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América Latina

Peronismo é foco de campanha eleitoral na Argentina

9 out 2011 - 21h55
(atualizado às 22h02)
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Estampado em cartazes do governo, a imagem de Juan Domingo Perón, três vezes presidente da Argentina, e de sua esposa, Eva Perón, circula sobre a apática campanha eleitoral, já que a atual disputa entre as diferentes famílias peronistas exploram a imagem do popular casal.

A marcha peronista, assim como a imagem de Perón e Evita, faz parte do folclore político argentino. No entanto, às vésperas das eleições do dia 23, ambas as figuras estão sendo retratadas pela campanha governista Frente Para Vitória (FPV), liderada pela atual presidente e candidata à reeleição, Cristina Fernandez de Kirchner, e também dos opositores "peronistas dissidentes".

"Cristina, favorita nas pesquisas eleitorais, soube reposicionar a imagem do general Perón (1946-1955/1973-1974) e de Evita, com citações, homenagens e programas de governo que reivindicam os tradicionais ideais peronistas", disse Lorenzo Pepe, secretário-geral do Instituto Juan Domingo Perón, em declarações à agência Efe.

"Todos os candidatos peronistas recorrem à figura de Evita e Perón. O peronismo permaneceu na memória coletiva dos argentinos. Mas, Cristina Kirchner é quem mais expressa essas idéias do movimento", afirmou Pepe.

Desde agosto, dois imponentes retratos de Evita, similares à imagem de Che Guevara na Praça da Revolução, em Cuba, estão estampados nas fachadas do prédio dos ministérios de Desenvolvimento Social e de Saúde.

Os rostos de Evita e Perón aparecem nos cartazes da coligação FPV, provocando a rejeição dos peronistas dissidentes, que também costumam usar a imagem dos ícones da política argentina.

"Evita foi uma mulher que significou muito, não só por ingressar as mulheres na política argentina e articular a revolução social mais importante do país. Foi importante por assumir a representação do povo e da pátria com mais paixão e amor do que ninguém", afirmou recentemente Cristina.

Assim como a atual presidente, a oposição também se manifesta peronista. "Eu venho para levantar a bandeira de Perón. Em sua época, tínhamos uma verdadeira igualdade de oportunidades", afirmou em um ato de campanha o ex-presidente e candidato presidencial Eduardo Duhalde (2002-2003), dirigente do peronismo dissidente.

"Fazem isso porque estão em campanha. Depois das eleições muitos companheiros (peronistas) seguramente vão se esconder atrás do governo", comentou Pepe, antes de fazer referência às homenagens ao casal no campo da arte.

Recentemente, o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa) ajudou a financiar o filme Juan e Eva, que relata a conhecida "história de amor" do casal. Também com contribuições do Incaa, o cinema argentino voltará a prestar homenagem a Evita com o filme Eva de La Argentina, que irá estrear no próximo dia 13.

Dirigido pela jornalista María Seoane, o longa-metragem é o primeiro filme de animação a focar a história de uma das mulheres mais populares da Argentina.

A FPV também soube explorar a imagem do casal na internet, apresentando inúmeras páginas relacionadas ao governo que exaltam o casal Perón, reconhecido até por dirigentes estrangeiros.

Caso do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que se interessou pelo peronismo quando visitou Buenos Aires no mês de agosto. Na ocasião, o presidente colombiano se reuniu com a presidente da Argentina para compartilhar um almoço no Museu do Bicentenário.

"Santos me perguntou o que era o peronismo. Tentei explicar seu surgimento de maneira imparcial, já que ele não abraça os ideais do estatismo sociabilizante em absoluto, afirmando que o político não pode ser todo Estado, nem todo mercado. Então Santos me olhou e me disse: 'Eu posso ser peronista. Eu vou aderir isso'", revelou Cristina Kirchner na inauguração do mural de Evita.

EFE   
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