Primavera Árabe prova resistência após 7 meses de protestos
24 jul2011 - 10h45
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Nessa semana, completaram-se sete meses do início das revoltas no mundo árabe. O marco é o dia 17 de dezembro, quando Bouazizi, um jovem trabalhador tunisiano, imolou-se em protesto contra o governo. Desde então, o Norte da África e o Oriente Médio se transformaram em palco de protestos constantes, levando à queda dos governos da Tunísia e do Egito. Mais recentemente, todavia, Líbia, Síria e Iêmen têm demonstrado maior resistência ante as reivindicações populares e mostram ser casos bem diferentes.
Por um lado, o impasse vivido nestes últimos países mostra os limites das suas populações, pouco unificadas, em desafiar seus respectivos governos. Por outro, a longevidade dos protestos, mesmo sem ganhos concretos, prova a força e a solidez do processo em curso. Em meio a gritos, intervenções e mortes, a Primavera Árabe do início do ano pode até perder intensidade, mas não dá sinais de que irá parar. Abaixo, um resumo dos últimos e principais acontecimentos dos países mais afetados pela onda que atinge os longevos governos da região.
O ápice dos protestos na Tunísia foi a virada do ano. Impulsionada e unida pela imolação e pela morte de Bouazizi, a população tunisiana foi às ruas e derrubou o presidente Zine El Abidini Ben Ali, que fugiu em 14 de janeiro. Desde então, o país vive os esforços da constituição de um novo governo, em meio a demissão e a acusação de antigos membros, como o próprio Ben Ali. Uma Assembleia Nacional Constituinte, inicialmente marcada para 24 de julho, foi adiada para outubro.
Egito
Os egípcios reagiram com rapidez à revolta tunisiana, inciando em 25 de janeiro uma onda massiva de prostos que se estendeu até 11 de fevereiro, com a renúncia do presidente Hosni Mubarak. De modo similar à Tunísia, o Egito, liderado pelos militares, passa agora pelo longo e trabalhoso processo de formação de um novo governo. Nele, a formação de uma nova Constituição tem papel chave. Mubarak (atualmente internado num hospital em Sharm el-Sheikh) e seus filhos serão julgados em agosto. As eleições legislativas, incialmente convocadas para setembro, devem realizadas ainda neste ano.
Líbia
A complexidade do conflito da Líbia reflete a longevidade do contestado líder Muammar Kadafi, no poder há mais de 40 anos. Os protestos começaram em meados de fevereiro para se transformar numa guerra civil entre os rebeldes, do leste, e forças de Kadafi, no oeste. A gravidade do conflito levou a ONU a autorizar uma intervenção internacional, liderada pela Otan, no final de março. Atualmente, a situação é de impasse, com a pressão rebelde e internacional aumentando e Kadafi dando provas de que não irá deixar o país.
Iêmen
Os protestos no Iêmen começaram no final de janeiro e enfrentam uma forte resistência do governo. Em março, a oposição tentou negociar uma transição, que passou pelo governo, mas esbarrou no presidente Saleh. Em junho, um ataque ao palácio presidencial feriu Saleh, que fogiu para a Arábia Saudita, onde permanece até hoje sob tratamento.
Síria
Os protestos do sírios tiveram o primeiro sucesso em abril, quando a lei de emergência do país, então vigente havia 48 anos, foi suspensa. Depois, todavia, os manifestantes continuaram a sofrer com a repressão oficial e iniciaram um êxodo de refugiados à vizinha Turquia. Em 11 de julho de 2011, as embaixadas americana e francesa de Damasco são atacadas; os governos de EUA e França culpam governo pelo incidente.
23 de março - Manifestantes contrários ao governo sírio comemoram o avanço dos protestos, na cidade de Daraa
Foto: AP
23 de março - Homem passa por pneus que foram queimados por manifestantes antigoverno, em Daraa
Foto: AP
23 de março - Cinegrafista filma imagens de prédio que foi destruído durante os conflitos entre opositores e militares
Foto: AP
23 de março - Soldados examinam uma ambulândia que foi atacada, segundo a TV estatal, em Daraa
Foto: AP
23 de março - Pneus são queimados por opositores ao governo e bloqueiam rua, na cidade síria de Daraa
Foto: AP
23 de março - Soldado faz guarda em frente a prédio do governo que foi incendiado por manifestantes, em Daraa
Foto: AP
29 de março - Milhares de apoiadores de Bashar al-Assad tomam praça em Damasco, em protesto a favor do governo
Foto: AFP
29 de março - Mulheres participam de manifestação de apoio ao presidente Bashar al-Assad, em Damasco
Foto: AFP
29 de março - Homens sobem em luminária com cartazes de apoio ao presidente sírio, em Damasco
Foto: AFP
29 de março - Apoiadores de Bashar al-Assad seguram bandeira em protesto a favor do governo, em Damasco
Foto: AFP
29 de março - Mulher faz sinal de vitória com os dedos pintados em protesto a favor do presidente, em Damasco
Foto: AP
1º de abril - Manifestantes antigoverno marcham e pedem a saíra do presidente Bashar al-Assad do poder, em Qamishli
Foto: AFP
1º de abril - Manifestantes levaram cartazes e pediram a renúncia do presidente, Bashar al-Assad
Foto: AFP
1º de abril - Opositores ao governo sírio marcham em protesto, em Qamishli
Foto: AFP
1º de abril - Manifestantes antigoverno realizam marcha de protesto na cidade de Qamishli
Foto: AFP
17 de abril - Manifestantes fazem protesto na cidade de Sueida, onde pelo menos cinco pessoas ficaram feridas quando partidários do regime no poder dispersaram a manifestação
Foto: Reuters
17 de abril - Carro fica queimado após protesto em Banias
Foto: Reuters
17 de abril - Moradores de Banias gritam palavras de ordem contra o governo
Foto: Reuters
17 de abril - Em Amã, manifestantes pedem a saída do presidente
Foto: Reuters
17 de abril - Na Bulgária, menino descendente de sírios participa de manifestação em favor do presidente da Síria
Foto: AP
19 de abril - Manifestantes carregam os caixões do general Abdo Khodr al-Tellawi, de seus dois filhos e de seu sobrinho durante o funeral, em Homs
Foto: AFP
22 de abril - Tropas de segurança do governo atiraram contra manifestantes, deixando mortos e feridos
Foto: AFP
22 de abril - Protestos se intesificam na Síria um dia depois que Assad declarou o fim do estado de emergência
Foto: Reuters
22 de abril - "Nós queremos liberdade" diz cartaz segurado por manifestante durantes os protestos desta sexta-feira
Foto: AFP
23 de abril - Em Homs, um homem ferido recebe ajuda de outros manifestantes ao seu redor
Foto: Reuters
23 de abril - Em Douma, manifestantes contrários ao governo seguram uma bandeira ensanguentada durante um funeral de um rebelde
Foto: AP
25 de abril - Rebelde joga pedra contra tanque durante invasão militar da cidade de Deraa
Foto: Reuters
25 de abril - Rebelde joga pedra contra tanque durante invasão militar da cidade de Deraa
Foto: Reuters
25 de abril - Rebelde joga pedra contra tanque durante invasão militar da cidade de Deraa
Foto: Reuters
26 de abril - Em foto divulgada pela agência Sana, parentes velam o jovem Basil Hamadeh, morto em protestos, em Jableh
Foto: AFP
28 de abril - Em foto divulgada pela agência Sana, soldados carregam o caixão de Mohammed Sobhi Busian, militar morto nos conflitos, em Damasco
Foto: AFP
5 de maio - O chanceler italiano, Franco Frattini, anunciou que Itália e EUA pediram o fim da violência na Síria, após uma reunião com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em Roma
Foto: AP
11 de maio - Imagem captada por um telefone celular mostra cidadãos protestando contra o governo em Qamishli, em 10 de maio
Foto: AP
31 de julho - Foto retirada de filmagem disponibilizada no You Tube mostra cidadãos sírios buscando proteção após terem supostamente sido atingidos por forças de segurança na cidade de Hama
Foto: You Tube / AFP
1º de agosto - Imagem da rede de televisão Al Arabiya mostra manifestantes sírios em protestos do dia 31 de julho contra o Exército
Foto: EFE
1º de agosto - A cidade de Hama, foco de recentes conflitos da Síria, aparece tomada por cortina de fumaça após operação do Exército. A imagem é da rede Al Arabiya
Foto: EFE
1º de agosto - Imagem feita pelo grupo Shams News Network, crítico do regime de Bashar al-Assad, mostra tanques ocupando a parte central de Hama
Foto: AP
1º de agosto - Frame da transmissão da Al Arabiya mostra manifestantes ajudando pessoa ferida durante operação do Exército contra passeata de críticos do regime de Bashar al-Assad
Foto: EFE
1º de agosto - Imagem retirada de vídeo disponibilizado no You Tube no dia 1º de agosto mostra tanques sírios patrulhando a cidade de Hama
Foto: You Tube / AFP
2 de agosto - Imagem feita pela televisão estatal síria e divulgada pela agência Sana mostra corpos de soldados sendo levados por rebeldes para serem jogados no rio Orontes, em Hama
Foto: AFP
2 de agosto - Montagem de imagens a TV estatal divulgada pela agência Sana mostra soldados mortos sendo jogados no rio Orontes por rebeldes, na cidade de Hama
Foto: AFP
2 de agosto - Em imagens da TV estatal divulgadas pela agência Sana, rebeldes armados tomam posição na cidade de Hama
Foto: AFP
2 de agosto - O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Mike Mullen, dá entrevista em Bagdá e pede um fim rápido à violência na Síria. Mullen também afirmou, no entanto, que é improvável que os EUA fossem além da pressão diplomática para interferir no país asiático
Foto: Reuters
5 de agosto - Calma de Hama teria sido conseguida após intensos confrontos entre o Exército e os rebeldes, chamados de "terroristas" pelo governo; de acordo com a agência Reuters, a repressão persiste no país, apesar do ambiente desértico das imagens da agência síria
Foto: Agência Sana / EFE
5 de agosto - A escalada da violência em Hama quebrou o silêncio que o Conselho de Segurança da ONU vinha mantendo em relação à Síria, fazendo-o condenar oficialmente, na quarta-feira (3 de agosto) a repressão aos manifestantes sírios
Foto: Agência Sana / EFE
5 de agosto - As imagens da agência síria apontam para um ambiente desértico na cidade, cenário de intensos conflitos nos últimos dias. Estima-se que até 135 tenham morrido deste o último domingo
Foto: Agência Sana / EFE
5 de agosto - Fotos liberadas nesta sexta-feira pela agência estatal síria Sana mostra barricada montada em Hama, após supostos confrontos entre forças do governos e os rebeldes críticos do regime de Bashar al-Assad