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Oriente Médio

Gaza segue em festa enquanto Shalit tenta esquecer cativeiro

19 out 2011 - 17h43
(atualizado às 18h45)
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A Faixa de Gaza celebrou nesta quarta-feira o retorno dos presos palestinos libertados ontem em uma troca com Israel pelo soldado Gilad Shalit, que nesta manhã pôde ser visto em um breve passeio com sua mãe no povoado de Mitzpe Hilá.

A festa em Gaza, controlada pelo Hamas, contrastaram com as tímidas demonstrações de alegria na Cisjordânia, governada pelo Fatah e onde o dia transcorreu com absoluta normalidade.

A Faixa de Gaza declarou feriado para facilitar as visitas de parentes, e a expectativa é que na sexta-feira aconteça outra celebração para homenagear os 477 libertados, dos quais 293 chegaram à Faixa, 95 à Cisjordânia, 40 foram exilados no exterior e o restante foi transferido para Jerusalém Oriental e Israel.

As escolas, bancos, ministérios e outros escritórios governamentais mantiveram suas portas fechadas ao longo do dia. O movimento islâmico palestino também informou hoje que concederá US$ 2 mil a cada um dos 293 presos libertados que chegaram a Gaza para ajudá-los a reconstruírem suas vidas.

A ajuda será muito bem-vinda, dado que 26% da população palestina vivia na pobreza em 2010 - 38% em Gaza e 18% na Cisjordânia - e metade dos lares estavam afetados pela insegurança alimentícia, segundo a Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

Fontes do Governo islamita disseram à Agência Efe que tanto o Executivo do Hamas como a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa a Cisjordânia, concordaram em buscar trabalho em suas respectivas administrações para os prisioneiros libertados.

O desemprego na faixa se situa em torno de 25,6%, segundo dados recentes da Câmara de Comércio de Gaza, que toma como referência a taxa de desemprego no segundo trimestre de 2011, de modo que seria muito difícil para essas pessoas voltarem ao mercado de trabalho sem esse auxílio.

Outra medida de apoio àqueles que foram deportados à Faixa apesar de serem oriundos da Cisjordânia foi alojá-los em hotéis de Gaza, cujos quartos serão pagos pelo Executivo do Hamas e nos quais passaram seu primeiro dia de liberdade com um luxo ao qual não estavam acostumados na prisão.

As boas condições hoteleiras serviram também para atenuar a sensação de abandono, porque, enquanto os prisioneiros de Gaza se reencontravam com seus familiares e amigos, os deportados não poderão fazer o mesmo. Enquanto isso, na Cisjordânia, território onde ontem chegaram 95 presos libertados, o ambiente era de total normalidade e não está previsto nenhum evento festivo.

Na administração de Ramala, a libertação foi recebida com satisfação apesar da rivalidade com o movimento islamita, e apesar da troca obscurecer a via pacífica defendida pelo presidente Mahmoud Abbas na luta pela independência palestina.

Nas ruas cisjordanianas foi possível escutar nos últimos dias expressões de apoio à resistência armada que até semana passada pareciam ser parte do passado, e que tinham aberto passagem à iniciativa de seu presidente de buscar o reconhecimento da comunidade de nações e a admissão como Estado na ONU.

Do outro lado, Israel seguia hoje os primeiros passos do soldado Gilad Shalit em Mitzpe Hilá, onde foi visto nesta manhã, de boné e óculos escuros, em um passeio com sua mãe, uma oficial do corpo médico do Exército e uma escolta de segurança.

Desde primeira hora do dia, representantes do corpo médico o visitaram para coordenar futuros exames, depois que os primeiros testes aos quais foi submetido não apontassem problemas graves.

O debate midiático se centra em seu estado de saúde e as sequelas físicas e psicológicas de mais de meia década de cativeiro em poder do braço armado do Hamas. Seu pai, Noam, afirmou hoje aos meios de comunicação que "Gilad se encontra bem" e "precisa de tranquilidade", antes de pedir mais uma vez aos jornalistas que deixem sua família voltar à rotina.

EFE   
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