Israel publica nomes de 477 presos palestinos libertados
16 out2011 - 08h33
(atualizado às 10h40)
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Israel publicou neste domingo os nomes dos primeiros 477 presos palestinos que serão libertados pelo acordo feito com o grupo radical Hamas em troca do soldado Gilad Shalit, dando início à transferência deles, enquanto associações de vítimas do terrorismo pretendem contestar a medida na Corte Suprema do Estado judaico.
Os prisioneiros, distribuídos em 11 prisões israelenses, começaram nesta manhã a ser concentrados em dois centros de detenção. À prisão de Ketziot Prison, no sul do país, serão enviados os 450 homens; à de Sharon, no centro, as 27 mulheres.
Os beneficiados pela troca são denominados por Israel como "prisioneiros de segurança", enquanto os palestinos os consideram "presos políticos". Na lista, destacam-se nomes como Walid Anajas, condenado pelo atentado a bomba contra o Cafe Moment em Jerusalém, no qual 12 civis morreram e 50 ficaram feridos em 2002, informa a edição online do jornal Jerusalem Post.
Entre os 477 está Nasser Yataima, cérebro do ataque suicida contra o Hotel Park de Netanya no qual morreram 30 civis, Chris al-Bandak, detido por assassinar dois israelenses e ferir outro gravemente, e Musab Hashlemon, condenado a 17 penas de prisão perpétua por enviar dois terroristas suicidas contra um ônibus em Beersheba, num atentado que matou 16 civis em 2004.
Outros dos nomes são Ibrahim Jundiya, que cumpre 12 perpétuas, Fadi Muhammad al-Jabaa, condenado a 18 perpétuas, e Mazen Muhammad Faqha, que articulou o atentado de 2002 contra um ônibus perto de Safed, deixando nove passageiros mortos e 40 feridos.
O movimento Hamas não conseguiu o que desde o início das negociações era uma de suas exigências fundamentais: obter a libertação do carismático líder Marwan Barghouti (do Fatah), do líder Abdullah Barghouti (do Hamas), e o líder Ahmed Saadat (da Frente Popular para a Libertação da Palestina), todos eles condenados a penas de prisão perpétua por assassinato.
Segundo a lei israelense, os cidadãos dispõem de um período de 48 horas para fazer suas alegações ao Tribunal Supremo contra a concessão do perdão, que deverá ser assinado individualmente para cada caso pelo presidente Shimon Peres. Até que a troca seja efetivada, previsivelmente na terça-feira, o Ministério da Justiça manterá aberto um centro de informações para atender às solicitações de dados sobre os presos.
No entanto, associações de sobreviventes e familiares de vítimas de ataques terroristas pretendem levar à Justiça a decisão governamental de libertar os prisioneiros palestinos. A Associação Almagor pediu à Justiça que adie a libertação "para permitir às famílias e àqueles que serão prejudicados pelo acordo a examinar os dados e preparar uma apelação adequada".
"Trata-se de um assunto humanitário de um só soldado contra todo um país que estará em perigo. Esta equação deve ser examinada pela Corte Suprema e não deve ser imune a investigação", declarou o presidente da associação, coronel da reserva Meir Indor, ao jornal Ha'aretz.
Esta organização apresenta duas demandas reivindicações: uma contra a libertação de um número de presos tão amplo e a segunda contra o indulto a alguns casos em particular. Segundo informou neste domingo o Serviço Penitenciário, do total de 477 detentos (dentre eles, 27 mulheres), 131 serão enviados a suas casas na Faixa de Gaza, 108 voltarão a seus lares na Cisjordânia e Jerusalém Oriental e cinco palestinos com cidadania israelense retornarão a suas casas em Israel.
Outros 39 serão exilados e 44 irão também para Gaza, embora estes não sejam originais de lá, da mesma forma que outros 17 que permanecerão expatriados na Faixa durante três anos.
Ao mesmo tempo em que os réus palestinos são transferidos aos postos de controle israelenses, as brigadas de Ezzedeen Al-Qassam - braço armado do Hamas - entregarão o soldado israelense Gilad Shalit, mantido refém desde junho de 2006 quando foi capturado nos arredores de Gaza numa operação que matou outros dois soldados israelenses.
Shalit, que nos mais de cinco anos de cativeiro nunca teve direito a receber assistência humanitária internacional, será levado ao posto de controle fronteiriço de Rafah, onde será entregue às autoridades egípcias, que assumirão sua entrega ao Exército israelense. Representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha participarão do processo.
A segunda fase da troca será realizada em cerca de dois meses, quando Israel libertará outros 550 presos palestinos cujos nomes ainda serão decididos pelo Estado judaico. Por isso, provavelmente serão prisioneiros que cumprem penas leves.
