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Oriente Médio

Onda de protestos em Israel aumenta pressão sobre Netanyahu

1 ago 2011 - 10h34
(atualizado às 11h12)
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A onda de protestos em Israel continua crescendo, depois que nesta segunda-feira uma greve das autoridades municipais do país e outra convocada pelo Facebook aumentaram a pressão sobre o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.

No sábado passado, 150 mil pessoas saíram às ruas na maior manifestação de caráter social já registrada no país e o movimento ganhou o apoio das autoridades municipais de Israel, o que levou à convocação de uma greve de 24 horas. Por causa da paralisação, nesta segunda-feira as autoridades não prestarão serviços aos escritórios governamentais.

Além disso, não haverá limpeza nas ruas nem coleta de lixo. O protesto foi convocado pela União de Autoridades Municipais, organização que representa 265 autoridades locais. "Trata-se de um amplo protesto social ao qual não podemos nos opor. Estou orgulhoso pelo fato de prefeitos de todas as partes do país estarem apoiando a população e se somarem à sua justa luta", disse o presidente da organização, Shlomo Bohbot, em comunicado.

Jerusalém não se unirá à iniciativa por ser contra ações que prejudiquem a população, apesar de se identificar com o protesto contra o preço das moradias, enquanto Tel Aviv optou por abrir seus escritórios por menos horas nesta segunda-feira. A greve coincide com outra convocada através do Facebook, no qual 23,5 mil pessoas anunciaram que não irão trabalhar nesta para reivindicar "justiça social".

Os organizadores devem se reunir na tarde desta segunda-feira no parque Hayarkon de Tel Aviv para realizar um debate aberto sobre o conceito de justiça social. "Se algum empregador despedir alguém, terá que enfrentar 22 mil pessoas. Espero que todo mundo participe da greve", disse o organizador da iniciativa, Tzvika Besor.

As duas convocações fazem parte das manifestações que começaram no último dia 14 com um protesto em Tel Aviv pelos preços dos imóveis e que foram se estendendo a diversos setores da população. Médicos, estudantes, jovens, criadores de gado e pais de família uniram suas forças em um protesto que está aumentando a pressão sobre Netanyahu, que recentemente apresentou uma proposta para tornar os imóveis mais acessíveis que não conseguiu conter as manifestações.

Em entrevista coletiva em seu escritório nesta segunda-feira, o governador do Banco de Israel, Stanley Fischer, qualificou como uma "surpresa" o alcance das mobilizações, segundo a edição digital do jornal The Jerusalem Post. "A economia está em uma situação muito boa, com a menor taxa de desemprego desde 1987", completou.

O Estado judeu quase não sentiu a crise financeira internacional e tem uma taxa de desemprego de 5,7%, mas seu modelo de crescimento na última década aumentou a disparidade entre ricos e pobres, deixou os salários baixos e levou a um aumento do valor dos imóveis. No domingo, milhares de trabalhadores da área de saúde também protestaram em frente ao Parlamento em Jerusalém.

Por causa dos protestos de sábado, Netanyahu anunciou no domingo a criação de uma equipe para negociar com os "indignados". O chefe do Executivo tenta lidar com uma situação que já levou à renúncia do diretor-geral do Ministério das Finanças, Haim Shani, descontente com a falta de organização na resposta governamental à crise.

Por enquanto, o primeiro-ministro preferiu evitar outra alta de preços que pudesse gerar mais conflito, uma decisão que custará aos cofres públicos 80 milhões de shekels (US$ 23,3 milhões).

EFE   
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