Egito: governo diz que violência não prejudicará eleições
O confronto de cristãos com a polícia militar no Cairo no domingo deixou ao menos 24 pessoas mortas, levando o gabinete de governo a convocar uma reunião emergencial e prometer que a violência não prejudicaria a primeira eleição do Egito desde a derrubada do presidente Hosni Mubarak.
Os cristãos, minoria no país, protestavam sobre um ataque que ocorreu contra uma igreja. Eles incendiaram carros, queimaram veículos do Exército e atiraram pedras contra a polícia militar, que afirmou ter usado táticas coercitivas contra os manifestantes. O incidente foi um dos mais violentos desde o levante popular de fevereiro que derrubou o então presidente egípcio.
A violência lança uma sombra sobre a iminente eleição parlamentar. A votação começa em 28 de novembro e candidatos devem começar as inscrições nesta semana.
Os confrontos também aumentaram a crescente frustração de ativistas com o Exército, que muitos egípcios suspeitam querer manter o controle do país, mesmo depois de entregar a administração ao governo que será eleito. O Exército nega ter essa intenção.
"Esse é um dia sombrio na história militar. Essa traição, conspiração, assassinato", escreveu Magdy el-Serafy no Twitter, onde ele e outros egípcios expressaram frustração sobre a postura do Exército frente ao protesto.
O Ministério da Saúde disse que o número de mortos chegou a 24 e houve 213 feridos, segundo a agência de notícias local Mena. O ministério não identificou os mortos, mas a televisão estatal informou mais cedo que três soldados morreram no incidente.
O primeiro-ministro Essam Sharaf visitou o local próximo ao prédio da TV estatal onde os confrontos irromperam, disse a Mena, acrescentando que conversou com pessoas na área para saber a versão delas dos acontecimentos.
Os cristãos, que compõem 10% da população egípcia de 80 milhões de pessoas, foram às ruas depois de culpar muçulmanos radicais de destruir parcialmente uma igreja na província de Aswan, na semana passada. Eles também pediram a demissão do governador da província por não conseguir proteger o prédio.
Tensões entre cristãos e muçulmanos aumentaram desde o levante popular que provocou a queda de Mubarak. Mas ativistas muçulmanos e cristãos disseram que a violência no domingo não ocorreu por conta das diferenças sectárias, mas era uma manifestação contra a atitude do Exército diante do protesto.
O Exército impôs o toque de recolher na praça Tahrir, no Cairo, foco dos protestos que derrubaram Mubarak, e na região central do Cairo.