Após o acordo para a libertação de seu filho, os pais do soldado israelense Gilad Shalit, Noam e Aviva, abandonaram nesta quarta-feira a barraca de protesto instalada há dois anos ao lado da residência do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
O chefe de Estado israelense recebeu a família do soldado em sua residência oficial, numa reunião em que agradeceu a Netanyahu pela "corajosa decisão" de devolver Shalit
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
Noam se encontrou nesta quarta-feira com o presidente israelense, Shimon Peres, pouco antes de visitar pela última vez a barraca, onde era esperado por dezenas de ativistas
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
"Esperamos muitos dias, semanas e anos até chegar este momento. Estamos ansiosos para ver Gilad. Queremos que ele volte à vida normal e que se recupere", disse Noam
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
"Sei que vocês passaram cinco anos sem dias nem noites, sem sentimentos nem descanso. Vocês são o orgulho de muitos pais e de muitos filhos", afirmou Peres
Foto: Ronen Zvulun / Reuters
Foto: Terra
Amigos e parentes do soldado Gilad Shalit se emocionam com notícia de que ele será libertado, em Jerusalém. Um acordo de troca de presos entre o Hamas e Israel determinou que o jovem israelense, mantido refém desde 2006 na Faixa de Gaza, poderá voltar para casa em alguns dias. O Hamas afirmou que 1.027 presos palestinos serão soltos em troca de Shalit
Foto: AFP
Aviva e Noam Shalit, pais de Gilad Shalit, esperam por mais notícias em meio a cartazes e objetos de protestos
Foto: AFP
O soldado Gilad Shalit, em foto sem data divulgada pela família dele
Foto: AP
Khaled Meshaal, líder do Hamas no exílio, fala a uma TV síria e confirma o acordo com Israel
Foto: AFP
Noam Shalit, pai do soldado israelense preso desde 2006, comemora com parentes e amigos, em Jerusalém
Foto: AFP
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fala sobre o acordo: "Apresentei ao governo um acordo que devolverá Gilad Shalit são e salvo a seus pais e a todo o povo de Israel em alguns dias"
Foto: AP
Foto: Terra
Soldados israelenses monitoram veículos que levam prisioneiros palestinos para serem libertados da prisão de Ketzion
Foto: AFP
Prisioneiro palestino observa de dentro do veículo carcerário, na primeira fase de troca de presos entre palestinos e israelenses
Foto: AFP
Armado, soldado trabalha na operação de libertação dos primeiros prisioneiros palestinos a serem soltos por Israel no acordo que envolve Gilad Shalit
Foto: AFP
Prisioneiro palestino faz sinal de vitória antes de ser libertado da prisão de Ketzion, em Israel
Foto: AFP
Veículos carcerários levam prisioneiros palestinos que serão libertados, em Ketzion, na primeira fase do acordo de troca de presos entre israelenses e palestinos. Israel publicou neste domingo os nomes dos primeiros 477 palestinos que serão soltos pela combinação feita com o grupo radical Hamas em troca do soldado Gilad Shalit
Foto: AFP
Foto: Terra
Noam Shalit, pai do soldado israelense preso na Cisjordânia, participa de audiência na Suprema Corte de Israel
Foto: AFP
Jovem mostra o retrato de um palestino preso por Israel, em protesto pela libertação dos prisioneiros, em Gaza
Foto: EFE
Mulher segura uma foto de um palestino que foi preso por forças israelenses, em protesto em Gaza
Foto: AFP
Muro tem pichações com os rostos de prisioneiros palestinos, em Kober, na Cisjordânia
Foto: AFP
Idosa segura o retrato de um familiar que foi preso pelas forças israelenses, em protesto em Ramallah
Foto: Reuters
Foto: Terra
Os primeiros prisioneiros palestinos começaram a deixar as prisões israelenses na madrugada desta terça-feira
Foto: Reuters
Um primeiro comboio deixou a prisão de Ketziot em direção à Cisjordânia levando 96 presos
Foto: AP
Mais de mil policiais foram posicionados ao longo do trajeto previsto para os ônibus
Foto: Reuters
Pais do soldado Gilad Shalit são escoltados até helicóptero que os levará até o local de encontro com o filho sequestrado
Foto: Reuters
Palestinos fazem festa pela libertação de centenas de prisioneiros que foram trocados pelo soldado israelense Gilad Shalit
Foto: Reuters
Gilad Shalit concede entrevista à TV estatal egípcia após ser libertado; soldado quer ajudar no processo de paz
Foto: AP
Prisioneiros palestinos celebram ao cruzarem de ônibus a fronteira do Egito com Gaza pela passagem de Rafah
Foto: Reuters
Foto divulgada pelas autoridades israelenses mostram o soldado Gilad Shalit conversando com sua família ao telefone
Foto: AFP
O premiê israelense, Benjamin Netanyhu (atrás), observa Noam Shalit abraçar o seu filho, o soldado Gilad Shalit, na base aérea de Tal Nof
Foto: GPO / AP
O premiê israelense, Benjamin Netanyhu (dir.), se encontra com o soldado Gilad Shalit na base aérea de Tel Nof
Foto: GPO / AP
Prisioneiros palestinos acenam após desembarcar no aeroporto de Esenboga, em Ancara, a capital turca
Foto: AFP
Em meio à poeira, helicóptero pousa com o israelense Gilad Shalit, que foi trocado por 1.027 palestinos