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Mundo

Egito: governo diz que violência não prejudicará eleições

10 out 2011 - 08h01
(atualizado às 08h25)
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O confronto de cristãos com a polícia militar no Cairo no domingo deixou ao menos 24 pessoas mortas, levando o gabinete de governo a convocar uma reunião emergencial e prometer que a violência não prejudicaria a primeira eleição do Egito desde a derrubada do presidente Hosni Mubarak.

Egípcios cristãos entram em confronto com soldados do Exército após manifestação em Cairo, onde vários veículos foram incendiados
Egípcios cristãos entram em confronto com soldados do Exército após manifestação em Cairo, onde vários veículos foram incendiados
Foto: AP

Os cristãos, minoria no país, protestavam sobre um ataque que ocorreu contra uma igreja. Eles incendiaram carros, queimaram veículos do Exército e atiraram pedras contra a polícia militar, que afirmou ter usado táticas coercitivas contra os manifestantes. O incidente foi um dos mais violentos desde o levante popular de fevereiro que derrubou o então presidente egípcio.

A violência lança uma sombra sobre a iminente eleição parlamentar. A votação começa em 28 de novembro e candidatos devem começar as inscrições nesta semana.

Os confrontos também aumentaram a crescente frustração de ativistas com o Exército, que muitos egípcios suspeitam querer manter o controle do país, mesmo depois de entregar a administração ao governo que será eleito. O Exército nega ter essa intenção.

"Esse é um dia sombrio na história militar. Essa traição, conspiração, assassinato", escreveu Magdy el-Serafy no Twitter, onde ele e outros egípcios expressaram frustração sobre a postura do Exército frente ao protesto.

O Ministério da Saúde disse que o número de mortos chegou a 24 e houve 213 feridos, segundo a agência de notícias local Mena. O ministério não identificou os mortos, mas a televisão estatal informou mais cedo que três soldados morreram no incidente.

O primeiro-ministro Essam Sharaf visitou o local próximo ao prédio da TV estatal onde os confrontos irromperam, disse a Mena, acrescentando que conversou com pessoas na área para saber a versão delas dos acontecimentos.

Os cristãos, que compõem 10% da população egípcia de 80 milhões de pessoas, foram às ruas depois de culpar muçulmanos radicais de destruir parcialmente uma igreja na província de Aswan, na semana passada. Eles também pediram a demissão do governador da província por não conseguir proteger o prédio.

Tensões entre cristãos e muçulmanos aumentaram desde o levante popular que provocou a queda de Mubarak. Mas ativistas muçulmanos e cristãos disseram que a violência no domingo não ocorreu por conta das diferenças sectárias, mas era uma manifestação contra a atitude do Exército diante do protesto.

O Exército impôs o toque de recolher na praça Tahrir, no Cairo, foco dos protestos que derrubaram Mubarak, e na região central do Cairo.

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