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Europa

Em trem blindado, líder norte-coreano faz visita à Rússia

Em trem blindado, líder norte-coreano faz visita surpresa à Rússia

20 ago 2011 - 10h46
(atualizado às 12h04)
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O líder norte-coreano, Kim Jong-il, deixou neste sábado a Coreia do Norte a bordo de um trem blindado para fazer uma visita surpresa à Rússia, onde se reunirá com os as autoridades de Moscou e visitará a inóspita região siberiana onde nasceu em 1942.

O trem de Kim, de 69 anos, cruzou a fronteira de apenas 20 quilômetros que separa os dois países e prosseguiu sua travessia pela linha férrea da região de Amur, no extremo oriente russo, com rumo desconhecido.

Segundo as agências de notícias russas, o "amado líder", como é conhecido por seus súditos comunistas, deve passar uma semana em Amur - cuja capital é Vladivostok, onde já esteve em sua última visita à Rússia em 2002 - e na Sibéria.

Fontes diplomáticas informaram neste sábado ao jornal online Gazeta.ru que Medvedev se reunirá com Kim na próxima terça-feira na cidade de Ulan-Ude, capital da república siberiana budista da Buriátia, que limita ao sul com a Mongólia.

Kim, que tem enorme medo de viajar de avião e cujo estado de saúde despertou diversas especulações nos últimos anos, foi recebido na fronteira pelo governador regional e pelo representante do Kremlin no Extremo Oriente.

Por enquanto, ainda não se sabe se Kim viaja com seu filho mais novo, Kim Jong-un, o mais provável sucessor do regime de Pyongyang - e que, se um dia assumir o poder, representará a terceira geração da primeira dinastia comunista da história.

Também não se sabe se o líder se reunirá com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, com quem se encontrou em Moscou em 2001, durante sua primeira visita à Rússia, quando cruzou toda a Sibéria a bordo de um de seus seis luxuosos trens.

Na época, os dois países assinaram a Declaração de Moscou, na qual as duas partes defenderam o aumento da amizade e da cooperação bilateral após mais de uma década de distensão devido à queda da União Soviética (1991).

Segundo a imprensa local, Kim discutirá durante sua visita à Rússia sobre a crise nuclear coreana, cujas negociações multilaterais estão estagnadas desde 2008 devido aos testes atômicos realizados pelo regime de Pyongyang e por vários incidentes militares com Seul.

A Rússia propôs recentemente à Coreia do Norte a retomada das negociações de seis lados - realizadas entre Coreia do Sul, Coreia do Norte, Estados Unidos, Japão, China e Rússia - em troca da instalação de um gasoduto intercoreano.

Moscou considera que o gasoduto em questão - que seria um ramal do duto que une Khabarovsk com Vladivostok e a ilha de Sakhalin - pode servir como incentivo para reduzir as tensões no Paralelo 38, que separa as Coreias do norte e do sul.

Segundo a imprensa sul-coreana, Kim, que viajou à China em três ocasiões nos últimos meses, busca desesperadamente ajuda econômica para superar os graves problemas de escassez que atingem o país. Milhares de norte-coreanos trabalham do outro lado da fronteira com a Rússia como mão de obra barata em explorações agrícolas e madeireiras.

A Rússia, que administra junta à China o porto norte-coreano de Raijin, demonstra aparente disposição em construir uma rede elétrica intercoreana e uma ligação da ferrovia coreana à rede Transiberiana, a fim de promover o comércio bilateral.

Recentemente, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, anunciou o envio de 50 mil toneladas de grãos em ajuda à Coreia do Norte, onde grande parte da população vive na miséria, agravada pelas frequentes inundações provocadas pelo cultivo intensivo.

Qualquer visita de Kim ao exterior é sempre repleta de mistérios, devido à obsessão do líder norte-coreano por sua segurança pessoal, o que obriga a mobilização antecipada de dezenas de agentes e guarda-costas ao local de destino.

Para prevenir ataques terroristas, Kim viaja em um comboio com outros dois trens, um que segue à frente para inspecionar a segurança da ferrovia e outro que circula atrás repleto de agentes armados.

Segundo a imprensa sul-coreana, os trens de Kim até parecem hotéis móveis sobre trilhos, com salas de conferências, comunicação por satélite, luxuosos dormitórios, excelentes restaurantes e atividades de lazer.

Durante sua viagem à Rússia, Kim terá a oportunidade de visitar as imediações da cidade de Viatskoie, a cerca de 70 km de Khabarovsk, onde nasceu no dia 16 de fevereiro de 1942, segundo arquivos desclassificados da antiga União Soviética.

Viatskoie foi o esconderijo escolhido pela guerrilha norte-coreana que combatia o Exército imperial japonês e onde se refugiou também seu pai, Kim Il-sung, que contou com o apoio da KGB (inteligência soviética) para fundar a República Democrática Popular da Coreia do Norte em 1948.

A propaganda oficial na Coreia do Norte mantém o mito de que Kim Jong-il nasceu na montanha sagrada de Paekdu, situada na fronteira entre a Coreia e a Manchúria e, atualmente, destino obrigatório para centenas de milhares de norte-coreanos.

EFE   
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