ao incluir a Laos no Executivo, o ND queria evitar que esse partido fosse, durante o mandato do governo de união nacional, a única legenda opositora de direita no Parlamento. A formação do novo Executivo aconteceu após quatro dias de árduas negociações, a renúncia do governo anterior, do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou, e de um acordo de aliança entre estes três partidos, sob a mediação do presidente grego, Karolos Papoulias.

O novo governo terá ainda que receber - provavelmente na próxima terça-feira - um voto de confiança do Parlamento, onde o Pasok, o ND e a Laos contam com 257 das 300 cadeiras. O Executivo dirigido por Papademos tem a missão de adotar os acordos firmados com a zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar o país da quebra e convocar, posteriormente, eleições antecipadas, previstas inicialmente para fevereiro.

Os compromissos incluem um novo resgate financeiro por 130 bilhões de euros e o perdão de metade da dívida a credores privados, em troca de severas medidas de poupança e reformas estruturais. Para os próximos dias, espera-se que funcionários do FMI, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu compareçam a Atenas para analisar o avanço das medidas aprovadas pelo novo governo.

Após ter realizado seu primeiro conselho de ministros, Papademos anunciou que criará uma comissão para acelerar as tarefas do Executivo. "Todos devemos contribuir para o sucesso do novo governo", disse o premiê em entrevista coletiva.

Venizelos, por sua vez, afirmou que "a credibilidade do país despencou ao máximo", mas que o fato de os políticos terem "chegado a um consenso demonstra que todos os gregos têm vontade de lutar" para sair da crise. Segundo a emissora estatal de televisão NET, Venizelos teria confirmado no conselho de ministros que o déficit público em 2011 fechará em 8,9% do Produto Interno Bruto (PIB), como estava previsto.

Enquanto, o líder do ND, Antonis Samaras, se mostrou satisfeito com a formação do novo governo e a perspectiva de eleições antecipadas. "Após dez dias sem governo, conseguimos mudar o primeiro-ministro, evitar que ocorresse um referendo (para aprovação popular do resgate financeiro), e levar o país o mais rápido possível a eleições antecipadas (em 19 de fevereiro), já que são uma válvula de segurança para que o povo se expresse", declarou o líder conservador.

A Grécia precisa nas próximas semanas receber o sexto lance do primeiro pacote de ajuda internacional, de 8 bilhões de euros, para pagar salários no setor público e não quebrar.

EFE   
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