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América Latina

Cristina acumula poder inédito com controle do Parlamento

24 out 2011 - 16h02
(atualizado às 16h37)
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A presidente argentina, a peronista Cristina Kirchner, conquistou uma reeleição histórica que lhe permite acumular o controle do Parlamento e de governos aliados na maioria das províncias, um poder inédito desde o retorno da democracia, em 1983. No mapa nacional renovado, o socialista Hermes Binner, segundo nas eleições presidenciais, e o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri, se posicionam como referência de uma fragmentada oposição que ficou mais de 30 pontos atrás de Cristina nas eleições gerais de domingo.

"A sociedade compreendeu que a Argentina não pode estar em mãos de improvisados", afirmou à imprensa o chefe de Gabinete argentino, Aníbal Fernández. A governante, líder do peronista Frente para a Victoria (FPV), foi reeleita para um novo mandato de quatro anos com 53,96% dos votos, seguida por Binner com 16,87%, após 98,25% das urnas apuradas nesta segunda-feira.

Cristina, a primeira mulher do continente a conseguir uma reeleição presidencial, obteve o maior percentual de votos desde o retorno da democracia argentina, e uma das maiores diferenças com o segundo colocado na história da política local. Após ter ganho em 23 dos 24 distritos eleitorais argentinos, se tornou líder do primeiro partido a alcançar três mandatos consecutivos na nação.

A vitória arrasadora da chefe de Estado arrastou os candidatos legislativos da sua lista, que recuperaram a maioria do governo e dos aliados na Câmara dos Deputados e no Senado. Dessa forma, o governo reverteu a derrota que o ex-presidente Néstor Kirchner, marido e antecessor de Cristina, morto em 2010, afrontou nas parlamentares de 2009.

A partir de dezembro, a Frente para a Vitória passará a ter 116 cadeiras, mais outras 17 de aliados na Câmara baixa, enquanto a social-democrata União Cívica Radical (UCR), segunda força parlamentar, contará com 41 legisladores, segundo os cálculos provisórios. No Senado, o FPV controlará 32 cadeiras mais outras seis de aliados, enquanto a UCR terá 17 espaços. Nos dois casos, o governo contará com quórum próprio, o que lhe permitirá abrir debates e aprovar projetos.

Além disso, candidatos afinados com Cristina ganharam oito das nove eleições a governador neste domingo, entre elas a de Buenos Aires, maior província e distrito eleitoral do país. "Foi demonstrada a capacidade de gestão e experiência", opinou o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que conseguiu a reeleição com 55% dos votos.

O único distrito com resultado contrário para o governo foi San Luis, onde ganhou Claudio Poggi, próximo do governador e aspirante presidencial, Alberto Rodríguez Saá, do peronismo dissidente. Desta forma, a Frente para a Vitoria e seus aliados governarão a partir de dezembro 20 dos 24 distritos eleitorais do país, como resultado das eleições provinciais realizadas ao longo do ano.

"Se confirmou a hegemonia do 'cristinismo'. Cristina foi a candidata que reinventou o kirchnerismo e emerge como a figura política que mais poder acumulou desde a transição para a democracia", opinou o analista Sergio Berensztein, da empresa de consultoria Poliarquia. Como o segundo mais votado, Binner tentou fazer contrapeso ao se definir na noite de domingo como líder da "segunda força política" do país.

"É preciso consolidar a Frente Ampla Progressista e estamos abertos a outras propostas, sempre mantendo o programa de Governo", afirmou Binner. Além disso, o dirigente socialista, governador da província de Santa Fé, prometeu exercer "uma oposição responsável" e com uma atitude "propositiva" para o governo.

O conservador Macri, que já manifestou seu desejo de conseguir a Presidência em 2015, lamentou em entrevista coletiva que não tenha acontecido "uma proposta de mudança articulada" da oposição. Entretanto, o prefeito comemorou que quase um em cada cinco portenhos tenha votado pela lista de legisladores da sua força, Proposta Republicana, que não contou com um candidato presidencial.

EFE   
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