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América Latina

Vitória de Cristina leva oposição argentina a repensar estratégia

15 ago 2011 - 15h18
(atualizado às 16h29)
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A arrasadora vitória da presidente Cristina Kirchner nas inéditas eleições primárias da Argentina realizadas neste domingo desafia os candidatos de oposição a reverem sua estratégia para as eleições gerais de outubro. Cristina, que decidiu concorrer à reeleição, obteve 50,07% dos votos, quase 38 pontos percentuais de vantagem sobre o radical Ricardo Alfonsín, à frente de uma aliança com peronistas dissidentes, que recebeu 12,17% de apoio, conforme o balanço de 96,8% das urnas apuradas.

O ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), do peronismo dissidente ao Governo, ficou logo atrás de Alfonsín, com 12,16% dos votos, enquanto, em quarto lugar, ficou o governador da província de Santa Fé, o socialista Hermes Binner, com 10,26%. As primárias foram realizadas pela primeira vez no país para definir as listas de candidatos para cargos executivos e legislativos nas eleições gerais do dia 23 de outubro.

Satisfeita com o resultado, Cristina aproveitou para oferecer uma entrevista coletiva na sede do governo, onde insistiu no "salto qualitativo institucional" que as primárias significaram, destacou a participação "recorde" de 77,82% dos eleitores e considerou que sua vitória é "um reconhecimento à gestão". "Não concebo nenhuma campanha que não seja trabalhando, sobretudo quando alguém tem as mais altas responsabilidades institucionais do país", assinalou a líder, que destacou também sua boa relação com os sindicatos e considerou o Parlamento o local adequado para dialogar com outras forças políticas.

Foi "o furacão Cristina", admitiu nesta segunda-feira em declarações pela rádio o próprio Binner, que, no entanto, se mostrou "muito contente" com a quantidade de votos reunidos pela Frente Ampla Progressista que lidera. Segundo Binner, o radicalismo "se equivocou" em sua aliança com o candidato a governador da província de Buenos Aires Francisco de Narváez, do peronismo dissidente, que obteve no maior distrito do país 16,7% dos votos, atrás do atual líder provincial, Daniel Scioli, que reforçou sua plataforma para conseguir a reeleição com o 50,24% dos votos.

"Nem tudo vale, nem tudo é o mesmo, nem tudo se compra nem se vende. Há somas que diminuem e há diminuis que somam. Os ideais e as propostas são as que devem nos guiar. É preciso tê-las em conta no momento de construir uma proposta crível para o povo", avaliou Binner ao questionar a aliança de Alfonsín. Para o candidato a deputado Federico Pinedo, do movimento conservador Proposta Republicana (PRO), o triunfo de Cristina implica "um significativo voto de punição à oposição por não ter gerado uma alternativa realmente competitiva".

O líder da força opositora PRO, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, ligou à governante para cumprimentá-la por sua vitória, um gesto qualificado como "ótimo" pela chefe de Estado. A oposição tem pela frente "uma tarefa de diálogo e abertura" para conseguir "uma mudança qualitativa" para as eleições gerais, avaliou Pinedo.

Alfonsín e Duhalde reconheceram neste domingo à noite a boa eleição de Cristina, mas buscaram dirigir seu discurso visando às eleições de outubro, para as quais sonham em chegar ao segundo turno com a governante. Os dois candidatos, que apostavam nessas primárias a "polarizar" a eleição com Cristina, não cogitam a possibilidade de ganhar em primeiro turno, levando em conta que se precisa de 45% dos votos ou de 40% com 10 pontos de diferença sobre o segundo mais votado para conseguir esse objetivo.

Já os candidatos do Governo a cargos legislativos também ganharam na maioria das províncias, enquanto Cristina venceu em distritos importantes que não tinham resultado favoráveis ao governo em eleições a governador, como Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé. Nessas primárias, implementadas por uma reforma política de 2009, todas as forças políticas deveram reunir 1,5% dos votos válidos para poder concorrer nas eleições gerais.

Este nível mínimo requerido fez com que os candidatos Alcira Argumedo, Darío Pastore e José Bonacci ficassem de fora do pleito de outubro, que terá sete candidatos em disputa.

EFE   
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