Chanceler líbio diz que Kadafi já caiu e pede fim da luta
24 ago2011 - 19h33
(atualizado em 28/8/2011 às 13h18)
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O chanceler do regime de Muammar Kadafi, Abdelati Obeidi, disse nesta quarta-feira a um canal britânico de TV que a guerra civil no seu país está praticamente terminada, e pediu aos partidários de Kadafi que deixem de lutar. "Se eu estivesse no poder, diria a eles que depusessem suas armas", disse ele ao Channel 4.
Questionado sobre se sabia do paradeiro de Kadafi, ele declarou: "Não, não, não." O Channel 4 disse que Obeidi falou por telefone de uma casa em Trípoli. Afirmou que não estava em contato com outros ministros, e que não temia por sua segurança. Insinuou, além disso, que poderá ocupar alguma posição no futuro governo. Ele não disse se deixou oficialmente o seu cargo.
"Eles (rebeldes) têm uma boa ideia a meu respeito, eles me conhecem. Tenho certeza de que não irão fazer mal a mim ou à minha família. Pelo contrário, sinto que quando as coisas se acalmarem, poderemos conversar."
No mês passado, Obeidi esteve em Moscou em busca de uma solução pacífica para o conflito, que envolvesse todos os líbios. Na quarta-feira, ele disse que uma saída negociada seria altamente improvável. "O que me preocupa é a lei e a ordem e a estabilidade do povo. Espero que essas pessoas (rebeldes) sejam todas líbias, que não sejam estrangeiras - que não sejam ocupantes - e que as pessoas no nosso país tentem fechar essas feridas, superar a crise e iniciar suas responsabilidades. Elas são as responsáveis pelo país."
Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidadesestratégicas de leste a oeste.
"Ainda nem autorizei o uso de munição", observou o líder líbio Muamar Kadafi durante seu pronunciamento proferido nesta terça-feira pela TV estatal
Foto: TV Líbia / AFP
"Muamar Kadafi é o líder da revolução, Muamar Kadafi não tem nenhum posto oficial ao qual renunciar. Ele é o líder da revolução para sempre", repete ele sobre si mesmo; o discurso durou mais de uma hora
Foto: TV Líbia / AFP
"Permanecerei aqui, desafiador", disse, falando da sua residência de Bab al-Aziziya, bombardeada pelos Estados Unidos em 1986 e mostrada de tempos em tempos durante a transmissão
Foto: TV Líbia / AFP
"Que vergonha. Vocês são uma gangue? Liberem Benghazi. Larguem as armas, ou haverá um massacre", disse, enfatizando como os manifestantes estão "destruindo" o país
Foto: TV Líbia / AFP
"Qualquer uso de força contra a autoridade do Estado será sentenciado com a morte", repetia Kadafi enquanto consultava um caderno verde sobre o espaço legal para as sentenças
Foto: TV Líbia / AFP
"Se esses vermes continuarem, a Líbia vai retornar à escuridão dos anos 50", exaltava-se contra os manifestantes. "Vocês querem que os americanos venham e ocupem a Líbia como fizeram no Afeganistão?"
Foto: TV Líbia / AFP
"Muamar Gaddafi não é uma pessoa comum que você pode envenenar, ou contra a qual você pode liderar uma revolução", afirmava enquanto improvisava seu discurso em meio a notas que recebia de terceiros
Foto: TV Líbia / AFP
"O povo líbio está comigo", afirmou Kadafi, convocando seus partidários para uma manifestação na quarta-feira. "Capturem os ratos! Saiam de suas casas e ataquem!", gritou o ditador
Foto: TV Líbia / AFP
"Se vocês amam Kadafi, saiam às ruas da Líbia para protegê-las", falava ele em tentativa de dissuadir a população contra os supostos "inimigos"
Foto: TV Líbia / AFP
"Lutarei até a última gota de sangue com as pessoas atrás de mim", profetizava, enquanto repetia que não deixaria o país e que, se necessário, morreria como um "mártir"
Foto: TV Líbia / AFP
"Nós desafiamos a América com seu poder, nós até mesmo desafiamos o superpoder", afirmava para demonstrar o poder do governo da Líbio
Foto: TV Líbia / AFP
Durante mais de uma hora de improvisos e ameaças, Kadafi tentou demonstrou que aceita fazer concessões aos protestos, indicando que "uma nova adminstração será formada" e que "conselhos municipais" serão criados
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