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Oriente Médio

Líder palestino Marwan Barghuti adverte EUA sobre veto na ONU

18 ago 2011 - 17h35
(atualizado às 18h17)
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Marwan Barghuti, um dos mais populares líderes palestinos, preso em Israel, advertiu nesta quinta-feira os Estados Unidos sobre um possível veto americano ao pedido de adesão de um Estado Palestino à ONU. "O veto americano seria terrorismo e uma agressão contra a vontade da comunidade internacional, pois sabemos que oitenta por cento da humanidade apoia o Estado Palestino", disse Marwan Barghouti em uma entrevista exclusiva à AFP e intermediada por seus advogados.

Este personagem da Intifada (revolta) Palestina dos anos 2000 deu seu apoio à gestão do presidente Mahmud Abbas, que deve apresentar no dia 20 de setembro às Nações Unidas o pedido de adesão de um Estado de Palestino à ONU, pedindo o retorno às fronteiras de 4 de junho de 1967, ou seja, a totalidade da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental. Os palestinos, no entanto, têm se chocado com a oposição dos Estados Unidos, que ameaça frustrar o pedido palestino utilizando seu veto no Conselho de Segurança.

Tal veto "marcaria uma mudança nas relações entre Estados Unidos e Palestina", advertiu Barghuti. Um pedido de adesão na ONU deve ser validado pelo Conselho em breve. Segundo ele, "os Estados Unidos colocarão tudo a perder caso se oponham à comunidade internacional para defender a ocupação (israelense), a colonização e o sistema discriminatório e racista em Israel", explicou.

Barghuti, secretário-geral do Fatah na Cisjordânia, foi detido pelo Exército israelense em 2002 e condenado em junho de 2004 à prisão perpétua por um tribunal de Tel Aviv por envolvimento em atentados contra Israel. Popular entre os palestinos, ele é por vezes apresentado como um possível sucessor do presidente Mahmud Abbas. Na entrevista, Marwan Barghuti, de 52 anos, que defende agora uma "resistência pacífica", também renovou os pedidos de organização de manifestações populares em setembro para apoiar a causa palestina na ONU.

"Os árabes, o mundo muçulmano e todos os que amam a liberdade, a paz e a justiça, deveriam participar das marchas com milhões de manifestantes quando houver a votação na ONU", disse. "A batalha pela integração da Palestina à ONU não deve ser travada apenas pelo presidente (Mahmud Abbas), mas sim por todos os cidadãos, por todos os árabes, que devem lutar em seus respectivos lares", disse.

Barghuti considera que esta iniciativa representa uma oportunidade para os palestinos de "se libertarem por si mesmos". Ele admite que a integração de um Estado Palestino à ONU "não será suficiente para conceder aos palestinos seus direitos nacionais". "Estamos absolutamente persuadidos de que os esforços políticos e diplomáticos não conduzirão a nada sem uma resistência local", acrescentou.

Contudo, segundo ele, a resistência precisa desafiar "o monopólio americano sobre o pedido palestino e sobre a chantagem exercida por Israel", dirigindo-se diretamente à comunidade internacional. "É uma etapa importante, um passo adiante a uma nova estratégia de ação dos palestinos (...) e será uma mudança radical na maneira de lidar com Israel", disse.

No plano interno palestino, Marwan Barghuti considera "escandalosa" a divisão palestina, assim como condena o fracasso obtido até agora da tentativa de aproximação entre Fatah e o Hamas, que controlam a Faixa de Gaza, mesmo com o acordo de reconciliação conquistado em maio no Cairo. "Infelizmente, alguns dirigentes não compreendem que estamos numa etapa de libertação nacional e que para avançar necessitamos da unidade do povo palestino, de seus movimentos e de suas forças sociais e políticas contra a ocupação".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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