PUBLICIDADE

América Latina

Há um ano, Chile encontrava mensagem dos mineiros soterrados

21 ago 2011 - 13h54
(atualizado às 14h09)
Compartilhar

"Estamos bem no refúgio, nós, os 33". Foi essa mensagem, escrita com um lápis vermelho, que anunciou ao mundo, há exatamente um ano, que os mineiros presos por 17 dias a mais de 600 metros de profundidade no norte do Chile estavam vivos.

Várias mensagens foram enviadas do fundo da mina, mas foi esse papelzinho, escrito pelo mineiro José Ojeda, que trouxe de volta as esperanças perdidas pelos operários que trabalhavam no resgate no dia 22 de agosto de 2010. O papel emergiu através de um estreito tubo que conseguiu contatar os mineiros no fundo da mina San José.

"Isso saiu hoje das entranhas da terra", declarou o presidente chileno Sebastian Pedirá, visivelmente emocionado, ao mostrar o papel. "É uma mensagem de nossos mineiros que nos dizem que estão vivos, que estão unidos", acrescentou, enquanto as famílias se abraçavam tomadas pela emoção.

A mensagem percorreu o mundo. Piñera enviou cópias para vários líderes mundiais e o texto virou símbolo da determinação e da garra de homens aferrados à sobrevivência.

Em 5 de agosto de 2010, quando se preparavam para almoçar nas profundezas da mina, um barulho ensurdecedor, seguido de uma nuvem de poeira, confirmou o que muitos temiam: a mina San José - explorada há mais de um século - estava cedendo e milhares de toneladas de pedras obstruíam seu acesso.

"Primeiro, sentimos o som quando a rocha caiu, depois veio um vento e muita poeira subiu. Pensei que não sairíamos mais", contou Jimmy Sánchez, o mais jovem do grupo de mineiros.

O desmoronamento, a 400 metros de profundidade, não atingiu nenhum dos mineiros que estavam mais abaixo. Eles tentaram sair por uma chaminé de ventilação, mas esta não tinha as escadas que os donos deviam ter colocado e não havia outra saída.

Eles se dirigiram, então, para um refúgio de segurança a 700 metros de profundidade, abastecido com provisões, mas ali havia apenas algumas latas de atum e um pouco de leite: tinham ficado sepultados, quase sem água e comida. A morte os rondava.

Mas, depois de localizados, começaram a ser alimentados com comida procedente do exterior. Conseguiram falar com suas famílias e teve início uma gigantesca operação de resgate, na qual colaboraram especialistas da Nasa.

Suas famílias, instaladas na parte de fora da jazida, primeiro levaram pequenas barracas, mas depois deram vida própria a uma cidade à qual batizaram de "Acampamento Esperança". Centenas de jornalistas viveram junto deles.

Três gigantescas máquinas perfuradoras começaram a escavar dutos mais largos até onde estavam os mineiros, em uma operação complexa. Até que, após 33 dias de perfurações, uma delas conseguiu chegar até onde estavam e cinco dias depois todos emergiram para a superfície, um a um, em uma cápsula de metal que os transportou por mais de 600 metros do fundo da mina.

"Passo o turno como tínhamos acertado. Espero que isto nunca mais volte a acontecer. Obrigado a todos", disse Luis Urzúa, chefe dos mineiros e último a deixar a jazida, ao presidente Piñera, que os aguardava na superfície.

"Acho que esta história é bonita. Deus faz as coisas por algum motivo", refletiu este mineiro, na entrada do duto.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade